Hotel Ryugyong – Wikipédia, a enciclopédia livre

Hotel Ryugyong
História
Arquiteto
Baekdu Mountain Architects & Engineers
Desenvolvedor
Coreia do Norte Coreia do Norte
Pedra fundamental
1987
Status
Abandonado (desde 2013)
Arquitetura
Estilo
Altura
Telhado : 330 m (1,083 ft)
Área
360,000 m²
Pisos
105
Administração
Contratante
Baekdu Mountain Architects & Engineers, Balfour Beatty Construction
Ocupante
Global Telecom Holding (en)
Localização
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

Hotel Ryugyong (também Hotel Ryu-Gyong ou Hotel Yu-Kyung;[1] em coreano: 류경호텔)[2] é um arranha-céu inacabado de 105 andares em forma de pirâmide localizado em Pyongyang, capital da Coreia do Norte. Seu nome ("capital dos salgueiros") é também um dos nomes históricos de Pyongyang.[3] O edifício é conhecido também como o Construção 105, uma referência ao número de andares.[4] O edifício foi planejado como uma edificação de uso misto, que incluiria um hotel. Atualmente o prédio é listado pelo Guinness World Records como o edifício desocupado mais alto do mundo.[5]

A construção começou em 1987, mas foi interrompida em 1992, quando a Coreia do Norte entrou em um período de grave crise econômica após a dissolução da União Soviética. Depois de 1992, a estrutura estava completa, mas sem janelas ou acessórios interiores. Em 2008, a construção foi retomada e o exterior foi concluído em 2011. Foi planejado a inauguração de um hotel em 2012, o centenário do nascimento de Kim Il-sung, mas isso não aconteceu. Uma abertura parcial foi anunciada para 2013, mas esta também foi cancelada.[6] Em 2020, o edifício permanece fechado.[7]

O hotel foi adicionado a mapas de Pyongyang antes mesmo da construção iniciada e cartões postais já mostravam o edifício antes de ser sequer vagamente terminado. Hoje, porém, é comum peças publicitárias que enaltecem as belezas da região apagarem o hotel das fotografias.[8] O edifício se tornou um tabu entre os habitantes de Pyongyang, que resistem em falar dele ou mesmo em explicar do que se trata,[9] apesar do edifício se destacar grandemente no horizonte da cidade.[10]

História[editar | editar código-fonte]

Início da construção[editar | editar código-fonte]

No contexto da Guerra Fria, o plano para um grande hotel era uma resposta à conclusão do hotel o mais alto do mundo, o Swissôtel The Stamford, em Singapura, inaugurado em 1986 pela companhia sul-coreana SsangYong Group.[11] A liderança norte-coreana via o projeto como um canal para os investidores ocidentais entrarem no mercado.[11] Uma empresa, a Hotel Ryugyong Investimento e Gestão, foi criada para atrair o estimado em 230 milhões de dólares em investimento estrangeiro.[11] Um representante do governo norte-coreano prometeu uma supervisão relaxada, permitindo que "os investidores estrangeiros operassem casinos, boates ou lounges japoneses".[11] A empresa de construção norte-coreana Arquitetos e Engenheiros da Montanha Baekdu começou a construção em um hotel em forma de pirâmide em 1987.[12][13]

Paralisação[editar | editar código-fonte]

Hotel Ryugyong em março de 2004

Inicialmente o hotel seria inaugurado em junho de 1989 para o 13º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, mas os problemas com os métodos de construção e materiais atrasaram a ​​conclusão.[14] Se fosse aberto no tempo estimado, o edifício teria superado o Swissôtel The Stamford para se tornar o hotel mais alto do mundo[9] e teria sido o sétimo edifício mais alto do mundo.[4]

