Granada (país) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Granada (desambiguação).

Granada
Grenada
Bandeira de Granada
Brasão Granada
Brasão Granada
Bandeira Brasão de Armas
Lema: "Ever Conscious of God We Aspire, and Advance as One People" ("Conscientes de Deus Aspiramos, e Avançamos como um só Povo ")
Hino nacional: "Hail Grenada" ("Salve Granada")
Gentílico: granadino(a)[1]

Localização Granada
Localização Granada

Capital São Jorge[2]
12° 3' N 61° 45' O
Cidade mais populosa São Jorge
Língua oficial Inglês
Línguas reconhecidas:
crioulo inglês de Granada e crioulo francês de Granada
Governo Monarquia constitucional
• Rei Carlos III
• Governadora-geral Cécile La Grenade[3]
• Primeiro-ministro Dickon Mitchell
Independência do Reino Unido 
• Data 7 de fevereiro de 1974 
Área  
  • Total 344 km² (184.º)
 • Água (%) 1,6
 Fronteira fronteira marítima com São Vicente e Granadinas (NE), Trinidad e Tobago (SE), e Venezuela (SW)
População  
  • Estimativa para 2021 124 610[4] hab. (179.º)
 • Densidade 318.58 hab./km² (45.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2021
 • Total US$ 2,3 bilhões[5] 
 • Per capita US$ 20 195[5] 
IDH (2019) 0,779 (74.º) – alto[6]
Moeda Dólar do Caribe Oriental (XCD)
Fuso horário (UTC-4)
 • Verão (DST) não observado
Cód. ISO GRD
Cód. Internet .gd
Cód. telef. +1-473
Website governamental http://www.gov.gd/

Granada (em inglês: Grenada; pronunciado: [ɡrɨˈneɪdə] (escutar); em francês: La Grenade, pronunciado: [la ɡʁə.nad]) é um país caribenho, constituído pela ilha homónima e pela metade sul das ilhas Granadinas, das quais a maior é Carriacou. Tem fronteira marítima com São Vicente e Granadinas, a nordeste, e está também próxima de Trinidad e Tobago, a sudeste, e da Venezuela, a sudoeste. A capital do país é São Jorge[2] (Saint George's em inglês).

Granada é também conhecida como a "Ilha das Especiarias", por causa da produção de noz-moscada, da qual é um dos maiores exportadores do mundo. Sua área territorial é de 344 km², com uma população estimada em cerca de 110 000 habitantes.[7] O pássaro nacional de Granada é a pomba-de-granada, que se encontra na lista de espécies em perigo crítico.

História[editar | editar código-fonte]

Cristóvão Colombo, navegador genovês

Por volta do século XV, os índios caribes expulsaram da ilha seus primitivos povoadores, os aruaques.[8] Granada foi descoberta em 15 de agosto de 1498, por Cristóvão Colombo,[9] que lhe deu o nome de Concepción.[10] Os espanhóis, porém, não tentaram colonizá-la: manteve-se em poder dos caribes por mais de um século e meio.

Em 1650, o governador francês da Martinica fundou uma colônia em São Jorge e exterminou os índios caribes,[11] passando a importar escravos negros para a plantação de cana-de-açúcar.[12] Até 1762, a ilha ficou sob o domínio francês, quando a ilha passou a depender da coroa britânica,[12] mas após um ataque francês, em 1779,[12] perdeu o território, recuperando-o definitivamente em 1783, pelo Tratado de Versalhes.[8][13]

Entre 1795 e 1796, ocorreu uma rebelião de escravos, fomentada pelos franceses, mas sufocada pelos britânicos.[14] Em 1833, aboliu-se a escravidão.[15] De 1885 a 1958, Granada foi o centro administrativo das ilhas britânicas de Barlavento[16] e de 1958 a 1962 membro da Federação Britânica das Índias Ocidentais. Cinco anos depois tornou-se um dos Estados Associados das Antilhas Britânicas, com regime autônomo.

