IKEA – Wikipédia, a enciclopédia livre

IKEA
IKEA
IKEA
Loja do IKEA em Loulé, Portugal
Subsidiária
Slogan Não há casa como a nossa
Atividade Retalho
Fundação 28 de julho de 1943 (80 anos) como Möbel-IKÉA
Fundador(es) Ingvar Kamprad
Sede Delft,  Países Baixos
Área(s) servida(s) Mundo
Pessoas-chave
Empresa-mãe INGKA Holding
Inter IKEA Holding
Lucro Aumento 41,9 bilhões (2021)
Website oficial IKEA
IKEA Portugal

IKEA ( /ˈkə/ eye-KEE-ə, Sueco: [ɪˈkêːa]), é uma empresa multinacional sueca dedicada à produção e venda a retalho de móveis planos, decoração, electrodomésticos, utensílios, acessórios para o lar e alimentos, fundada na província de Småland, Suécia, em 1943 por Ingvar Kamprad.[1]

A IKEA é a maior retalhista de móveis do mundo desde 2008.[2][3][4][5][6] Com 55 lojas, Alemanha é o maior mercado do IKEA seguido pelo mercado americano com 52 armazéns.[7] Em setembro de 2023, a rede operava 462 lojas em 59 países.[8]

Mapa das lojas IKEA pelo mundo:
  Países com lojas do IKEA
  Países com planos para abertura de lojas IKEA
  Lojas fechadas
  Sem lojas

História[editar | editar código-fonte]

O IKEA foi fundada em Älmhult, Suécia no ano de 1943 por Ingvar Kamprad, então com 17 anos. O nome da companhia é um acrónimo composto pelas primeiras letras de seu nome seguido das primeiras letras dos nomes da herdade onde nasceu e da aldeia em que cresceu: Ingvar Kamprad Elmtaryd Agunnaryd.[9][10][11] Originalmente, o IKEA vendia canetas, carteiras, molduras para fotos, mesas, relógios, jóias ou praticamente qualquer coisa que Kamprad acreditava que poderia vender a baixo preço. O mobiliário entrou na lista de produtos do IKEA em 1947 e, em 1955, passou a desenhar seus próprios móveis. No início, Kamprad vendia seus produtos em sua casa e enviava as encomendas pelo correio até que abriu uma loja em Älmhult sob o nome «Möbel-IKÉA» (Möbel significa "mobília" em sueco). Foi também o local da primeira «loja armazém» que tornaria-se o modelo para as outras lojas IKEA.

Expansão internacional[editar | editar código-fonte]

O fundador do IKEA, Ingvar Kamprad (à direita) aperta a mão de Hans Axe, o primeiro gerente do IKEA em 1965.

A 23 de março de 1963, a primeira loja fora da Suécia foi aberta em Asker, cidade norueguesa próxima a Oslo, seguida de uma na Dinamarca em 1969.[12] As lojas espalharam-se para outras partes da Europa na década de 1970, com a primeira loja fora da Escandinávia a abrir na Suíça em 1973, seguida por uma na Alemanha Ocidental em 1974.[13] Na década de 1970, começou a sua expansão dentro e fora da Europa, com lojas abertas no Japão (1974), Austrália, Hong Kong (1975), Canadá (1976),[14] Cingapura e Holanda (1978).[15] Na década de 1980, expandiu-se ainda mais, abrindo lojas na França e Espanha (1981), Bélgica (1984),[16] Estados Unidos (1985),[17] Reino Unido (1987),[18] e Itália (1989).[19][15]

Em fevereiro de 2010, a rede entrou na América Latina, abrindo uma loja na República Dominicana.[20] Quanto aos maiores mercados da região, em 8 de abril de 2021, foi aberta uma loja na Cidade do México. Em agosto de 2018, a rede abriu sua primeira loja na Índia, em Hyderabad.[21][22][23]

Em 10 de agosto de 2022, abriu sua primeira loja no Chile, sua primeira loja na América do Sul. Outra loja foi aberta na Colômbia em setembro de 2023, em Bogotá,[24] que logo será seguido por uma loja no Peru.[25][26][27]

Em Portugal[editar | editar código-fonte]

