Humberto de Campos – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Humberto de Campos
Humberto de Campos
Humberto de Campos
Nome completo Humberto de Campos Veras
Nascimento 25 de outubro de 1886
Miritiba, Maranhão
Morte 5 de dezembro de 1934 (48 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Nacionalidade brasileiro
Ocupação jornalista, político e escritor
Magnum opus Poeira ...
Assinatura

Humberto de Campos Veras (Miritiba, 25 de outubro de 1886Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1934) foi um jornalista, político e escritor brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

De origem humilde, era filho de Joaquim Gomes de Farias Veras e Ana de Campos Veras. Nasceu no então município maranhense de Miritiba (hoje batizado com o seu nome). Com a morte do pai, aos seis anos, mudou-se para São Luís, onde começou a trabalhar no comércio local para auxiliar na subsistência da família. Aos dezessete muda-se, novamente, para o Pará, onde começa a exercer atividade jornalística na Folha do Norte e n'A Província do Pará.[1]

Em 1910, quando contava 24 anos, publica seu primeiro livro de versos, intitulado "Poeira" (1.ª série), que lhe dá razoável reconhecimento. Dois anos depois, muda-se para o Rio de Janeiro, onde prossegue sua carreira jornalística e passa a ganhar destaque no meio literário da Capital Federal, angariando a amizade de escritores como Coelho Neto, Emílio de Menezes e Olavo Bilac. Começa a trabalhar no jornal "O Imparcial", ao lado de figuras ilustres como Rui Barbosa, José Veríssimo, Vicente de Carvalho e João Ribeiro.[1] Torna-se cada vez mais conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em diversos jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais brasileiras, inclusive sob o pseudônimo "Conselheiro XX".

Quando menino, sua família tinha casa em Parnaíba, no Piauí, lá, em 1896, ele plantou uma árvore hoje conhecida como o Cajueiro de Humberto de Campos[2]. Anos depois, o cajueiro foi mencionado em uma de suas obras: "Faço com as mãos uma pequena cova, enterro aí o projeto de árvore, cerco-o de pedaços de tijolos. Rego-o. Protejo-o". Atualmente o cajueiro é um espaço memorial que tem placas com versos de Humberto de Campos e um monumento em bronze com a efígie do poeta e está protegido por lei municipal do patrimônio histórico e cultural[3].

Em 1919 ingressa na Academia Brasileira de Letras, sucedendo Emílio de Menezes na cadeira n.º 20. Um ano depois ingressa na política, elegendo-se deputado federal pelo seu Estado natal, tendo seus mandatos sucessivamente renovados até a eclosão da Revolução de 1930, quando é cassado. Após passar por um período de dificuldades financeiras, é nomeado, graças à admiração que lhe votavam figuras de destaque do Governo Provisório, Inspetor de Ensino no Rio de Janeiro e, posteriormente, diretor da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Em 1933, com a saúde já debilitada, Humberto de Campos publicou suas Memórias (1886-1900), na qual descreve suas lembranças dos tempos da infância e juventude. A obra obteve imediato sucesso de público e de crítica, sendo objeto de sucessivas edições nas décadas seguintes. Uma segunda parte da obra estava sendo escrita por Humberto de Campos quando de seu falecimento, vindo à lume postumamente sob o título de Memórias Inacabadas.

Após vários anos de enfermidade, que lhe provocou a perda quase total da visão e graves problemas no sistema urinário, Humberto de Campos faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de dezembro de 1934, aos 48 anos, por uma síncope ocorrida durante uma cirurgia. Deixou viúva, D. Catarina Vergolina de Campos e três filhos, Henrique, Humberto (que depois tornou-se profissional de televisão) e Maria de Lourdes.

Tendo Humberto de Campos falecido no auge de sua popularidade, diversas coletâneas de crônicas, anedotas, contos e reminiscências de sua autoria foram publicados nos anos seguintes a sua morte, época em que também vieram a lume diversos livros supostamente escritos pelo espírito do escritor, por meio da psicografia do médium Chico Xavier. Os familiares de Humberto de Campos processaram judicialmente este último, alegando a ausência de pagamento de direitos autorais. A demanda, que provocou grande polêmica na época, foi julgada improcedente (conferir detalhes do processo aqui)

Em 1950, nova polêmica: o Diário Secreto mantido pelo autor em alguns períodos da década de 1910 e com assiduidade de 1928 até sua morte é divulgado pela revista O Cruzeiro, cujos editores o publicam em livro em 1954. A publicação causou escândalo à época de sua publicação em razão de diversos registros e impressões pessoais feitos por Humberto de Campos a respeito de pessoas de grande notoriedade nas letras, política e sociedade de sua época, incluindo Machado de Assis, Getúlio Vargas, Olavo Bilac, e outros.