Em 1992, depois que o edifício alcançou sua altura arquitetônica completa,[4] o trabalho foi interrompido devido à grave crise econômica na Coreia do Norte após o colapso do bloco soviético.[15] Os jornais japoneses estimaram que o custo da construção era de 750 milhões de dólares,[16] consumindo 2% do PIB norte-coreano.[17] Por mais de uma década, o edifício inacabado ficou vazio e sem janelas ou acabamento, aparecendo como um esqueleto de concreto. Um guindaste de construção enferrujado permaneceu no topo, o que a BBC chamou de "um lembrete da ambição frustrada de um Estado totalitário".[15][18] De acordo com Marcus Noland, no final dos anos 1990, a Câmara de Comércio da União Europeia na Coreia inspecionou o edifício e concluiu que a estrutura era irreparável.[19] Foram levantadas questões quanto à qualidade do betão do edifício e ao alinhamento dos seus poços de elevador,[15] que algumas fontes consideravam "tortuosos".[20]

Em um artigo de 2006, a ABC News questionou se a Coreia do Norte tinha matérias-primas ou energia suficientes para um projeto tão massivo.[9] Um funcionário do governo norte-coreano disse ao Los Angeles Times em 2008 que a construção não foi concluída "porque [Coreia do Norte] ficou sem dinheiro".[21]

A paralisação na construção, os rumores de problemas e o mistério sobre o seu futuro levaram as fontes de mídia estrangeiras a considerá-lo "o pior edifício do mundo",[17][10] "Hotel Condenado" e "Hotel Fantasma".[15]

Retomada[editar | editar código-fonte]

Vista do topo em setembro de 2008, vários meses após a construção retomada
O edifício em abril de 2010

Em abril de 2008, após 16 anos de inatividade, os trabalhos de construção do edifício foram reiniciado pela empresa egípcia Orascom Group.[15][22] A Orascom, que assinou um acordo de 400 milhões de dólares com o governo norte-coreano para construir e operar uma rede de telefonia móvel 3G, disse que seu negócio de telecomunicações não estava diretamente relacionado ao trabalho do Hotel Ryugyong.[15]

Em 2008, as autoridades norte-coreanas afirmaram que o hotel seria concluído até 2012, coincidindo com o 100º aniversário do nascimento do Presidente Eterno da República, Kim Il-sung.[18] Em 2009, o Chefe de Operações da Orascom, Khaled Bichara, alegou que "não observou muitos problemas estruturais" para resolver no prédio e que um restaurante giratório estará localizado no topo do edifício.[18]

Em julho de 2011, o acabamento exterior foi finalizado.[23] Características que Orascom instalou incluem painéis de vidro exterior e antenas de telecomunicações.[24] Em 2012, fotografias tiradas pela Koryo Tours foram lançadas, mostrando o interior pela primeira vez. Havia poucas acessórios ou mobília.[25][26] Em novembro de 2012, o operador de hotel internacional Kempinski anunciou que operaria o hotel, que deveria abrir parcialmente em meados de 2013.[27][28]

Cancelamento[editar | editar código-fonte]

Em março de 2013, os planos para reabrir o hotel foram suspensos.[29] A Kempinski esclareceu suas declarações anteriores dizendo que apenas "discussões iniciais" já ocorreram,[30] mas que nenhum acordo havia sido assinado porque "a entrada no mercado não é atualmente possível".[31] A Kempinski não deu nenhuma razão, mas os comentaristas sugeriram que as tensões internacionais relacionadas com o teste nuclear norte-coreano de 2013, os riscos econômicos e os atrasos na construção provavelmente desempenharam um papel.[29][31][32]

Segunda retomada[editar | editar código-fonte]

No final de 2016, havia indícios de atividade renovada e um relato de que um representante da Orascom havia visitado a Coreia do Norte.[33] Em 2017 e no início de 2018, havia indícios de obras no local, com vias de acesso sendo construídas.[34][35] Em abril de 2018, foi relatado que um grande display de LED com a bandeira da Coreia do Norte havia sido adicionado ao topo do edifício.[36] Em maio, uma tela de LED foi adicionada a um lado inteiro da estrutura[37] e houve relatos de que o prédio estava sendo preparado para ocupação.[38] Em julho, a tela de LED exibia animações e cenas de filmes.[39] Em junho de 2019, houve uma nova sinalização com o nome do hotel (em letras coreanas e latinas) e seu logotipo na entrada principal.[40]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Hotel Ryugyong em maio de 2012