A 7 de fevereiro de 1974 transformou-se em estado independente.[8] Em 1979, um golpe de Estado de inspiração marxista levou ao poder Maurice Bishop, que estreitou os laços com Cuba e a União Soviética. Em particular, o regime trabalhou para desenvolver políticas sociais: foi criado um Centro de Educação Popular para coordenar as iniciativas educacionais do governo, incluindo campanhas de alfabetização. A aprendizagem do crioulo grenadiano foi permitida nas escolas. Contudo, a tendência do governo de Bishop para marginalizar o papel da Igreja na educação contribuiu para a deterioração das relações com o clero. No sector da saúde, as consultas médicas foram feitas gratuitamente com a ajuda de Cuba, que forneceu médicos, e o leite foi distribuído a mulheres grávidas e crianças. No sector económico, as autoridades criaram um sistema de empréstimos financeiros e materiais para os agricultores, e foram criadas cooperativas agrícolas para desenvolver a actividade. O governo de Bishop também trabalhou para desenvolver infraestruturas, incluindo a construção de novas estradas e a modernização da rede eléctrica. Finalmente, o governo reprimiu o cultivo da marijuana para encorajar a agricultura alimentar e reduzir a violência. A nível internacional, Grenada estava cada vez mais isolada. O Reino Unido suspendeu a ajuda económica e os Estados Unidos usaram a sua influência para bloquear empréstimos do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.[17] Uma cisão dentro do grupo governante desembocou na insurreição dirigida pelo general Hudson Austin em outubro de 1983, que deu lugar à execução de Bishop e à intervenção militar conjunta dos Estados Unidos e de países pertencentes à Organização dos Estados do Caribe Oriental. As tropas cubanas que haviam ajudado o regime anterior foram evacuadas. O Novo Partido Nacional, encabeçado por Herbert Blaize, ganhou as eleições de 1984 e, ano seguinte, os Estados Unidos retiraram suas tropas.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Geografia de Granada

De origem vulcânica,[18] Granada é atravessada de norte a sul por uma cadeia de montanhas[18] cujo ponto culminante está no monte Saint Catherine, de 840 m de altitude. O Grande Estanque, no centro da ilha, é um lago que ocupa a cratera de vulcão extinto, a 530 m de altitude. A costa norte tem muitas praias, e a do sul numerosas enseadas, que formam portos naturais.

O clima, dada a latitude do país, 12°N, é tropical marítimo com duas estações: a úmida (junho-dezembro) e a seca (janeiro-maio). Com relativa frequência é atingida por ciclones que causam grandes danos à agricultura.

As chuvas frequentes e intensas, e o solo fértil, de sedimentos vulcânicos, dão lugar a uma densa vegetal tropical, em que se destacam madeiras de lei, como o mogno. Bananeiras, coqueiros e mangueiras crescem em profusão. Entre as especiarias características da ilha estão a noz-moscada, o gengibre, a pimenta e a baunilha. A fauna inclui macacos, cutias, tartarugas e caranguejos terrestres.[carece de fontes?]

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Subdivisões de Granada

Granada está subdividida em seis paróquias e uma dependência:

Paróquias:

Dependência:

Paróquias de Granada

Nota: A dependência de Carriacou é composta por várias ilhas, as maiores são a ilha Carriacou e a Petit Martinique (às vezes chamada Petite Martinique ou Little Martinique).

Política[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Política de Granada

A forma de governo adotada em Granada é a monarquia parlamentarista.[18] Granada integra a Comunidade Britânica de Nações, e o monarca britânico, o chefe de Estado.[18] O governo é dirigido pelo primeiro-ministro,[18] responsável ante o Parlamento, que se compõe de 15 representantes eleitos por cinco anos[18] e 13 senadores.[18]

O Tribunal Supremo Caribenho Oriental é composto de um Tribunal da Apelação e uma Suprema Corte de Justiça (dois juízes de Corte Suprema são destinados a residir na Granada);[18] Corte Itinerante de Apelação com três juízes[18] membro da Corte Caribenha de Justiça (CCJ).[18]

Os principais partidos políticos de Granada são o Novo Partido Nacionalista (NPN), Congresso Nacional Democrático (CND) e Trabalhista Unido de Granada (Gulp).[19]

Relações estrangeiras[editar | editar código-fonte]

Grenada é membro titular e participante da Comunidade do Caribe (CARICOM) e da Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECS).[20]

Organização dos Estados Americanos (OEA)[editar | editar código-fonte]