Sucessivas edições das Obras Completas de Humberto de Campos foram publicadas por diversas editoras (José Olympio, Mérito, W. M. Jackson, Opus) até 1983.

As constantes preocupações de ordem financeira, as quais o obrigavam a redigir diariamente crônicas, contos e artigos de crítica literária a fim de garantir sua subsistência, bem como os prolongados problemas de saúde que resultaram em uma morte prematura, impediram Humberto de Campos de se debruçar sobre projetos literários de maior envergadura, razão pela qual parcela substancial de sua bibliografia é constituída de coletâneas de seus escritos, os quais constituem útil instrumento para a análise da vida cotidiana e literária dos anos 1910, 1920 e 1930 no Brasil. A temporalidade que caracteriza essa parcela substancial de sua bibliografia parece ser a principal razão para o pouco interesse que atualmente o seu nome desperta entre os leitores e no meio acadêmico.

Academia Brasileira de Letras[editar | editar código-fonte]

Eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras, assento cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo, da qual foi o terceiro ocupante, foi recebido em 8 de maio de 1920 por Luís Murat.

Obras[editar | editar código-fonte]

Coleção de obras de Humberto de Campos em exposição numa biblioteca municipal

Além do Conselheiro XX, Campos usou os pseudônimos de Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios. Deixou Humberto de Campos um diário secreto, publicado postumamente em livro e reproduzido parcialmente em algumas edições de O Cruzeiro, causou enorme polêmica, destilando o autor críticas e comentários mordazes aos seus contemporâneos.

Além de Poeira, publicou:

  • Da seara de Booz - crônicas - 1918
  • Vale de Josaphat - contos - 1918
  • Tonel de Diógenes - contos - 1920
  • A serpente de bronze - contos - 1921
  • Mealheiro de Agripa - 1921
  • Carvalhos e roseiras - crítica - 1923
  • A bacia de Pilatos - contos - 1924
  • Pombos de Maomé - contos - 1925
  • Antologia dos humoristas galantes - 1926
  • Grãos de mostarda - contos - 1926
  • Alcova e salão - contos - 1927
  • O Brasil anedótico - anedotas - 1927
  • Antologia da Academia Brasileira de Letras - participação - 1928
  • O monstro e outros contos - 1932
  • Memórias 1886-1900 - 1933
  • Crítica (4 séries) - 1933, 1935, 1936
  • Os países - 1933
  • Poesias completas - reedição poética - 1933
  • À sombra das tamareiras - contos -1934
  • Sombras que sofrem - crônicas - 1934
  • Um sonho de pobre - memórias - 1935
  • Destinos - 1935
  • Lagartas e libélulas - 1935
  • Memórias inacabadas - 1935[4]
  • Notas de um diarista - séries 1935 e 1936
  • Reminiscências - memórias -1935
  • Sepultando os meus mortos - memórias - 1935
  • Últimas crônicas - 1936
  • Contrastes - 1936
  • O arco de Esopo - contos - 1943
  • A funda de Davi - contos - 1943
  • Gansos do capitólio - contos - 1943
  • Fatos e feitos - 1949
  • Diário secreto (2 vols.) - memórias - 1954

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Também tem um dos bustos que homenageiam importante escritores maranhenses na Praça do Pantheon, em São Luís. Além disso, há o município de Humberto de Campos (o antigo município de Miritiba de São José do Periá), com denominação dada por decreto-lei em 1934.[5][6]

Outra homenagem dada a Humberto de Campos foi o nome de uma rua no bairro do Leblon, Rio de janeiro.

Referências

  1. a b «Humberto de Campos». Consultado em 18 de abril de 2014 
  2. MATTOS, João Batista de. Os Monumentos Nacionais - Piauí. Rio de Janeiro; Imprensa Militar, 1949
  3. RAMOS, José Nicodemos Alves. Parnaíba de A a Z - guia afetivo. Brasília: multicultura arte e comunicação, 2008. ISBN 978-85-61656-00-3
  4. Disponível em [1][ligação inativa].
  5. «Notícia: Concluída primeira etapa das obras na Rua Grande, em São Luís (MA) - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional». portal.iphan.gov.br. Consultado em 9 de janeiro de 2019 
  6. «IBGE: Humberto de Campos». cidades.ibge.gov.br. Consultado em 9 de janeiro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikisource
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O Wikisource possui obras de
Humberto de Campos


Precedido por
Emílio de Meneses
ABL - terceiro acadêmico da cadeira 20
1920 — 1934
Sucedido por
Múcio Leão
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