Ilhas Molucas – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ilhas Molucas
Geografia física
País Indonésia
Localização Insulíndia, Mar das Molucas e Mar de Banda (Oceano Pacífico), Sudeste Asiático / Oceania
Ilhas principais Cerca de 1000 ilhas em duas províncias: Molucas do Norte e Província Molucas
Ponto culminante Binaiya (3,027 m) m
Área 74 505 km²  km²
Geografia humana
População 1895000 (2000)

Localização das Molucas (verde claro) na Indonésia.

Ilhas Molucas, de Maluco (ou Malucas, do árabe Jazirat al-Muluk, "ilha dos reis"[1]) são um arquipélago da Insulíndia que faz parte da Indonésia, localizado entre Celebes (Sulawesi) e a Nova Guiné. São limitadas a sul pelo Mar de Arafura, a oeste pelos mares de Banda e das Molucas, a norte pelo Mar das Filipinas e a noroeste pelo Mar de Celebes.

Nos séculos XVI e XVII, as ilhas correspondentes à atual província das Molucas do Norte eram chamadas "Ilhas das Especiarias". Àquela época, a região era a única fornecedora mundial de noz-moscada e cravo-da-índia, especiarias extremamente valorizadas nos mercados europeus, vendidas por mercadores árabes à República de Veneza a preços exorbitantes, com os negociantes a nunca divulgarem a localização exata da origem, pelo que nenhum Europeu conseguia deduzir a sua origem.

Em 15111512, os portugueses foram os primeiros Europeus a chegar às Molucas, em procura das afamadas especiarias. Os Holandeses, os Espanhóis e outros reinos locais, como Ternate e Tidore, disputaram o controle do lucrativo comércio de especiarias. As árvores de noz-moscada e cravo-da-Índia foram posteriormente transplantadas no mundo inteiro, o que reduziu a importância internacional da região.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Tidore vista de Ternate
O vulcão de Banda Api, com 640 m de altitude, o mais ativo da cadeia de vulcões do Mar de Banda

As ilhas Molucas são constituídas por cerca de 1 000 ilhas vulcânicas (com alguns vulcões ativos) localizadas na Placa Euroasiática, mas muito próximas dos limites das placas filipina e australiana.

A totalidade das Molucas formaram uma única província da Indonésia entre 1950 e 1999, quando os distritos das Molucas do Norte e de Halmaera foram desmembrados e unidos na nova província das Molucas do Norte. Os distritos restantes permaneceram na província das Molucas.

A província indonésia das Molucas do Norte (Maluku Utara, em indonésio) compreende a porção setentrional do arquipélago das Molucas. Sua capital é Ternate. A província possui uma população de 870 000 habitantes (2004) e uma área de 31 652 quilômetros quadrados.

A província indonésia das Molucas (Maluku, em indonésio) compreende a porção meridional do arquipélago das Molucas. Sua capital é Amboíno. A província possui uma população de 1 313 022 habitantes (2004) e uma área de 46 975 quilômetros quadrados.

Molucas do Norte:

Província das Molucas:

História[editar | editar código-fonte]

A princípio, estas várias ilhas eram habitadas por Australasianos. Com a navegação e o comércio malaio na região, surgiu uma colonização malaia. No século X chegaram os mercadores árabes, que atravessavam o Oceano Índico em busca de especiarias. Com eles foi a religião islâmica, que acabou tornando-se a principal na região. Chamavam as ilhas do extremo oriente de Al Maluk, que significa "Ilhas dos Reis".

Mais tarde, quando os Otomanos passaram a representar o Califado e as nações islâmicas, os mercadores árabes aumentaram muito seu mercado na região, a ponto dos otomanos estabelecerem guarnições nas ilhas (embora, nominalmente, nunca tenham pertencido de fato ao Império Otomano). Para os Europeus que acabavam de se lançar ao mar, a produção de especiarias das distantes ilhas era uma mina de ouro.

Mapa de Joan Blaeu "Moluccæ Insulæ Celeberrimæ" (As Célebres Ilhas Molucas) de 1613, o primeiro mapa detalhado das Molucas, então controladas pelos holandeses. Mostra florestas, fortes, e está decorado com navios europeus e asiáticos. Ao largo de Ternate, vê-se uma batalha onde os holandeses derrotaram os portugueses

Estas ilhas eram conhecidas no século XVI como Ilhas das Especiarias e a sua localização era mantida em segredo pelos mercadores árabes. Em Agosto de 1511 em nome do rei de Portugal, Afonso de Albuquerque conquistou Malaca, que era ao tempo o centro do comércio asiático. Em Novembro desse ano, ficando a saber a localização das "ilhas das especiarias", enviou uma expedição de três navios comandados pelo seu amigo de confiança António de Abreu para as encontrar. Pilotos malaios foram recrutados, guiando-os via Java, as Pequenas Ilhas de Sunda e da ilha de Ambão até às Ilhas Banda, onde chegaram no início de 1512.[2] Aí permaneceram, como primeiros Europeus a chegar às ilhas, durante cerca de um mês, comprando e embarcando em seus navios a noz moscada e cravo-da-Índia.[3] Abreu partiu então velejando por Amboíno enquanto o seu vice-comandante Francisco Serrão se adiantou para as ilhas Molucas mas naufragou terminando em Ternate. Ocupados com hostilidades noutros pontos do arquipélago, como Amboíno e Ternate, só regressariam em 1529.