Grenada é um dos 35 Estados que ratificaram a Carta da OEA e é membro da Organização.[21][22] Grenada entrou no Sistema Interamericano em 1975, de acordo com o site da OEA.[23]

FATCA[editar | editar código-fonte]

Em 30 de junho de 2014, Granada assinou um acordo Modelo 1 com os Estados Unidos da América em relação à Lei de Conformidade Fiscal de Contas Estrangeiras (FATCA).[24]

Militar[editar | editar código-fonte]

Grenada não tem forças armadas permanentes, deixando as funções militares típicas para a Força Policial Real de Grenada (incluindo uma Unidade de Serviços Especiais) e a Guarda Costeira de Grenada.

Em 2019, Granada assinou o tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares.[25]

Economia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Economia de Granada
Principais produtos de exportação de Granada em 2019 (em inglês).
A Noz moscada, exclusivo das ilhas Banda até meados do século XIX

Nos primeiros anos da década de 1980, Granada desenvolveu um sistema econômico controlado pelo Estado,[26] que dependia basicamente das exportações agrícolas e do turismo. A pesca se desenvolveu com a ajuda técnica de Cuba e da ex-União Soviética.[26] Posteriormente, se fomentou o surgimento de economia de mercado com apoio americano e de instituições financeiras internacionais.[26]

A agricultura compreende aproximadamente um quinto do produto interno bruto e emprega um terço da força de trabalho.[18] A terra cultivável é pouco aproveitada e os principais produtos agrícolas, basicamente destinados à exportação, são o coco, a banana, a cana-de-açúcar, as cítricos, especiarias e frutas tropicais.[27]

Demografia[editar | editar código-fonte]

A escola na praia

Em 2023, sua população era de quase 125 mil pessoas.[4] Os grupos étnicos dominantes são os negros (84%),[18] os mulatos (13,3%)[18] e, em menor quantidade, os indianos (2,2%)[18] levados a Granada para trabalhar no lugar dos escravos libertados.[4] Os brancos (franceses, britânicos, portugueses, suíços, russos, islandeses e australianos) e os ameríndios constituem percentagem reduzida da população (1,3%).[18] O inglês é o idioma oficial.[18] Também se fala um patois (dialeto franco-africano),[18] reminiscência do domínio francês.

As religiões com maior número de adeptos são o Catolicismo Romano (53%)[18] e o Protestantismo (33,2%).[18] O Anglicanismo é o único grupo religioso minoritário (13,8%).[18]

Idiomas[editar | editar código-fonte]

O inglês é a língua oficial do país, mas a principal língua falada é uma das duas línguas crioulas (crioulo inglês de Granada e crioulo francês de Granada), que reflete a herança dos africanos, europeus e indígenas na nação. Os crioulos contêm elementos de uma variedade de línguas africanas. O crioulo de Granada, no entanto, também é influenciado pelo francês.

O crioulo francês de Granada é falado principalmente em áreas rurais menores, mas hoje só pode ser ouvido em pequenos grupos da sociedade. O crioulo francês de Granada é conhecido principalmente como Patois ou creole.

As línguas indígenas eram Iñeri e Karina (Carib).[carece de fontes?]

Cidades mais populosas[editar | editar código-fonte]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Carnaval de 1965

Embora a influência francesa na cultura de Granada é muito menos visível do que em outras ilhas do Caribe, sobrenomes e nomes de lugares em francês permanecem, e a linguagem cotidiana é atada com palavras em francês e no dialeto local, o Patois. A forte influência francesa é encontrada na temperada comida picante e estilos de cozinhar semelhantes aos encontrados em Nova Orleãs e algumas arquiteturas francesas sobreviveram a partir de 1700. A cultura da ilha é fortemente influenciada pelas raízes africanas da maioria dos granadinos, além da influência indiana e ameríndia do Caribe, como visto no dhal puri, rotis, doces indianos, mandioca e curries, na culinária.