No mês de novembro de 2002, a empresa IKEA anunciou sua chegada a Portugal.[28] A 22 de junho de 2004 abriu a primeira loja da firma na zona comercial de Alfragide, na Amadora, com um investimento de 3,5 milhões de euros para a campanha de lançamento. Na altura da inauguração, o armazém da Grande Lisboa foi o terceiro maior IKEA do mundo.[29][30] Após a abertura do primeiro espaço comercial em solo português, seguiram-se quatro lojas mais em Loures, Loulé, Braga e Matosinhos, sendo esta última a maior da península Ibérica.[31] No total, a IKEA Portugal emprega cerca de 2.500 colaboradores, recebe cerca de 14 milhões de visitas anualmente nas lojas físicas e 30 milhões online.[32] Desde 2007, a companhia conta com uma fábrica de produção em Paços de Ferreira e emprega aproximadamente 1.700 pessoas.[33]

Saída do mercado russo[editar | editar código-fonte]

Em março de 2022, o IKEA anunciou o fechamento temporário das 17 lojas da firma na Rússia resultante da invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022, sendo este o primeiro mercado em que a empresa suspendeu operações. Em maio de 2022, o IKEA anunciou a saída definitiva do mercado russo. Ainda assim, os centros comerciais Mega ―detidos pelo grupo Ingka, dono do IKEA― continuaram abertos[34] até serem adquiridos pelo Gazprombank em setembro de 2023.[35]

Formato das lojas[editar | editar código-fonte]

Formato tradicional[editar | editar código-fonte]

As lojas IKEA costumam ser edifícios azuis com detalhes em amarelo, que são as cores nacionais suecas, e à porta geralmente há mastros com as bandeiras do IKEA, da Suécia e do país onde o armazém encontra-se localizado. Esses prédios são normalmente projetados num leiáute de mão única que leva os clientes no sentido anti-horário ao longo do que o IKEA chama de «O longo caminho natural», projetado para incentivar o consumidos para ver a loja em sua totalidade, em oposição a uma loja de varejo tradicional, que permite um cliente vá diretamente para a seção onde os bens desejados são exibidos e por vezes existem atalhos para outras partes do showroom.[36] Primeiramente o cliente tem de percorrer um showroom com os produtos maiores, previamente já montados, os quais têm um código para ser anotado – o IKEA sempre oferece de forma gratuita lápis e papel, e com itens menores prontos para serem recolhidos; depois disso o cliente entra num armazém de auto-atendimento com um carrinho onde pode recolher os produtos mas, às vezes, eles são direcionados para colectar os produtos desejados num armazém externo no mesmo local ou em um local próximo após a compra. Nem todos os produtos ou cores específicas são estocados na loja, por vezes os mesmos precisam de serem enviados de um depósito para a casa do cliente ou para a loja. Por costume, no rés-do-chão encontra-se o showroom com todos os produtos e no subsolo o armazém de auto-atendimento.[37] Mas existem algumas lojas de nível único, enquanto outras têm armazéns separados para permitir que mais estoque seja mantido no local. As lojas de nível único são encontradas predominantemente em áreas onde o custo do terreno seria menor do que o custo de construção de uma loja de 2 andares. Algumas lojas têm armazéns de dois níveis com silos controlados por máquina para permitir o acesso a grandes quantidades de estoque ao longo do dia de venda. A maioria das lojas IKEA oferece uma área de «tal como está» que encontra-se no final do armazém, logo antes das caixas registradoras. Geralmente são produtos devolvidos, danificados ou exibidos anteriormente para serem vendidos com um desconto significativo mas os mesmos não podem ser devolvidos.

Produtos e serviços[editar | editar código-fonte]

Mobiliário e objetos para o lar[editar | editar código-fonte]

Em vez de serem vendidos pré-montados, muitos dos móveis do IKEA são projetados para serem montados pelo comprador.[38] A empresa afirma que isto ajuda a reduzir os custos e o uso de embalagens.[38] O IKEA afirma ter sido uma pioneira em assuntos eco-amigáveis para a cultura consumista capitalista.[39] Todos os produtos IKEA têm um nome o qual quase sempre é uma palavra de origem escandinava. O fundador da empresa era disléxico e descobriu que ao nomear os móveis com nomes próprios, em vez de um código, e isto tornava com que os produtos fossem mais facilmente lembrados.[40] Isto tornava com que os produtos fossem mais facilmente lembrados. Tipicamente, o nome é escolhido de uma base de dados mantido pelo IKEA da Suécia, mas pode acontecer que o designer ou criador do produtor sugira um nome. Às vezes noutras línguas, alguns dos nomes dos produtos podem significar outra coisa ou ter duplo sentido, na língua portuguesa um dos casos mais reconhecidos foi o do estante para televisão chamado «Besta».[41]

Restaurante e alimentos[editar | editar código-fonte]