Os primeiros relatos europeus escritos sobre a região são da Suma Oriental, um livro escrito pelo boticário (farmacêutico) português Tomé Pires estabelecido em Malaca entre 1512 e 1515 mas que visitou Banda várias vezes. Na primeira visita contactou os Portugueses e principalmente os marinheiros malaios em Malaca, calculando então a população entre 2500-3000. Reportou os Bandaneses como parte de uma rede de comércio abrangendo toda a Indonésia e os únicos comerciantes de longo curso nativos das Molucas a transportar produtos para Malaca, embora alguns carregamentos de Banda também fossem feitos por mercadores javaneses. Além da noz moscada e maça, Banda mantinha também um significativo entreposto de comércio. Entre os produtos que passavam por Banda estavam o cravinho de Ternate e Tidore, a norte, penas de aves-do-paraíso das ilhas Aru e da Nova Guiné, entre outros.

Logo após a viagem de circum-navegação executada por Fernão de Magalhães, em 1519, tornou-se necessária a revisão dos tratados de demarcação que dividiram as terras descobertas, no período das Grandes Navegações, entre Portugal e Espanha. Inicialmente, admitia-se como ponto de referência as ilhas de Cabo Verde, a noroeste do continente africano. Pela Bula Intercoetera, todas as terras a 100 léguas oeste dessas ilhas, seriam de controle espanhol, enquanto o lado leste caberia a Portugal. Logo após, o acordo foi reformulado através do Tratado de Tordesilhas, que avançava a linha para 370 léguas oeste. Porém, com a circum-navegação, tornava-se necessário a demarcação do limite no outro extremo do globo. Esse limite foi imposto sobre as ilhas Molucas, usadas como referência. As terras que estivessem a Leste, pertenceriam a Espanha; as que estivessem a Oeste, a Portugal, até ao mencionado no tratado. Porém, até ao início do século XVII, este tratado não obteve o mínimo efeito na região, uma vez que esta ficava muito distante de Lisboa e suas colónias, mas viável para os árabes e otomanos, que mantiveram o controle económico, cultural e político sobre as ilhas até a consolidação da colonização holandesa em toda a Indonésia. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano em sua aliança com o Império Alemão tentou uma falha retomada das ilhas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ricklefs, M.C. (1991). A History of Modern Indonesia Since c.1300, 2nd Edition. London: MacMillan. 26 páginas. ISBN 0-333-57689-6 
  2. Hannard (1991), page 7; Milton, Giles (1999). Nathaniel's Nutmeg. London: Sceptre. pp. 5 and 7. ISBN 978-0-340-69676-7 
  3. Hannard (1991), page 7

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bellwood, Peter (1997). Prehistory of the Indo-Malaysian archipelago. Honolulu: University of Hawai'i Press. ISBN 0-8248-1883-0.
  • Andaya, Leonard Y. (1993). The World of Maluku: Eastern Indonesia in the Early Modern Period. Honolulu: University of Hawai'i Press. ISBN 0-8248-1490-8.
  • Donkin, R. A. (1997). Between East and West: The Moluccas and the Traffic in Spices Up to the Arrival of Europeans. American Philosophical Society. ISBN 0-87169-248-1.
  • Monk, Kathryn A., Yance De Fretes, Gayatri Reksodiharjo-Lilley (1997). The Ecology of Nusa Tenggara and Maluku. Singapore: Periplus Press. ISBN 962-593-076-0.
  • Van Oosterzee, Penny (1997). Where Worlds Collide: The Wallace Line. Ithaca: Cornell University Press. ISBN 0-8014-8497-9.
  • Wallace, Alfred Russel (2000; originally published 1869). The Malay Archipelago. Singapore: Periplus Press. ISBN 962-593-645-9.
  • George Miller (editor), To The Spice Islands And Beyond: Travels in Eastern Indonesia, Oxford University Press, 1996, Paperback, 310 pages, ISBN 967-65-3099-9
  • Severin, Tim The Spice Island Voyage: In Search of Wallace, Abacus, 1997, paperback, 302 pages, ISBN 0-349-11040-9
  • Bergreen, Laurence Over the Edge of the World, Morrow, 2003, paperback, 480 pages

Ligações externas[editar | editar código-fonte]