História intelectual – Wikipédia, a enciclopédia livre

A História Intelectual é um campo da historiografia abrangente e plural, cujas abordagens se sobrepõem com outros campos da pesquisa história, e é frequentemente definido por seu contraste com as práticas e premissas da história das ideias.[1] Anteriormente à sua emergência explícita enquanto campo da história, pesquisas semelhantes e pioneiras eram identificadas com a história da filosofia ou crítica literária.[2]

Em diferentes contextos linguísticos e intelectuais, campos similares à história intelectual adotam outras denominações e guardam divergências metodológicas, sendo de difícil identificação o caráter comum entre todas, apesar da frequente associação. Assim, na Alemanha, Geistesgeschichte e Begriffsgeschichte ocupam lugares correspondentes à história intelectual, e ainda assim uma correspondência ambígua.[3] Na França, a Histoire de philosophie e a Histoire du champ intellectual são associadas à 'história intelectual' anglófona.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Uma possível genealogia da história intelectual remonta aos debates sobre os méritos relativos dos antigos e modernos no período tardio do século XVII, passando posteriormente por figuras como Vico e Voltaire, na busca de reconstruir os estágios do pensamento e da sensibilidade humana, se diferenciando dos estudos clássicos da época. Essas historiografias eram, porém, envoltas em polêmicas e argumentações filosóficas.[2] Obras precursoras da abordagem da história intelectual no mundo anglófono podem ser encontradas no fim do século XIX e início do XX, como, por exemplo, o livro de Leslie Stephen - The History of English Thought in the Eighteenth Century (A História do Pensamento Inglês no Século Dezoito) - e J.T. Merz - The History of European Thought in the Ninetheenth Century (A História do Pensamento Europeu no Século Dezenove).[2] Já no século XX, outros pesquisadores vindos de diferentes formações, e em sua maioria imigrantes da Europa continental, foram influentes no desenvolvimento da pesquisa no Reino Unido, entre ele Aby Warburg, Isaiah Berlin, Arnaldo Momigliano e Herbert Butterfield. Nos Estados Unidos, A.O. Lovejoy foi responsável por elaborar um dos primeiros programas metodológicos para estudar o que ele chamou de história das ideias, manifesto no seu celebre trabalho The Great Chain of Being: A Study of the History of an Idea (A Grande Cadeia do Ser: Um Estudo da História de uma Ideia).[5]

Em torno do meio do século XX, as obras desse gênero eram tratadas frequentemente como suplementos para o estudo do 'pano de fundo' de outros eventos históricos, o que mais tarde vai ser substituído pela valorização do contexto e da contextualização como missão da historiografia, principalmente na forma da história da ciência e história do pensamento político, os dois focos mais relevantes e com mais repercussão no período.[5]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Collini 2015, p. 7.
  2. a b c Collini 2015, p. 8.
  3. Assis, Arthur Alfaix (2021). «History of Ideas and Its Surroundings». www.bloomsburyhistorytheorymethod.com (em inglês). doi:10.5040/9781350970830.037. Consultado em 18 de dezembro de 2022 
  4. Collini 2015, p. 10.
  5. a b Collini 2015, p. 9.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Collini, Stefan (2015). «The Identity of Intellectual Hisyory». In: Whatmore, Richard. A companion to intellectual history. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 9781118294802 
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