O Hotel Ryugyong tem 330 metros de altura,[41] tornando-se a característica mais proeminente do horizonte de Pyongyang e de longe a estrutura mais alta na Coreia do Norte. A construção do Hotel Ryugyong foi concebida para ser concluída a tempo para o 13º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes em junho de 1989; se isso tivesse sido alcançado, o edifício teria ganhado o título de hotel mais alto do mundo. O edifício inacabado não foi superado em altura por qualquer novo hotel até a conclusão, em 2009, da torre no topo da Rose Tower em Dubai, Emirados Árabes Unidos. O Hotel Ryugyong é o 63º edifício mais alto do mundo (ao lado do China World Trade Center Tower 3) em termos de altura total e tem a décima maior quantidade de andares. É também o mais alto edifício desocupado do mundo.[42]

Museu da Guerra Vitoriosa e o edifício ao fundo, em 2018

O edifício é composto por três asas, cada uma medindo 100 metros de comprimento, 18 metros de largura e inclinada em um ângulo de 75 graus,[17] que converge em um ponto comum para formar um pináculo. O edifício é coberto por um cone truncado de 40 metros de largura, composto por oito andares que são destinados a rodar, coberto por outros seis pisos estáticos. A estrutura foi originalmente destinada a abrigar cinco restaurantes giratórios e 3 000 ou 7 665 quartos de hóspedes, de acordo com diferentes fontes.[43][20] De acordo com Khaled Bichara da Orascom em 2009, o Ryugyong não será apenas um hotel, mas sim um desenvolvimento de uso misto, incluindo instalações de "restaurante giratório", juntamente com uma "mistura de acomodação em hotel, apartamentos e instalações de negócios".[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Hotel Ryugyong no Emporis
  2. «105 Building, Pyongyang, Korea, North». Asian Historical Architecture. Consultado em 11 de fevereiro de 2010 
  3. Funabashi, Yoichi (2007). The Peninsula Question: A Chronicle of the Second Northern Korean Nuclear Crisis. Washington, DC: Brookings Institution Press. p. 50. ISBN 0-8157-3010-1 
  4. a b c «Ryugyong Hotel». Emporis. Consultado em 9 de fevereiro de 2010 
  5. «Tallest building unoccupied». Guinness World Records (em inglês). Consultado em 29 de abril de 2019 
  6. Berg, Nate (16 de fevereiro de 2016). «North Korea's Best Building Is Empty: The Mystery Of The Ryugyong Hotel». The Daily Beast. Consultado em 14 de Fevereiro de 2016. Cópia arquivada em 14 de Fevereiro de 2016 
  7. Makinen, Julie (20 de maio de 2016). «North Korea is building something other than nukes: architecture with some zing». Los Angeles Times 
  8. «Hotel norte-coreano é considerado o prédio mais feio da terra». Portal G1. 20 de fevereiro de 2009. Consultado em 5 de julho de 2009 
  9. a b c Beckmann, Dan (23 de outubro de 2006). «Pyongyang: Home to the Tallest Hotel in the World That Could, but Will Never Be». ABC News. Consultado em 5 de julho de 2009 
  10. a b Herskovitz, Jon (18 de julho de 2008). «North Koreans revamp 'world's worst building'». The Independent. Londres. Consultado em 5 de julho de 2009 
  11. a b c d Ngor, Oh Kwee (9 de junho de 1990). «Western decadence hits N. Korea». Japan Economic Journal: 12 
  12. «Orascom and DPRK to Complete Ryugyong Hotel Construction». The Institute for Far Eastern Studies. 20 de maio de 2008. Consultado em 9 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 3 de Julho de 2009 
  13. Cramer, James P.; Jennifer Evans Yankopolus, eds. (2006). Almanac of Architecture & Design 7th ed. Atlanta: Greenway Publications. p. 368. ISBN 0-9755654-2-7 
