Indústria da música – Wikipédia, a enciclopédia livre

Produtor musical trabalhando no estúdio

A Indústria da Música (ou indústria musical) é termo usado para descrever indivíduos, organizações e empresas que trabalham na criação, produção, distribuição, desenvolvimento e divulgação de música. Ela é impulsionada por uma variedade de profissionais e empresas, incluindo compositores, artistas, produtores musicais, cantores, engenheiros de áudio, gravadoras, editoras, estúdio de gravação, produtores de eventos, advogados, organização de direitos autorais, distribuidoras, plataformas de streaming entre outros. A indústria da música é altamente dinâmica e se adaptou constantemente às mudanças tecnológicas ao longo dos anos, passando da era dos fitas K7, LPs, vinis, CDs para a era digital, onde o streaming de música se tornou dominante. Além disso, desempenha um papel fundamental na cultura global, influenciando a moda, a linguagem e o comportamento social, enquanto gera bilhões de reais em receita[1] anualmente em todo mundo.

A Indústria da Música também é marcada por desafios, como a pirataria digital, questões de direitos autorais e a busca por um modelo de compensação justo para os artistas.[2] No entanto, continua a ser um campo de inovação e tendência, com novos talentos emergindo constantemente e novas formas de consumo de música surgindo com o avanço da tecnologia.[3] Essa indústria desempenha um papel vital na vida das pessoas ao fornecer trilhas sonoras para suas vidas, influenciar a cultura popular e criar oportunidades econômicas para uma ampla gama de profissionais.

Uma grande fatia da receita da indústria da música vem da Indústria Fonográfica, que é responsável pela produção, gravação, edição e distribuição da música em seus diversos formatos. Mas foi o início da indústria fonográfica que marcou o ponto de partida para o desenvolvimento da indústria da música como a conhecemos hoje. Em 1877, com o surgimento do phonograph e, posteriormente, em 1987 do gramophone,[4] a gravação e reprodução de música tornaram-se possíveis de maneira comercial. Isso levou à produção e distribuição em larga escala de música gravada, que se tornou a base da indústria fonográfica. A evolução desses primeiros suportes, como os discos de 78 rpm e, mais tarde, os LPs, desempenhou um papel fundamental na formação das características e limitações da música gravada.[5] Além disso, a concentração de grandes empresas na produção de discos e aparelhos leitores estabeleceu um modelo de negócios que persistiu ao longo dos anos, moldando a indústria da música em sua trajetória de desenvolvimento. Até recentemente no mundo comercial, "Indústria Fonográfica" é usada como sinônimo aproximado de "Indústria da Música".[6]

Mas recentemente, a revolução digital transformou radicalmente a Indústria da Música, marcando o início de uma nova era. A disseminação da tecnologia digital democratizou as ferramentas de gravação, abriu caminhos para a promoção musical através de blogs e redes sociais, e consolidou o streaming como o principal meio de consumo de música no Brasil e no mundo, a criação de uma nova forma de consumir, produzir e monetizar música.[7] A revolução digital também permitiu que os músicos se tornassem produtores, reduzindo a dependência dos equipamentos específicos e do estúdio. No entanto, essa transformação também trouxe desafios, como a remuneração dos artistas pelas plataformas digitais e a questão da democratização dos recursos financeiros na indústria musical. Apesar dos desafios, a revolução digital abriu novas pontes acessíveis entre artistas e público, proporcionando uma democratização do acesso à música, que continua a evoluir.[8]

Elementos[editar | editar código-fonte]

A indústria musical é composta de vários elementos, como:

História[editar | editar código-fonte]

Até 1700, o processo de composição e impressão de músicas era em grande parte apoiado por patronagem[9] da aristocracia e Igreja. Do Meio para o fim do século XVIII, artistas e compositores como Wolfgang Amadeus Mozart começaram a procurar oportunidades de mercado para suas músicas e performances ao público geral. Após a morte de Mozart, sua mulher (a soprano Constanze Weber) continuou o processo de comercialização da música dele através de uma série sem precedentes de concertos memoráveis, vendendo seus manuscritos, e colaborando com seu segundo ario, Georg Nissen, em uma biografia de Mozart.[10]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Nos anos 1880, a indústria da música foi dominada por editores de músicas em folhas soltas. Nos Estados Unidos, a indústria da música foi carregada em subida pela ascensão de blackface e Show de Menestréis. O grupo de editores de música e escritores que dominaram a música popular dos Estados Unidos foi conhecido como Tin Pan Alley. No começo do século XX a indústria fonográfica cresceu muito em importância, e a indústria de gravação eventualmente tomou o lugar de editores de música em folha enquanto ganhava força.

