II Samuel – Wikipédia, a enciclopédia livre

Códice de Alepo em alta resolução. Trecho do Livro de Samuel (junção dos dois livros de Samuel da Bíblia cristã).
Manuscrito massorético de Tiberíade corrigido por ben Asher, século X.

II Samuel, também chamado Segundo Livro de Samuel ou 2 Samuel, é o segundo de dois livros de Samuel, um dos Livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia, sendo apresentado depois de I Samuel e antes de I Reis[1][2]. Originalmente ele e seu anterior não estavam separados no cânone da Bíblia hebraica original, sendo um único livro na Bíblia Hebraica (a Tanakh). Junto com I Samuel abrange um período de aproximadamente 140 anos (cerca de 1180 a 1040 a.C.). Possui 24 capítulos.

Divisão do livro original[editar | editar código-fonte]

Acredita-se que este livro formava originalmente uma só obra com I Samuel, I e II Reis conhecida como Livro do Reino. A primeira parte teria sido escrita por Samuel, mas o restante por Natã e Gade. O enorme tamanho deste único rolo, composto por um dos escritores, deve ter levado à sua divisão arbitrária em quatro partes, num tamanho de mais fácil manuseio. Assim, tanto a Septuaginta grega como a Vulgata latina chamam I e II Samuel de "I e II Reis" respectivamente e I Reis e II Reis de "III e IV Reis", reconhecendo que trata-se de uma divisão posterior.

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

Davi e Natã.
Séc. XVII. Por Palma, o Jovem, no Museu de História da Arte em Viena.

II Samuel conta a história de Israel a partir da morte de Saul (caps 1 a 20) e o subsequente reinado de Davi, com um suplemento no final (caps. 21 a 24). Em outras palavras, está centrado na figura de David, cuja história começa propriamente em I Samuel 16: e nas lutas dos pretendentes ao trono de Jerusalém[3]. Abrange, com seu livro irmão (I Samuel), o período que vai desde o estabelecimento de uma monarquia formal ate o fim do reinado de Davi. Inclusive um período de guerra civil, o transporte da Arca da Aliança a Jerusalém, o relato do pecado de Davi, um cântico de ação de graças e a promessa de Deus sobre a descendência do rei. Digno de nota é a franqueza dos escritores, que não passam por alto nem mesmo os pecados e as faltas do Rei Davi.

O ponto mais alto da sua história é a "Profecia de Natã" (II Samuel 7:), na qual o profeta Natã anuncia que o trono de Jerusalém sempre será ocupado por um Messias da família de Davi. É a criação da ideologia messiânica[3]:

«Será estável para sempre diante de mim a tua casa e o teu reino; será estabelecido para sempre o teu trono.» (II Samuel 7:16)

Davi passou para a história como o modelo da autoridade política justa. Por isso, mesmo com o fim da realeza, os judeus permaneceram confiantes no ideal messiânico e ficaram à espera do messias que iria reunir o povo, defendê-lo dos inimigos e organizá-lo numa sociedade justa e fraterna. O Novo Testamento irá identificar Jesus como descendente de Davi, como o Messias esperado, que veio para reunir todos os homens e levá-los à vida plena, na justiça e fraternidade do Reino de Deus[3].

Sumário dos principais eventos em II Samuel:

  • O início do reinado de Davi (1:1–4:12);
  • Davi reina em Jerusalém (5:1–6:23);
  • A aliança de Deus com Davi (7:1-29);
  • O domínio de Davi se estende por todo Israel (8:1–10:19);
  • O pecado de Davi contra Javé (11:1–12:31);
    David e Betsabé em luto por seu filho (II Samuel 12:15–18).
    1640-5. Por Solomon Koninck, em coleção particular.
  • Graves problemas na família de Davi (13:1–18:33);
  • Os últimos dias do reinado de Davi (19:1–24:25);

Aspectos históricos[editar | editar código-fonte]

Assim como acontece com outros livros históricos do Antigo Testamento, mediante a mera leitura se evidencia que I Samuel não foi escrito com mero objetivo histórico, mas sua narração está fortemente ligada ao interesse religioso da antiga nação de Israel e do seu Deus, Javé.

O objetivo da união das doze tribos, para maior glória de Javé, teria fracassado se não fosse o êxito da escolha do sucessor de Saul. Davi é apresentado como o rei ideal, que obedece a Deus e serve ao povo, graças à sua habilidade política, ele que primeiro foi aclamado rei de Judá, sua tribo, e posteriormente consegue, aos poucos, conquistar a simpatia das demais tribos, e depois ser rei também das tribos do norte. Após ter conseguido reunir todo o povo, Davi conquista Jerusalém, que vai se tornar o centro do poder político e da religião de Israel[3], portanto, Davi, é o monarca ideal do ponto de vista do cronista bíblico. Já Salomão e outros reis posteriores mereceram a reprovação dos escritores de Crônicas e Reis.

Os seguintes versículos do Novo Testamento relacionam-se com II Samuel:

«Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.» (Lucas 1:31–33)

Referências

  1. Echegary, J. González et ali (2000). A Bíblia e seu contexto 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria. 1133 páginas. ISBN 9788527603478 
  2. Pearlman, Myer (2006). Através da Bíblia. Livro por Livro 23 ed. São Paulo: Editora Vida. 439 páginas. ISBN 9788573671346 
  3. a b c d Samuel Arquivado em 11 de dezembro de 2009, no Wayback Machine., acessado em 22 de julho de 2010

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