  14. «North Korean hotel dubbed the 'worst building in the world' may finally be finished». The Daily Telegraph. London. 16 de outubro de 2008. Consultado em 25 de agosto de 2010 
  15. a b c d e f g «Will 'Hotel of Doom' ever be finished?». BBC News. 15 de outubro de 2009. Consultado em 13 de outubro de 2009 
  16. «North Korea builds record-height hotel». Engineering News-Record: 41. 15 de novembro de 1990 
  17. a b c Hagberg, Eva (28 de janeiro de 2008). «The Worst Building in the History of Mankind». Esquire. Consultado em 5 de julho de 2009 
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  21. Demick, Barbara (27 de setembro de 2008). «North Korea in the midst of mysterious building boom». Los Angeles Times. Consultado em 14 de dezembro de 2008 
  22. «Korea: N Korea Resumes Construction Of Luxury Hotel». MySinchew. 25 de maio de 2008. Consultado em 5 de julho de 2009 
  23. «Photos: 'Hotel of Doom' Exterior Completed». The Huffington Post. 14 de julho de 2011 
  24. Herskovitz, Jon (17 de julho de 2008). «Lifestyle: North Korea's 'Hotel of Doom' wakes from its coma». Reuters. Consultado em 5 de julho de 2009 
  25. «North Korea's Ryugyong 'Hotel of Doom' pictures released». BBC News. 27 de setembro de 2012 
  26. «Ryugyong Hotel Special Report!». Koryo Tours. Consultado em 4 de Fevereiro de 2014. Cópia arquivada em 10 de Novembro de 2014 
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  28. Yoon, Sangwon (1 de novembro de 2012). «Kempinski to Operate World's Tallest Hotel in North Korea». Bloomberg 
  29. a b «Plan to open high-rise hotel in Pyongyang suspended due to 'market conditions'». Yonhap News Agency. 29 de março de 2013. Consultado em 31 de Dezembro de 2015. Cópia arquivada em 4 de Junho de 2013 
  30. Strochlic, Nina (22 de maio de 2014). «Nobody's Home at the Hermit Kingdom's Ghost Hotel». The Daily Beast. New York. Consultado em 31 de Dezembro de 2015. Cópia arquivada em 12 de Novembro de 2015 
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  33. O'Carroll, Chad (2 de dezembro de 2016). «Lights on at North Korea's Ryugyong 'hotel of doom'». NK News 
  34. Sherwell, Philip (6 de agosto de 2017). «'Hotel of Doom' takes Kim's illusion-building sky high». The Times (em inglês). Consultado em 6 de agosto de 2017 
  35. O'Carroll, Chad (26 de fevereiro de 2018). «New roads connected to Pyongyang's unfinished Ryugyong Hotel». NK News 
  36. O'Carroll, Chad (2 de abril de 2018). «Huge LED display added to top of Pyongyang's iconic Ryugyong Hotel: photo». NK News 
  37. Talmadge, Eric (30 de dezembro de 2018). «World's tallest empty hotel lit up with N. Korean propaganda». Consultado em 31 de outubro de 2019 
  38. O'Carroll, Chad (21 de maio de 2018). «Enormous LED light wall added to side of Pyongyang's Ryugyong Hotel». NK News 
  39. Zwirko, Colin (20 de julho de 2018). «Despite sanctions, multiple new construction projects emerging in Pyongyang». NK News 
  40. McGowan, Michael (27 de junho de 2019). «Australian student reportedly arrested in North Korea out of contact since Tuesday, family say». The Guardian 
  41. «North Korea's 'Hotel of Doom' to open 24 years after construction: by numbers». The Daily Telegraph. 10 de outubro de 2011 
  42. «Tallest building unoccupied». Guinness World Records. Consultado em 5 de março de 2016 
  43. Randl, Chad (2008). Revolving Architecture: A History of Buildings That Rotate, Swivel, and Pivot. New York: Princeton Architectural Press. p. 133. ISBN 978-1-56898-681-4 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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