Mísia – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para a cantora portuguesa, veja Mísia (cantora).
Mapa da região, mostrando a Mísia.

Mísia (em grego: Μυσία; em latim: Mysia) era uma região no noroeste da antiga Ásia Menor (Anatólia), atualmente no território da Turquia, na costa sul do mar de Mármara. Ela fazia fronteira com a Bitínia a leste, Frígia ao sudeste, Lídia ao sul, Eólia ao sudoeste, Tróade a oeste e pelo Propôntida (mar de Mármara) ao norte. A região era habitada originalmente pelos gregos mísios, frígios e eólios principalmente, mas também por outros grupos.

Geografia[editar | editar código-fonte]

 Nota: Para outras regiões chamadas de "Frígia", veja Frígia (desambiguação).

Os limites da Mísia são difíceis de precisar. A fronteira frígia mudava constantemente enquanto que a Tróade era, às vezes, incluída na Mísia. A porção norte era conhecida como Frígia Menor (Phrygia Minor; μικρὰ Φρυγία) e a sul, Frígia Maior (Phrygia Major) ou "Pergamene". A Mísia foi também conhecida, posteriormente, como Frígia Helespôntica (Phrygia Hellespontica; Ἑλλησποντιακὴ Φρυγία) ou Frígia Epitecta (Phrygia Epictetus; ἐπίκτητος Φρυγία - "Frígia Adquirida"), assim chamada pelos atálidas quando eles anexaram a região ao Reino de Pérgamo[1].

Durante o reinado de Augusto, a Mísia ocupava todo o canto noroeste da Ásia Menor entre o Helesponto e o Propôntida ao norte, Bitínia e Frígia para leste, Lídia para o sul e o Mar Egeu para oeste[2].

Território e elevação[editar | editar código-fonte]

As principais características da geografia da Mísia eram duas montanhas - Monte Olimpo no norte e o Monte Temnus no sul - que, em parte de sua extensão, separavam a Mísia da Lídia e depois se prologam por todo o território mísio até as proximidades do golfo de Adramício. Os maiores rios na porção norte da região são o Macestus (Simav) e seu afluente, o Ríndaco (Rhyndacus; Mustafakemalpaşa), ambos nascidos na Frísia e, depois de se afastarem na Mísia, se unem abaixo do lago Apolloniatis (Uluabat), a uns 25 quilomêtros do Propôntida. O Caïcus (Bakırçay), no sul, nasce em Temnus e corre para o oeste até desembocar no Egeu, passando a poucos quilômetros de Pérgamo. Na norte estão ainda dois consideráveis lagos, o já citado Apolloniatis (ou Artynia) e o Aphinitis, que descarregam suas águas no Macestus a partir do leste e oeste respectivamente.

Cidades na Mísia[editar | editar código-fonte]

As mais importantes cidades eram Pérgamo, no vale do Caico, e Cízico, no Propôntida. Toda a costa marítima estava apinhada de povoações gregas, algumas delas de considerável importância; a porção norte incluía Pário, Lâmpsaco e Abidos e a sul, Assos e Adramício. Mais para o sul, no golfo Eleático, estavam Eleia, Mirina e Cime.

História[editar | editar código-fonte]

Período pré-romano[editar | editar código-fonte]

Um episódio menor do ciclo da Guerra de Troia na mitologia grega conta que a frota grega desembarcou na Mísia acreditando estar em Troia. Aquiles feriu o rei local, Télefo, depois de ele ter assassinado um grego. O rei, ferido, então implora ao herói grego para poder tratar da ferida. Esta região costeira governada por Télefo é alternativamente chamada de "Teutrânia" na mitologia grega e foi antes governada pelo rei Teutras. Na Ilíada, Homero representa os mísios como aliados de Troia, com as forças mísias, lideradas por Ennomus (um profeta) e Crômio, filho de Arsínoo. A Mísia homérica parece ter sido muito menor que a histórica e não se estendia para o norte do Helesponto ou do Propôntida.

Homero também não menciona cidades ou marcos geográficos na Mísia e não é claro exatamente onde localizava-se a Mísia homérica, embora seja provável que estivesse em algum lugar entre a Tróade (a noroeste da Mísia) e a Lídia/Meônia (para o sul).

Há diversas inscrições mísias num dialeto da língua frísia e escritos numa variante do alfabeto frígio. Há também umas poucas referências a uma língua lutesca indígena da região nas fontes gregas eólicas[3].

Província de Helesponto[editar | editar código-fonte]

Provincia Hellespontica
Província de Helesponto
Província do(a) Império Romano e do Império Bizantino
 
293século VII


Província da Helesponto num mapa da Diocese da Ásia (c. 400)
Capital Cízico

Período Antiguidade Tardia
293 Reformas de Diocleciano
século VII Adoção dos sistema temático
século XIII Perda definitiva da região

Durante o reinado do Império Aquemênida, o canto noroeste da Ásia Menor, ainda ocupado pelos frígios e principalmente pelos eólios era chamado de "Frígia Menor" e, pelos gregos, de "Helesponto". Depois que o Império Romano derrotou Antíoco, o Grande, na Guerra romano-síria, a região, que estava sob controle do Império Selêucida, passou para as mãos do aliado de Roma, o Reino de Pérgamo e, com a morte do rei Átalo III em 133 a.C., passou, por herança, para a própria Roma, que anexou a região à província da Ásia. Posteriormente, ela foi transformada numa província proconsular chamada Helesponto[2].

Quando o sistema temático foi adotado, a partir do século VII, a região passou a ser governada pelo Tema Opsiciano.

Sés episcopais[editar | editar código-fonte]

As sés episcopais da província que aparecem no Anuário Pontifício como sés titulares são[4]:

Pontes antigas[editar | editar código-fonte]

Ruínas de diversas pontes romanas podem ser encontradas na região:

Referências

  1. Estrabão, Geografia, Livro XII, Capítulo 5, 3 [fr] [en] [en] [en]
  2. a b William Smith, New Classical Dictionary of Biography, Mythology, and Geography, entry: "Mysia"
  3. Titchener, J.B. (1926), Synopsis of Greek and Roman Civilization, Cambridge MA
  4. Annuario Pontificio 2013 (Libreria Editrice Vaticana 2013 ISBN 978-88-209-9070-1), "Sedi titolari", pp. 819-1013

Ligações externas[editar | editar código-fonte]