Instituto Agronômico de Campinas – Wikipédia, a enciclopédia livre

Instituto Agronômico de Campinas
Instituto Agronômico de Campinas
Tipo de instituição instituto, editor de acesso aberto
Localização Campinas
Brasil
22° 53' 32.147" S 47° 3' 53.311" O
Mapa
Website oficial

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, tem sua sede no município de Campinas. Fundado em 1887 pelo imperador D. Pedro II, recebeu a denominação de Imperial Estação Agronômica de Campinas e, em 1892, passou para o Governo do Estado de São Paulo, que durante a primeira metade do século XX, fomentou a criação dos institutos científicos, resultando em um marco na história do estado, devido ao seu papel inovador e às suas ligações com o desenvolvimento industrial e econômico.[1]

A Instituição tem como missão gerar e transferir Ciência e Tecnologia para o Negócio Agrícola, visando à otimização dos sistemas de produção vegetal e ao desenvolvimento sócio-econômico com qualidade ambiental. Sua atuação garante ainda a oferta de alimentos à população e matéria-prima à indústria, cooperando para a segurança alimentar e para a competitividade dos produtos no mercado interno e externo.[2]

Funcionários do IAC (década de 1910)

Em 1978, o IAC tinha 3 mil funcionários,[3] número reduzido a 172 pesquisadores científicos e 391 funcionários de apoio, em 2005.[2] O IAC tinha 30 unidades em outros municípios, em 1998,[4] número que igualmente sofreu forte redução passando a 4 unidades em outros municípios, em 2005.[5] Devido à perda, com falta de reposição de pesquisadores científicos e funcionários de apoio, bem como de estrutura e recursos financeiros de modo geral, tem sido apontado um desmonte da instituição de pesquisa.[1][3][6][7]

Pesquisa Agrícola[editar | editar código-fonte]

Painel com foto aérea da Fazenda Santa Elisa

O programa de pesquisa do Instituto Agronômico (IAC) consiste na execução de cerca de 645 projetos de pesquisa, dentro de praticamente todos os programas executados pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Destacam-se ações nas cadeias de produção do café, citros, cana-de-açúcar, grãos e fibras em geral, horticultura de mesa, envolvendo olerícolas, frutas frescas e flores, bem como nas áreas básicas de solo e clima, fitossanidade vegetal, mecanização agrícola, etc., com objetivos de fornecer subsídios técnicos às áreas básicas de desenvolvimento sustentável e agricultura familiar. Os projetos, realizados mediante ensaios e testes no campo, em casas de vegetação e em laboratórios, resultam em novos cultivares, novas tecnologias ou novos processos.

Fitotecnia e Melhoramento de Culturas[editar | editar código-fonte]

Resultados expressivos têm sido obtidos na área de melhoramento genético e técnicas culturais. Mais de quinhentos cultivares foram colocados à disposição da lavoura paulista e brasileira no decorrer dos 118 anos de atividade, fornecendo material para alimentação humana e animal, para indústria e para fins ornamentais e medicinais. Os laboratórios de ciências biológicas desenvolvem técnicas modernas, constituindo recursos para a aceleração dos trabalhos de seleção e melhoramento genético das culturas, abreviando o período que vai desde a concepção de um projeto de pesquisa até a disponibilidade da tecnologia ao produtor.

Solo e Clima[editar | editar código-fonte]

As pesquisas básicas e aplicadas no sistema solo-planta-atmosfera envolvem reconhecimento dos tipos de solo, estudos de adubação e nutrição de plantas, irrigação e conservação do solo, visando a sua máxima produção econômica, sem degradá-lo, e preservando a qualidade do ambiente. Levantamentos do meio físico com o uso de técnicas de sensoriamento remoto e inventários climáticos são integrados, visando gerar mapeamentos através do Sistema Geográfico de Informações (SGI), fornecendo subsídios para a orientação do agricultor no planejamento agrícola e para a segurança ambiental. A diversidade das condições climáticas no Estado tem sido avaliada por arquivos de informações agrometeorológicas centenários, orientando os usuários em geral quanto à potencialidade agrícola regional.