Todas as lojas IKEA têm um restaurante que vende nomeadamente comidas típicas da Suécia e também estão à venda produtos de mercearia tais como chocolates, almôndegas, compotas, panquecas, salmão e bebidas diversas. Embora os pratos oferecidos sejam principalmente suecos, as lojas também costumam oferecer produtos locais, no caso de Portugal oferecem-se pastéis de nata e pratos de bacalhau.[42]

A Småland[editar | editar código-fonte]

Para além do restaurante, todas os IKEA têm um espaço de recreação infantil gratuito chamado Småland, que em sueco quer dizer: «terras pequenas»; mas é também é o nome da província sueca onde nasceu Ingvar Kamprad, o fundador da loja.[43]

Polémicas[editar | editar código-fonte]

O IKEA é o maior consumidor de madeira do mundo.[44] Todos os anos a empresa compra 200 milhões de troncos de árvores. Ocorre que apenas a China e a Rússia conseguem vender madeira a preços suficientemente baixos. Segundo o Johan, autor do livro The Truth about Ikea, lançado em 2010, «os chineses atravessam as fronteiras da Sibéria e entram ilegalmente na floresta natural. E um dos maiores compradores dessa madeira é a Ikea.» Segundo Stenebo, a empresa só consegue saber a origem de 10% a 20% da madeira comprada na China. «Todos os fornecedores têm centenas ou milhares de empresas subcontratadas e não há qualquer controle sobre isso. Pelo menos 80% desta madeira é ilegalmente cortada na Sibéria.» [45] O relatório publicado em 2020 pela Earthsight[44] organização ambientalista com sede em Inglaterra, também acusa a empresa de fabricar móveis tais como as cadeiras Ingolf e Terje a partir de madeira derrubada ilegalmente na Ucrânia. Segundo Sam Lawson, dirigente da Earthsight, existe madeira em risco de extinção ao longo de toda a cadeia de suprimentos do IKEA.[46]