O "oildown" é considerado como o prato nacional. O nome refere-se a um prato cozinhado em leite de coco até que todo o leite é absorvido, deixando um pouco de óleo de coco no fundo da panela. As receitas exigem uma mistura de pigtail, pés salgados de porco (trotters), carne salgada e frango, bolinhos feitos de farinha e frutos como a fruta-pão, banana verde, inhame e batata. As folhas de callaloo são por vezes usadas para reter o vapor e para sabores extras.[28]

Esportes[editar | editar código-fonte]

Olimpíadas[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Granada nos Jogos Olímpicos

Granada competiu em todos os Jogos Olímpicos de Verão desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles. Kirani James ganhou a primeira medalha de ouro olímpica para Granada na final masculina de 400 metros nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012.

Críquete[editar | editar código-fonte]

O críquete é um dos esportes mais populares de Granada, com intensa rivalidade interilhas com seus vizinhos caribenhos. O Estádio Nacional de Críquete de Granada abriga partidas de críquete internacional. Em 2007, foi uma das sedes da Copa do Mundo de Críquete.[29]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Commons Imagens e media no Commons
Commons Categoria no Commons
Wikivoyage Guia turístico no Wikivoyage

Referências

  1. Portal da Língua Portuguesa, Dicionário de Gentílicos e Topónimos de Granada
  2. a b Serviço das Publicações da União Europeia. «Anexo A5: Lista dos Estados, territórios e moedas». Código de Redacção Interinstitucional. Consultado em 20 de janeiro de 2020 
  3. "First female governor general of Grenada sworn into office, Caribbean 360, 07/05/2013
  4. a b c "2022 Revision of World Population Prospects". Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Página acessada em 30 de março de 2024.
  5. a b «World Economic Outlook October 2023 (Grenada)». International Monetary Fund. Outubro de 2023. Consultado em 13 de dezembro de 2023 
  6. «Human Development Report 2019» (PDF) (em inglês). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  7. «População de Granada 2020». countrymeters.info. Consultado em 7 de fevereiro de 2020 
  8. a b c «Grenada». Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (em inglês). Maio de 2005. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  9. «History of Grenada». Encyclopedia of Nations. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  10. «History of Grenada». Caribbean Way. 30 de Abril de 2005. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  11. SAUTER, William Thomas Le. «Sauter in the Island of Grenada, West Indies». Encyclopedia of Things. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  12. a b c «History of Grenada». Hotel Petíte Anse. 2008. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  13. «Granada». escola.britannica.com.br. Consultado em 7 de fevereiro de 2020 
  14. TAYLOR, Caldwell. «The Fedon Rebellion». BigDrumNation. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  15. «Timeline of the Slavery». National Maritime Museum of the United Kingdom. Consultado em 8 de fevereiro de 2010 
  16. Saint George’s. In Encyclopædia Britannica. Retrieved February 08, 2010, from Encyclopædia Britannica Online: http://www.britannica.com/EBchecked/topic/517175/Saint-Georges
  17. Anthony Payne, Paul Sutton et Tony Thorndike, Grenada : Revolution and Invasion, Croom Helm Ltd, 1985,
  18. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t CIA - The World Factbook -- Grenada
  19. CIVITA, Victor. Almanaque Abril 2007. São Paulo: Abril, 2007.
  20. «Estados Membros». OAS. Consultado em 9 de Outubro de 2020 
  21. «Estados Membros». OAS. Consultado em 9 de Outubro de 2020 
  22. «SLA :: Department of International Law (DIL) :: Inter-American Treaties». OAS. Consultado em 9 de Outubro de 2020 
  23. «Estados Membros :: Granada». OAS. Consultado em 9 de Outubro de 2020 
  24. «Lei de Conformidade Fiscal de Contas Estrangeiras (FATCA)». Treasury.gov. Consultado em 9 de Outubro de 2020 
  25. «Capítulo XXVI: Desarmamento - No. 9 Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares». United Nations Treaty Collection. 7 de julho de 2017. Consultado em 9 de Outubro de 2020 
  26. a b c «Granada: Economia». Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações. 1998. ISBN 85-7026-438-0 
  27. Food and Agriculture Organization of the United Nations Statistical Book
  28. «Oil down - National Dish of Grenada» (em inglês). Gov.gd. 3 de maio de 2010. Consultado em 19 de março de 2012 
  29. «"Ilha Apimentada" só encerrou jejum em 2003». UOL Esporte. 2007. Consultado em 8 de julho de 2023