Guigó-da-caatinga – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Família: Pitheciidae
Gênero: Callicebus
Espécie: C. barbarabrownae
Nome binomial
Callicebus barbarabrownae
(Hershkovitz, 1990)
Distribuição geográfica

Guigó-da-caatinga (nome científico: Callicebus barbarabrownae),[2] também genericamente referido como guigó,[3] japuçá, saá, uaiapuçá, uapuçá, iapuçá, sauá, boca-d'água, zogó, zogue-zogue, sauá,[4] e calicebo,[5] é uma espécie do gênero guigó (Callicebus), isto é, de macaco do Novo Mundo, da família dos piteciídeos (Pitheciidae) e subfamília calicebíneos (Callicebinae).[6] Ocorre nas áreas mais altas da costa da Bahia, no Brasil, entre o rio Paraguaçu e o rio Itapicuru. Já foi amplamente distribuídos nas florestas ao sul do rio São Francisco, mas atualmente ocorre apenas em regiões do interior na Caatinga e existem apenas 250 indivíduos em liberdade.[1] Possui testa e tufos pretos nas orelhas, com pelos brancos nas bochechas e no resto do corpo, com cauda marrom avermelhada.[7]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Guigó foi construído a partir de uma onomatopeia,[8] enquanto sauá advém do tupi sawá[4] ou sa'gwa, que por sua vez está ligado a sagwa'su, que significa literalmente "macaco grande".[9] A forma tupi ainda gerou as demais variantes iapuçá, japuçá, uaiapuçá, uapuçá.[10] Zogó e zogue-zogue têm origem obscura.[11]

Habitat e ecologia[editar | editar código-fonte]

O habitat de preferência desses primatas ocorre no bioma da Caatinga, mais especificamente nas áreas matagal seco ou arbórea densa. Eles tendem a ser, em grande parte, habitantes da floresta arbórea, e os primatas provavelmente raramente desce ao solo. Eles são pequenos em tamanho e são primatas ágeis, eles também são bons escaladores pelos galhos em todos os quatro membros, usando seus membros posteriores para pular longas distâncias, agarrando-se aos galhos. Enquanto descansam, eles curvam o corpo, pendurando a cauda em um galho.[1]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Apesar de abrigar inúmeras espécies não encontradas em nenhum outro lugar do mundo, apenas um por cento das florestas da Bahia, lar desta espécie, estão sob qualquer forma de proteção e como uma série de atividades destrutivas continuam a degradar a área, a ação é necessária para proteger o habitat desses primatas.[12] Diversas organizações, incluindo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, estão trabalhando para promover o estudo e a proteção dos primatas ameaçados no Brasil.[13] A Conservation International também está ajudando a estabelecer um Corredor Central de Biodiversidade que visa conectar florestas fragmentadas, enquanto o World Wide Fund for Nature (WWF) está desenvolvendo uma estratégia geral de conservação para as florestas atlânticas brasileiras. Mais pesquisas são necessárias sobre a ecologia e o status desta espécie enigmática se ela quiser ser retirada da beira da extinção.[1]

População[editar | editar código-fonte]

Esta espécie está listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como "em perigo crítico" devido ao pequeno tamanha de sua população. A espécie é endêmica da Mata Atlântica do leste do Brasil, onde é encontrada nas montanhas costeiras dos estados da Bahia e do Sergipe. A maior parte de sua população encontra-se entre o rio Paraguaçu (norte) e Salvador (sul), e a oeste em direção a Mirorós. A população estimada é de 260 indivíduos e se encontra em declínio.[1]

Principais ameaças[editar | editar código-fonte]

Por habitar uma região brasileira, esses macacos estão sujeitos a um amplo desmatamento e fragmentação de habitat. A pecuária, a agricultura e a urbanização contínua são as principais ameaças. A área está em rápido desenvolvimento, facilitada por uma extensa rede de rodovias. Outras ameaças incluem perigos potenciais de estradas e linhas de energia e predação por animais domésticos. Esta espécie ocorre em pequenas populações fragmentadas que estão expostas a riscos genéticos e demográficos sinérgicos. A pressão de caça precisa ser verificada, mas provavelmente é moderada devido ao pequeno tamanho do corpo. Durante as pesquisas, alguns indivíduos foram encontrados sendo mantidos como animais de estimação. A espécie não é encontrada em nenhuma área oficialmente protegida.[1]

Referências

  1. a b c d e f Printes, R. C.; Jerusalinsky, L.; Alonso, A. C.; Mittermeier, R. A. (2021). «Blond Titi Monkey - Callicebus barbarabrownae». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T39929A191703041. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T39929A191703041.en. Consultado em 17 de julho de 2021 
  2. «Mamíferos - Callicebus barbarabrownae - Guigó-da-caatinga - Avaliação do Risco de Extinção de Callicebus barbarabrownae Hershkovitz, 1991 no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente 
  3. «Macaco-guigó». Fauna. 30 de janeiro de 2015 
  4. a b «Sauá». Michaelis. Consultado em 16 de julho de 2021 
  5. «Calicebo». Michaelis. Consultado em 17 de julho de 2021 
  6. Groves, C. P. (2005). «Callicebus (Callicebus) barbarabrownae». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 149. ISBN 0-801-88221-4. OCLC 62265494 
  7. van Roosmalen, M.G.M.; van Roosmalen, T.; Mittermeier, R. (2002). «A taxonomic review of the titi monkeys, genus Callicebus Thomas, 1903, with the description of two new species, Callicebus bernhardi and Callicebus stephennashi, from Brazilian Amazonia» (PDF). Neotropical Primates. 10 (Suppl.): 1-52 
  8. «Guigó». Michaelis. Consultado em 16 de julho de 2021 
  9. Houaiss, verbete sauá
  10. Houaiss, verbete Iapuçá
  11. Houaiss, verbete Zogó e zogue-zogue
  12. «Atlantic Forests» (em inglês). World Wide Fund for Nature. Março de 2010. Consultado em 16 de julho de 2021. Cópia arquivada em 7 de setembro de 2012 
  13. «Atlantic Forest» (em inglês). Biodiversityhotspots.org. Março de 2010. Consultado em 10 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2011 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]