Assim como o rádio e a televisão haviam feito, o advento de tecnologias de transferência de arquivos mudaram o balanço entre companhias de gravação, escritores de música e artistas. Bandas como Metallica foram contra programas P2P, como o infame Napster, e os argumentos contra a tecnologia—gerenciamento de direito digital - continua controverso.

Com o re-lançamento do Napster como um site legalmente licenciado de downloads em 2003 (nos EUA), e o advento dos computadores Apple Inc., o iTunes no mesmo ano, as grandes companhias de gravação começaram a abraçar o download digital como o futuro da indústria da música.

Tanto o Napster quanto o iTunes, com o suporte das grandes, estão promovendo um serviço de assinatura de música digital. Isto pode levar a uma mudança fundamental no jeito em que as músicas são consumidas, como um utilitário que "viaja" a cada pessoa ao invés da comodidade de comprar uma a uma.

Em 2015, as receitas de vendas de música em digital (equivalente a 45% do mercado) superaram as vendas em suporte físico (que representa uma quota de 39% do mercado) no mercado global, pela primeira vez.

No total, a venda de música registou globalmente, em 2015, cerca de 13 mil milhões de euros de receita, representando um aumento de 3,2% face a 2014.[11]

Leituras relacionadas[editar | editar código-fonte]

Organizações da indústria musical[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. International Federation of the Phonographic Industry, IFPI (1 de março de 2023). «ifpi.org» (PDF). IFPI. Global Music Report 2023: 3. Consultado em 15 de setembro de 2023 
  2. Prado, Ágtatha (2 de setembro de 2022). «Pirataria Musical: o dilema entre a ilegalidade e o acesso à cultura». Alataj. Consultado em 15 de setembro de 2023 
  3. Herdy Givisiez De Abreu, Matheus (2020). «O comportamento da indústria fonográfica com a chegada do streaming» (PDF). UFF. Universidade Federal Fluminense: 24. Consultado em 15 de setembro de 2023 
  4. Brasil Vilella, Túlio (2017). «A indústria da música revê o compartilhamento» (PDF). Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós Graduação em Tecnologia e Linguagens da Comunicação: 7. Consultado em 15 de setembro de 2022 
  5. Vicente, Eduardo (1 de dezembro de 2022). «Indústria da música ou indústria do disco?: a questão dos suportes e de sua desmaterialização no meio musical». Universidade de São Paulo. USP: 4. Consultado em 15 de setembro de 2023. Resumo divulgativo (PDF) 
  6. Françolin Da Paixão, Lucas (22 de outubro de 2014). «acervodigital.ufpr.br» (PDF). Unicamp. A indústria fonográfica como mediadora entre a música e a sociedade (104): 19. Consultado em 15 de setembro de 2023. Resumo divulgativo (PDF) 
  7. Victoriano, Marcius (29 de agosto de 2023). «O que é distribuição musical?». Mubu. Consultado em 15 de setembro de 2023 
  8. Lemos, Eduardo (14 de julho de 2023). «Duas décadas que mudaram tudo na indústria da música». UBC (União Brasileira de Compositores). Consultado em 15 de setembro de 2023 
  9. «Patronagem». Michaelis On-Line. Consultado em 7 de dezembro de 2020 
  10. Glover, Jane (1 de setembro de 2005). «Dear Constanze». the Guardian (em inglês). Consultado em 7 de dezembro de 2020 
  11. «Música vendeu mais em digital do que em suporte físico» 
  12. «HugeDomains.com - MusicFuturist.com is for sale (Music Futurist)». www.hugedomains.com. Consultado em 7 de dezembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]