Gonçalo de Sintra – Wikipédia, a enciclopédia livre

Gonçalo de Sintra ou Gonçalo Afonso de Sintra (n. Portugal - África, 1444 ou 45), foi um explorador português do séc. XV.[1]

De acordo com o cronista Zurara, Gonçalo de Sintra fora moço da estrebaria e mais tarde escudeiro do Infante D. Henrique.[1] Foi entendido por outros como um cavaleiro distinguido pelo serviço em Ceuta[2] (sendo natural serem duas pessoas distintas).

Acompanhou Nuno Tristão na missão, que o infante D. Henrique lhe cometera, de explorar a costa ocidental da África a sul do Cabo Branco.[1]

Em 1444 (ou 1445), o Infante D. Henrique deu a Gonçalo de Sintra o comando de uma caravela numa expedição específica à 'terra de Guiné'.[3] Nessa expedição, de acordo com o relato de Eanes Zurara, Gonçalo Afonso de Sintra ter-se-á afastado da rota combinada, dirigindo-se, em vez disso, às ilhas de Nar e de Tidra, a sul de Arguim[1], para encetar uma nova surtida nas imediações da baía de Arguim, aproveitando o sucesso recente de Lançarote de Freitas naquelas paragens, para tentar também a sua sorte.

Sem embargo, esta empreitada saiu-lhe gorada, porquanto a força de desembarque que constituiu foi emboscada pelos zenetas[4], que tinham ficado de sobreaviso, desde a última surtida de Lançarote de Freitas.[4] O mar encapelado não permitiu a aproximação da caravela da costa e Gonçalo e os 7 tripulantes que com ele compunham a força de desembarque, viram-se cercados pelos zenetas, sem possibilidade de regressar à embarcação, tendo todos perecido em combate.[1]

Zurara[5] identifica o local da morte de Gonçalo de Sintra a sul de Arguim, mas João de Barros[6] situa essa morte entre o Rio do Ouro e a Pedra de Galé, na Angra de Cintra (Saara Ocidental 22° 58′ N, 16° 10′ O) mais a Norte, assim crismada em preito à sua memória, constando, inclusive de cartas náuticas italianas do séc. XV.[1] A localização, em todo o caso, mantém-se dúbia.[4]

Gonçalo de Sintra foi o primeiro capitão do Infante D. Henrique a morrer em combate numa expedição, e é assim considerado como a primeira baixa portuguesa no período das descobertas.

Alguns historiadores referem que Gonçalo de Sintra fosse familiar (talvez pai) de Pedro de Sintra (que explorou a Guiné em 1460).

Referências

  1. a b c d e f Bigotte de Carvalho, Maria Irene (1997). Nova Enciclopédia Larousse vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 131. 314 páginas. ISBN 972-42-1477-X. OCLC 959016748 
  2. E. Pereira & G. Rodrigues, (1906) Portugal; diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico, vol. 2, p.1038
  3. Zurara (p.87), Barros (p.70), Quintella (p.112).
  4. a b c Cortesão (1931); Diffie & Winius (p.82)
  5. Zurara, p.90
  6. Barros, p.72

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • João de Barros (1552–59) Décadas da Ásia: Dos feitos, que os Portuguezes fizeram no descubrimento, e conquista, dos mares, e terras do Oriente. Vol. 1 (Dec I, Lib.1-5)
  • Gomes Eanes de Zurara (1453) Crónica dos feitos notáveis que se passaram na Conquista da Guiné por mandado do Infante D. Henrique or Chronica do descobrimento e conquista da Guiné. [Trans. 1896-99 by C.R. Beazley and E. Prestage, The Chronicle of the Discovery and Conquest of Guinea, London: Halykut]
  • Cortesão, Armando (1931) "Subsídios para a história do Descobrimento de Cabo Verde e Guiné", Boletim da Agência Geral das Colónias, No. 75. As reprinted in 1975, Esparsos, vol. 1, Coimbra
  • Diffie, Bailey W. e George D. Winius (1977) Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580 Minneapolis, MN: University of Minnesota Press
  • Quintella, Ignacio da Costa (1839–40) Annaes da Marinha Portugueza, 2 vols, Lisbon: Academia Real das Sciencias. vol. 1