Golpe de Estado no Haiti em 1991 – Wikipédia, a enciclopédia livre

O golpe de Estado no Haiti em 1991 ocorreu em 29 de setembro de 1991, quando o presidente Jean-Bertrand Aristide, eleito 8 meses antes nas eleições gerais do Haiti de 1990-1991, foi deposto pelo exército haitiano. O golpe foi liderado pelo General do Exército Raoul Cédras, pelo Chefe de Gabinete do Exército Philippe Biamby e pelo Chefe da Polícia Nacional, Michel François.[1] Aristide foi enviado para o exílio, sua vida só foi salva pela intervenção de diplomatas norte-americanos, franceses e venezuelanos.[2]

Emmanuel Constant depois informou que agentes da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos estiveram presentes com Cedras no quartel do exército durante o golpe, embora a CIA tenha negado conhecimento prévio.[1] A CIA "pagou os principais membros das forças do regime golpista, identificados como traficantes de drogas, por informações a partir de meados dos anos 1980 pelo menos até o golpe de Estado."[1] Cédras e François tinham recebido treinamento militar nos Estados Unidos.[3]

As ações de Aristide contra o tráfico de drogas podem ter contribuído para sua queda.[4][5] Após o golpe de Estado (liderado por Raoul Cédras), membros do novo regime, nomeadamente o chefe da Polícia Nacional, Michel François, foram acusados de tráfico de drogas [6] a uma proporção muito maior.[5] Um relatório de 1992 do Departamento de Estado dos EUA observou que Aristide estava "planejando criar novas políticas e instituições para combater o tráfico de drogas, [e] a sua queda... incapacitou os esforços de controle do narcotráfico no Haiti."[5] Um memorando interno de 1993 do Congresso dos EUA afirmou que "todos os presos por tráfico de drogas foram liberados e... Michel François supervisionou pessoalmente a aterrissagem de aviões que transportavam drogas e armas."[5] Os EUA posteriormente indiciaram François, mas não conseguiram garantir a sua extradição de Honduras.

Uma tentativa de golpe contra Aristide havia ocorrido em 6 de janeiro, antes mesmo de sua posse, quando Roger Lafontant, um líder da Tonton Macoute sob Duvalier, aproveitou a presidência provisória de Ertha Pascal-Trouillot e declarou-se presidente. Depois de um grande número de partidários de Aristide encherem as ruas em protesto e Lafontant tentar declarar a lei marcial, o exército acabou esmagando o golpe incipiente.[7]

O golpe foi condenado tanto pela Assembleia Geral das Nações Unidas como pela Organização dos Estados Americanos, em outubro de 1991, e ao longo da existência do regime golpista, o único Estado a reconhecer o regime foi o Vaticano.[8] A 31 de julho de 1994, a Resolução 940 do Conselho Segurança das Nações Unidas autorizou uma força multinacional liderada pelos Estados Unidos, sob comando e controle unificados para restaurar Aristide ao poder na Operação Uphold Democracy.

Referências

  1. a b c Whitney, Kathleen Marie (1996). «Sin, Fraph, and the CIA: U.S. Covert Action in Haiti». Southwestern Journal of Law and Trade in the Americas. 3 (2): 303–332 [p. 320] 
  2. Collins, Edward Jr.; Cole, Timothy M. (1996). «Regime Legitimation in Instances of Coup-Caused Governments-in-Exile: The Cases of Presidents Makarios and Aristide». Journal of International Law & Practice. 5 (2): [p. 199] 
  3. Whitney 1996, p. 321
  4. Dennis Bernstein, Pacific News Service, 10/20/93, "WHAT'S BEHIND WASHINGTON'S SILENCE ON HAITI DRUG CONNECTION?"
  5. a b c d "THE CIA'S HAITIAN CONNECTION", by Dennis Bernstein and Howard Levine; San Francisco Bay Guardian, 11/3/93
  6. Project Censored, 1994, Haiti: Drugs, Thugs, The CIA And the Deterrence Of Democracy Arquivado em 15 de julho de 2011, no Wayback Machine.
  7. Collins & Cole 1996, p. 220
  8. Collins & Cole 1996, p. 233
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