Engenharia Agrícola[editar | editar código-fonte]

Os laboratórios da Engenharia Agrícola realizam estudos sobre maquinaria agrícola, dinamometria e materiais. Suas ações estão voltadas para a viabilidade de tecnologias adaptadas, desenvolvimento e protótipos de máquinas agrícolas e mecanismos visando aumentar sua eficiência agrícola, ensaios para avaliação do seu desempenho, adequação de implementos à fonte de potência, adequação da máquina agrícola às necessidades da cultura e fontes alternativas de energia aplicadas à agricultura. Destacam-se, ainda, seus estudos comparativos de pneus agrícolas, mecanização com tração animal, pulverização de culturas e utilização de energia solar na secagem de grãos e desinfecção de solos para viveiros.

Ciências Biológicas[editar | editar código-fonte]

Os laboratórios de botânica, citologia e citogenética, biotecnologia, fisiologia de plantas, fitoquímica, biologia molecular, fitopatologia, entomologia, virologia, nematologia e tecnologia de sementes, fibras e fios, desenvolvem pesquisas básicas e aplicadas, para suporte aos trabalhos de fitotecnia e melhoramento de plantas, visando à obtenção de cultivares mais produtivos, com características agronômicas e de qualidade superior, e também mais resistentes a pragas, doenças e condições adversas do ambiente de cultivo. visam, também, ao desenvolvimento de novas técnicas de sanidade para proteção das plantas cultivadas.

Produção de Bens e Prestação de Serviços[editar | editar código-fonte]

Fachada do prédio do IAC

Através da produção de bens e prestação de serviços, o IAC tem uma ação mais direta sobre a agricultura, tornando-se, assim, conhecido pela comunidade. Embora essa atuação resulte da ação da pesquisa, a qualidade dos serviços prestados e dos bens produzidos faz com que assuma relevante papel na vida da Instituição e represente seu melhor cartão de visitas. Muitos dos serviços prestados servem de padrão de qualidade a outras instituições ou laboratórios do Estado e do País.

Produção de bens[editar | editar código-fonte]

  • Sementes genéticas e básicas de cultivares melhorados;
  • Borbulhas e estacas de plantas sadias;
  • Batatas-sementes;
  • Mudas de morango livres de vírus;
  • Mudas de citros microenxertadas e livres de vírus;
  • Inoculantes para fixação biológica do nitrogênio e fungos micorrízicos.

Prestação de serviços[editar | editar código-fonte]

  • Análise química de solos e plantas;
  • Análise tecnológica de fibras e fios;
  • Análise tecnológica de sementes;
  • Análise sanitária de sementes e plantas.
  • Análise de produtos vegetais:
    • Identificação de material botânico e informações técnicas;
    • Introdução, quarentena e intercâmbio de germoplasma;
    • Testes de tratores e motores;
    • Informação agrometeorológica;
    • Planejamento de uso agrícola da terra.

Devido ao seu valor histórico, científico, cultural, ambiental e/ou arquitetônico, a sede do IAC, incluindo suas edificações, mobiliário, estufas e Arboreto do Parque, localizados na Avenida Barão de Itapura, no. 1 481 são bens tombados[8][9] pelo Condepacc - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas, bem como a Mata Santa Elisa,[10] área florestal remanescente, localizada na Fazenda Santa Elisa, área experimental do IAC, localizada na Avenida Theodureto de Almeida Camargo, 1500.

Difusão de Tecnologia e Treinamento[editar | editar código-fonte]

Publicações Técnico-Científicas[editar | editar código-fonte]

A divulgação dos trabalhos técnico-científicos[11] e demais informações geradas na Instituição é feita por meio de publicações do IAC, tais como Boletim Técnico, Boletim científico e Documentos IAC; e dos periódicos "Bragantia" - Revista de Ciências Agronômicas (aberta à comunidade científica para a publicação de artigos originais e indexada no Brasil e no exterior), e "O Agronômico" - Boletim técnico informativo (que divulga a Instituição e fatos correlatos, em linguagem clara e informal).

