Guerra mundial – Wikipédia, a enciclopédia livre

A nuvem em forma de cogumelo deixada pela bomba atômica que explodiu a 550 metros de altitude no centro de Nagasaki, Japão, a 9 de agosto de 1945, atingiu 18 quilômetros de altura.

Guerra mundial é o termo utilizado para referir-se a um conflito bélico de grandes proporções envolvendo um grande número de nações e países de distintos continentes. Nesses termos, pode se referir à:

Única guerra mundial[editar | editar código-fonte]

Certos cientistas, a exemplo de Arno Mayer e George Steiner, analisam as duas guerras mundiais do século XX como uma única guerra, com um longo armistício caracterizados por uma paz precária na qual beligerantes "descansaram" da Grande Guerra (1914–1918) para retomar as efetivas agressões poucos anos depois na década de 1930. Assim referem-se como a "Segunda Guerra dos Trinta Anos" ou a "Guerra dos Trinta Anos do Século XX" — em alusão à Guerra dos Trinta Anos, ocorrida no século XVII e geradora do sistema da Paz de Vestfália. Tal concepção recebe críticas por transparecer que o conflito de 1939–1945 tenha sido evento inevitável decorrente da guerra anterior.[1][2][3][4][5][6][7][8][9]

Além disso, esse período é também referido como a "crise dos trinta anos (1914-1945)", uma denominação também do historiador Arno Mayer[10] (parafraseando o título de um estudo de E. H. Carr que foi praticamente contemporâneo aos acontecimentos).[nota 1] Trata-se das três críticas décadas que incluem as duas guerras mundiais e o conturbado Período entreguerras, com a decomposição dos impérios austro-húngaro, turco-otomano e russo; a agudização das tensões sociais que levaram a conflitos armados como as revoluções mexicana, a russa e a chamada Revolução espanhola simultânea à Guerra civil, e guerras internas como a guerra anglo-irlandesa, cujo cessar-fogo desencadeou uma guerra civil na Irlanda depois de haver obtido a independência; a crise do sistema capitalista manifesta desde a Quinta-Feira Negra de 1929; e o surgimento dos fascismos e sistemas políticos autoritários. Paralelamente, se desenvolveram os primeiros Estados Sociais de Direito, como a República de Weimar, práticas de pacto social como os Acordos Matignon, e se aplicam as teorias econômicas de John Maynard Keynes (divergentes do liberalismo clássico) nos programas intervencionistas do New Deal de Franklin Delano Roosevelt. A correspondente crise intelectual se manifestou nas mudanças revolucionárias de paradigmas científicos e na revolução estética das vanguardas. Estendeu-se a consciência de ter entrado em um mundo radicalmente novo, em que a ordem social tradicional havia se subvertido para sempre, e caracterizada pelo protagonismo das massas ante às quais as elites buscavam novas formas de controle (conceito de Manufacturing consent do periodista Walter Lippmann e Edward Bernays, sobrinho de Freud, que aplicou as técnicas da psicanálise à publicidade e às relações públicas na dinâmica sociedade estadunidense; obras de grande altura intelectual, como O Declínio do Ocidente de Oswald Spengler o A Rebelião das Massas de José Ortega y Gasset).[11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Vinte Anos de Crise (1919-1939). A primeira edição é de 1939 e a segunda de 1945.

Referências

  1. Da Silva, Francisco Carlos Teixeira (14 de outubro de 2003). «BRASIL NA 1ª GUERRA: Para acabar com todas as guerras». www.observatoriodaimprensa.com.br. Observatório da Imprensa. Consultado em 18 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2017 
  2. Silva, Francisco (25 de setembro de 2015). Enciclopédia de Guerras e Revoluções - Vol. I: 1901-1919: A Época dos Imperialismos e da Grande Guerra (1914-1919). [S.l.]: Elsevier Brasil. ISBN 9788535275230 
  3. Teixeira, Francisco (10 de maio de 2005). «A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E O HORROR, 60 ANOS DEPOIS». www.geografiaparatodos.com.br. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  4. Breton, Philippe (1994). «A «SEGUNDA GUERRA DOS TRINTA ANOS»» (PDF). A Utopia da Comunicação. Instituto Piaget. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  5. Coggiola, Osvaldo. «A Segunda Guerra Mundial - Causas, Estrutura, Consequências» (PDF). ResearchGate. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  6. Roio, Marcos DEL (1 de janeiro de 2009). «O FIM DO IMPÉRIO DO ORIENTE E A ILUSÃO DA UNIVERSALIDADE DO OCIDENT». Revista Aurora. 3 (1). ISSN 1982-8004 
  7. Mayer, Arno (1987). «Introdução» (PDF). A força da tradição: a persistência do antigo regime (PDF). São Paulo: Cia das Letras. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  8. FrogSites. «ICLAS - Instituto de Culturas Lusófonas Antonio Borges Sampaio »» Amigos do Elos de Uberaba». www.uaisites.adm.br. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  9. Daehnhardt, Patrícia (junho de 2014). «As origens da Grande Guerra e o estatuto de Grande Potência: o caso da Alemanha». Relações Internacionais (R:I) (42): 79–93. ISSN 1645-9199 
  10. Arno Mayer (1981). The Persistence of the Old Regime: Europe to the Great War. [S.l.: s.n.] 
  11. The Century of Self. [S.l.]: BBC. 2002