Intársia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Um dos bancos do coro da Catedral de Tréveris, na Alemanha.

Intársia é uma forma de ornamentação em madeira através de incrustação (embutimento) similar à marchetaria. O termo é também utilizado para designar uma técnica similar utilizando pedras pequenas e muito polidas encaixadas em uma matriz de mármore (veja pietre dure).

História[editar | editar código-fonte]

Intársia
Painéis em intársia do norte da Itália, Musée des Arts Décoratifs, em Paris

A técnica da intársia embute pedaços de madeira (às vezes em conjunto com marfim ou osso ou ainda madrepérola para aumentar o contraste) numa matriz de pedra sólida em pisos e parede ou no tampo de mesas ou de outros tipos de mobília. A marchetaria, por outro lado, revela seus padrões a partir de folheados de madeira colados sobre uma matriz sólida. Acredita-se que a palavra "intársia" seja derivada do termo latino "interserere", que significa "inserir".

Quando o Egito passou para o controle dos omíadas no século VII, a artes locais da intársia e da incrustação em madeira, que se prestavam à decoração não figurativa e a padrões ladrilhados, se espalharam por todo o Magrebe[1]. A técnica da intársia já havia sido aperfeiçoada no norte da África islâmico antes de ser introduzida à Europa cristã através da Sicília e da Andaluzia. Ela se desenvolveu ainda mais em Siena e na mãos dos mestres sienenses da Catedral de Orvieto, que introduziram pela primeira vez a intársia figurativa em cerca de 1330. A expansão continuou pelo século XV e XVI, especialmente no norte da Itália, mas também nos principais centros da Alemanha e de Londres, para onde foi levada por artesãos flamengos no final do século XVI[2]. Os exemplos mais elaborados da intársia são os gabinetes desta época, que eram móveis de alto luxo e de grande prestígio[3]. Depois de cerca de 1620, a marchetaria passou a suplantar a intársia.

Processo[editar | editar código-fonte]

A intársia é uma técnica de carpintaria que utiliza pedações de madeira de vários tipos, formatos e tamanhos encaixados juntos para criar uma imagem similar a de um mosaico com a ilusão de profundidade. Uma peça é criada através da seleção de diferentes tipos de madeira, aproveitando suas granularidades e cores naturais (embora seja comum o uso de corantes e tintas) para criar variações num padrão. Depois de selecionadas as madeiras, cada pedaço é então cortado individualmente no formato desejado e finalizado. Às vezes, certas partes do padrão são erguidas em relação à base para acentuar o efeito de profundidade. Depois que cada um dos pedaços individuais ficar pronto, eles são encaixados como um quebra-cabeça e colados à base de madeira que é, às vezes, recortada no formato exterior da imagem, geralmente com o objetivo de criar um efeito tri-dimensional.

A intársia em mármore (opere di commessi), chamada pietra dura, é a mesma técnica utilizando pedras coloridas embutidas em mármore branco ou negro. Exemplos primitivos em Florença datam de meados do século XV e a técnica teve seu apogeu de refino e complexidade na Capela Médici, produzida por encomenda dos Médici pelo chamado "Opificio delle Pietre Dure", fundado por Fernando I de Médici. No início do século XVII, a técnica passou por novos desenvolvimentos em Nápoles. O piso da Basílica de São Pedro é um exemplo particularmente notável da intársia em mármore. Posteriormente, esta forma de decoração tornou-se uma característica da decoração de interiores do barroco, particularmente do barroco siciliano depois do terremoto de 1693.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. MS Dimand, "An Egypto-Arabic Panel with Mosaic Decoration" The Metropolitan Museum of Art Bulletin, 33.3 (March 1938:78-79)
  2. Antoine Wilmering, "Domenico di Niccolò, Mattia di Nanni and the Development of Sienese Intarsia Techniques Domenico di Niccolò, Mattia di Nanni and the Development of Sienese Intarsia Techniques", The Burlington Magazine 139 No. 1131 (June 1997:376-97).
  3. Ángeles Jordano, "The Plus Oultra Writing Cabinet of Charles V: Expression of the Sacred Imperialism of the Austrias", Journal of Conservation and Museum Studies 9 (2011:14-26), doi:10.5334/jcms.91105.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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