A difusão de tecnologia do IAC também se traduz por Cursos, Dias de Campo, Ciclo de Palestras, Seminários, Simpósios e outros eventos, para público dos mais variados interesses, contando com palestrantes da própria Instituição e de outras, buscando, assim, transferir os mais recentes conhecimentos aos usuários.

Biblioteca[editar | editar código-fonte]

O IAC conta com uma Biblioteca especializada na área de Agronomia, com cerca de 33 000 exemplares de livros, 81 300 Boletins e 2 860 títulos de periódicos, sendo considerada uma das mais representativas e antigas do Brasil.

Estágios[editar | editar código-fonte]

São oferecidos pelo Instituto Agronômico estágios para profissionais e estudantes de nível superior nas áreas de Agronomia, Biologia e outras correlatas com sua atuação. Em casos específicos, abre vagas de estágios em especialidades de nível médio, como técnico de laboratório, técnico agrícola, técnico de computação e outras.

Pós-graduação[editar | editar código-fonte]

O curso de Pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico (IAC), referendado pela CAPES com nota 5, tem como objetivo a formação de pesquisadores, docentes e profissionais especializados, ao nível de MESTRADO. Podem ser candidatos ao curso engenheiros agrônomos, engenheiros agrícolas, biólogos e outros profissionais portadores de diplomas universitários que desenvolvam atividades relacionadas com as ciências agronômica e ambiental. O curso tem duração de dois anos, com ingresso anual e início do ano letivo em março. Os aluno deverão completar um mínimo de 140 créditos, sendo 50 em disciplinas e trabalhos e 90 pela Dissertação. Os alunos deverão ter créditos em disciplinas obrigatórias da área de concentração e os restantes, cursando disciplinas optativas da própria área de concentração, de domínio conexo de outros cursos do IAC e/ou de outros cursos de Pós-graduação.

O curso de Pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico (IAC) tem três Áreas de Concentração:

  • Gestão de Recursos Agroambientais;
  • Genética, Melhoramento e Biotecnologia Vegetal;
  • Tecnologia da Produção Agrícola.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Outros institutos no Governo do estado de São Paulo:

Referências

  1. a b Santos, Gildo Magalhães dos (abril 2005). «Scientific research in the biosciences in São Paulo: beyond institutions». História, Ciências, Saúde-Manguinhos. 12 (1): 51–67. ISSN 0104-5970. doi:10.1590/S0104-59702005000100004 
  2. a b «FAPESP :: Links - IAC - Instituto Agronômico de Campinas». www.fapesp.br. Consultado em 10 de dezembro de 2017 
  3. a b Polycarpo, Cecília. «Pesquisadores condenam mudança de acervo do IAC». Correio Popular 
  4. Orlando Melo de Castro. 1999. A rede de estações experimentais do IAC. O Agronômico, Campinas, 51(2,3). 
  5. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  6. «REPORTAGEM ESPECIAL: Institutos de Pesquisa de SP perdem metade de seus funcionários e sofrem para manter vivo seu patrimônio científico e intelectual». Herton Escobar 
  7. «Desmonte dos institutos públicos de pesquisa do Estado de São Paulo: denúncia antiga». MOVIMENTO PELA CIÊNCIA&TECNOLOGIA PÚBLICA. 29 de março de 2017 
  8. «Patrimônio Histórico e Cultural > Cultura > Governo | Prefeitura Municipal de Campinas». www.campinas.sp.gov.br. Consultado em 10 de dezembro de 2017 
  9. «Patrimônio Histórico e Cultural > Cultura > Governo | Prefeitura Municipal de Campinas». www.campinas.sp.gov.br. Consultado em 10 de dezembro de 2017 
  10. «Patrimônio Histórico e Cultural > Cultura > Governo | Prefeitura Municipal de Campinas». www.campinas.sp.gov.br. Consultado em 10 de dezembro de 2017 
  11. Ramos Filho, L. O. (1999). O papel da pesquisa cientifica e tecnológica no desenvolvimento da citricultura paulista: analise histórica da atuação do Instituto Agronômico de Campinas (1920-1960) (Doctoral dissertation, [sn]).

Ligações externas[editar | editar código-fonte]