Referências

  1. Ana Sanlez (19 de fevereiro de 2018). «IKEA. O império da mobília que é de todos mas não é de ninguém». Dinheiro Vivo 
  2. «Topic: Ikea». www.statista.com. Consultado em 14 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 16 de junho de 2014 
  3. Loeb, Walter. «IKEA Is A World-Wide Wonder». Forbes. Consultado em 14 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 22 de novembro de 2020 
  4. «How IKEA creator Ingvar Kamprad built the world's largest furniture retailer – and a $39 billion fortune». Business Insider. Consultado em 14 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2020 
  5. Zuvela, Maja (8 de janeiro de 2008). «IKEA mulls joint venture with Bosnia furniture maker». Reuters. Consultado em 24 de julho de 2013. Arquivado do original em 31 de outubro de 2015 
  6. «Profiles of 50 major furniture retailers worldwide – Market Research – Report by CSIL». www.worldfurnitureonline.com. CSILMilano Research and Studies. Consultado em 14 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 10 de outubro de 2014 
  7. Ana Valéria Colnaghi Simionato (26 de novembro de 2021). «Countries with the most IKEA stores worldwide in 2019». Statista (em inglês) 
  8. «IKEA Faits et chiffres 2018». Consultado em 20 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 20 de outubro de 2021 
  9. «Porque é que o Ikea se chama Ikea. A origem de 15 marcas globais». Dinheiro Vivo. 21 de setembro de 2015 
  10. «The story behind Ikea's 'quirky' product names». The Times of India. 10 de agosto de 2018. Consultado em 10 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 9 de novembro de 2020 
  11. "Ingvar Kamprad and IKEA". Harvard Business School Publishing, Boston, MA, 02163. 1996
  12. Ciment, Shoshy. «Here's what the first Ikea store ever looked like when it opened in Sweden more than 60 years ago». Business Insider. Consultado em 27 de abril de 2020. Cópia arquivada em 11 de setembro de 2019 
  13. Shoshy Ciment (4 de outubro de 2019). «Here's what the first Ikea store ever looked like when it opened in Sweden more than 60 years ago». Business Insider (em inglês) 
  14. «IKEA GRAND OPENING». The Chronicle Herald. 14 de julho de 1976. pp. 24–25 
  15. a b Siegfried, Patrick (1 de outubro de 2014). Business Cases: Internationalisation Strategies in Global Player Companies (em inglês). [S.l.]: Akademische Verlagsgemeinschaft München. ISBN 978-3-96091-353-5. Consultado em 12 de outubro de 2020. Cópia arquivada em 21 de abril de 2023 
  16. «Ikea blijft groeien». De Standaard. 10 de setembro de 2015. Consultado em 7 de abril de 2016. Cópia arquivada em 19 de abril de 2016 
  17. «How IKEA Leveraged The Art Of Listening To Global Dominance». Forbes. Consultado em 7 de abril de 2016. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2013 
  18. Finch, Julia (31 de maio de 2002). «Democratic by design». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 7 de abril de 2016. Cópia arquivada em 2 de agosto de 2020 
  19. «1980s – IKEA». www.ikea.com. Consultado em 7 de abril de 2016. Arquivado do original em 30 de abril de 2021 
  20. Publishing, Bloomsbury (6 de junho de 2011). Business: The Ultimate Resource (em inglês). [S.l.]: A&C Black. ISBN 978-1-4081-5646-9. Consultado em 15 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 21 de abril de 2023 
  21. «IKEA is now open for business in India: Here's what it offers». The Economic Times. 10 de agosto de 2018. Consultado em 30 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 21 de abril de 2023 
  22. «IKEA Retail India moves the opening date to 9th of August, 2018». IKEA. Consultado em 30 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2022 
  23. «IKEA Stores - Furniture & Home Furnishing Store». www.ikea.com (em inglês). Consultado em 26 de abril de 2023 
  24. S.A.S, Editorial La República. «"Abrimos el Ikea más grande de América Latina para recibir a 4.800 clientes cada día"». Diario La República (em espanhol). Consultado em 29 de setembro de 2023 
  25. «IKEA elige Chile para su desembarco en Sudamérica». Agosto de 2022. Consultado em 10 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 10 de agosto de 2022 
  26. «Primera tienda de Ikea en Colombia ya tiene fecha... En famoso centro comercial». 13 de setembro de 2021. Consultado em 10 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 14 de julho de 2022 
  27. IKEA Franchising. «IKEA opens new store in Santiago Chile». About.ikea.com. Consultado em 11 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 10 de agosto de 2022 
  28. «IKEA chega a Portugal». Correio da Manhã. 13 de novembro de 2002 
  29. Filipa Lino (20 de abril de 2004). «Ikea de Alfragide abre a 22 de Junho». Público 
  30. Nuno Francisco (6 de junho de 2004). «Ikea investe 3,5 milhões em campanha de lançamento da loja de Alfragide». Mais Futebol 
  31. Hélder Robalo (10 de maio de 2007). «Inauguração da maior IKEA na Península Ibérica é a 31 de Julho». Diário de Notícias 
  32. «Sobre a IKEA Portugal». IKEA Portugal 
  33. José Vinha (14 de janeiro de 2011). «IKEA abre terceira fábrica em Paços de Ferreira». Jornal de Notícias 
  34. «Ikea suspende atividade na Rússia e Bielorrússia, decisão que afeta 15 mil funcionários». CNN Portugal. 3 de março de 2022 
  35. «Газпромбанк купил торговые центры «Мега» у экс-владельца IKEA в России». RBK. 28 de setembro de 2023 
  36. Cathrine Jansson-Boyd (1 de fevereiro de 2018). «How Ikea's shop layout influences what you buy». BBC (em inglês) 
  37. «IKEA introduz experiência mais integrada para clientes em nova app». Computer World. 21 de novembro de 2020 
  38. a b «How IKEA creator Ingvar Kamprad built the world's largest furniture retailer — and a $39 billion fortune». Insider (em inglês). 31 de janeiro de 2016 
  39. «IKEA quer descomplicar o conceito de sustentabilidade». Ambiente Magazine. 20 de outubro de 2021 
  40. Jon Henley (4 de fevereiro de 2008). «Do you speak Ikea? How the Swedish giant names its products». The Guardian (em inglês) 
  41. Paula Brito (21 de fevereiro de 2016). «Segredo dos nomes esquisitos dos móveis Ikea?». Dinheiro Vivo 
  42. Adriano Guerreiro (23 de outubro de 2021). «IKEA tem novos menus de pequeno-almoço nos restaurantes — custam a partir de 1,50€». NIT 
  43. «Smaland at IKEA». Our Kids (em inglês). 12 de outubro de 2021 
  44. a b «FLATPÅCKED FÖRESTS - IKEA's illegal timber problem and the flawed green label behind it». Earthsight (em inglês) 
  45. Ana Taborda (28 de janeiro de 2018). «As polémicas do fundador da Ikea». Sabado.pt 
  46. Bruno Manser Fund (25 de junho de 2020). «Florestas achatadas: o problema ilegal de madeira da Ikea e o rótulo verde defeituoso por trás». Option News 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Commons Imagens e media no Commons