Guilherme Almor de Alpoim Calvão – Wikipédia, a enciclopédia livre

Guilherme Almor de Alpoim Calvão
Nascimento 6 de janeiro de 1937
Chaves
Morte 30 de setembro de 2014
Cascais
Cidadania Portugal
Ocupação escritor
Prêmios
  • Cavaleiro da Ordem Militar de Avis
  • Official da Ordem da Torre e Espada

Guilherme Almor de Alpoim Calvão OTEMOVM • 2 MPCGCvAMPSDMSMMMOCE (Chaves, Rua do Dólar, 6 de janeiro de 1937Cascais, Cascais, 30 de setembro de 2014) foi um militar português,[1] um dos mais condecorados oficiais das Forças Armadas Portuguesas[2][3] durante o Estado Novo.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de Guilherme de Faria Calvão e de sua mulher Virgínia de Montalvão e Alpoim Gordilho.

Ingressou na Escola do Exército em 1953 e fez o curso de Marinha da Escola Naval entre 1954 a 1957. Em 1959, frequentou o Clearance Diving Course a bordo do HMS Vemon, e em 1962 concluiu o curso de especialização em submersíveis, tendo ainda concluído em 1966 o Curso Geral Naval de Guerra.[1] Como mergulhador, participou em 1965 no resgate da fragata Dom Fernando II e Glória.[4] Participou na Guerra Colonial Portuguesa, sendo conhecido por ter sido o comandante da célebre invasão da Guiné-Conacri em 22 de novembro de 1970.[2][5] Na Marinha, chegou a Capitão de mar e guerra, tendo recebido dezasseis louvores ao longo da sua carreira.[1] Foi convidado a fazer parte do movimento militar que levou à Revolução de 25 de Abril, mas recusou-se a participar na mesma.[3][5] Sobre a razão que o levou a não participar, Alpoim Calvão afirmou mais tarde:

Participou no fracassado golpe de 11 de Março de 1975,[5] tendo fugido para Espanha seis dias depois.[6][7] Devido a isso, acabou por ser expulso das Forças Armadas Portuguesas pelo Decreto-Lei n.º 147-D/75 de 21 de março de 1975.[8]

Já no exílio, associou-se ao Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) de António de Spínola, um grupo de ação política anticomunista que levou a cabo ações violentas contra membros de partidos de esquerda entre 1975/1976.[9][10] Após a fuga de Portugal radicou-se no Brasil, tendo-se diplomado em administração de empresas no Rio de Janeiro em 1977 e feito o curso de piloto de aviões monomotores.[1]

Voltou pela primeira vez a Portugal em 1978, tendo sido reintegrado nas Forças Armadas Portuguesas nesse mesmo ano, passou à reserva em 1986 e à reforma em março de 1990.[11][2]

Nos últimos anos de vida, vivia entre Cascais e a Guiné-Bissau, onde tinha uma fábrica de transformação de caju e onde fundou a Liga de Combatentes das Forças Armadas Especiais Portuguesas na Guiné-Bissau. Enquanto mecenas, contribuiu em 1996 para o restauro da fragata Dom Fernando II e Glória, adquiriu e doou ao Museu de Marinha em 1999 o altar portátil que acompanhou a primeira expedição portuguesa para a Índia, e em 2014 doou à Marinha o seu espólio documental, uma semana antes da sua morte.[4]

Faleceu no Hospital de Cascais a 30 de setembro de 2014, vítima de doença prolongada.[2][3] As suas cinzas foram atiradas ao mar a partir da fragata NRP Corte Real, numa cerimónia onde participaram familiares e o chefe de Estado-Maior da Armada.[12]

Cargos[editar | editar código-fonte]

Alpoim Calvão exerceu os seguintes cargos ao longo da sua carreira:[1]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Alpoim Calvão recebeu as seguintes condecorações:[1]

Obra[editar | editar código-fonte]

Alpoim Calvão é autor dos seguintes livros, para além de ter publicado dezenas de artigos em jornais e revistas:[1]

  • De Conakry ao MDLP
  • Contos de Guerra
  • O 11 de Março - peças de um processo

Referências

  1. a b c d e f g Fonte, Barroso da (coord.) (1998). Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses. I. Guimarães: Editora Cidade Berço. ISBN 9729674620 
  2. a b c d e Luísa Meireles (30 de setembro de 2014). «Morreu Alpoim Calvão, o operacional anticomunista». Expresso. Consultado em 1 de outubro de 2014 
  3. a b c d «Morreu Alpoim Calvão». TVI24. 30 de setembro de 2014. Consultado em 30 de setembro de 2014 
  4. a b Rui Hortelão (2 de outubro de 2014). «Guilherme Almor de Alpoim Calvão (1937-2014)». Cofina Media, SGPS. Revista Sábado (544). 28 páginas 
  5. a b c d «Entrevista com Alpoim Galvão». Centro de Documentação 25 de Abril. Universidade de Coimbra. Consultado em 23 de março de 2012 
  6. «Cronologia pulsar da revolução (março de 1975)». Centro de Documentação 25 de Abril. Universidade de Coimbra. Consultado em 23 de março de 2012 
  7. Sanchez Cervelló, Joseph; Cruzeiro, Manuela (trad.); Coimbra, Maria Natércia (trad.) (1994). «Cronologia das organizações de direita (1973-1976)» (PDF). Centro de Documentação 25 de Abril. Universidade de Coimbra. Consultado em 23 de março de 2012 
  8. «Decreto-Lei n.º 147-D/75 (21 de março de 1975)» (PDF). Diário da República eletrónico. Imprensa Nacional Casa da Moeda. Consultado em 23 de março de 2012 
  9. «MDLP». Infopédia. Porto Editora. Consultado em 23 de março de 2012 
  10. «Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (1975)». Partidos e Movimentos Portugueses. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Consultado em 23 de março de 2012. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2012 
  11. «Explicações da Marinha confundem Bloco de Esquerda». www.dn.pt. Consultado em 5 de abril de 2023 
  12. «Quer deitar cinzas ao mar? A Marinha ajuda». Observador. 17 de outubro de 2014. Consultado em 11 de novembro de 2014 
  13. a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Guilherme Almor de Alpoim Calvão". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 23 de abril de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]