Geografia marxista – Wikipédia, a enciclopédia livre

A geografia marxista é uma vertente da geografia crítica que usa as teorias e a filosofia do marxismo para examinar as relações espaciais da geografia humana. Na geografia marxista, as relações que a geografia tradicionalmente analisa — ambiente natural e relações espaciais — são revistas como resultados do modo de produção material. Para entender completamente as relações geográficas, nessa visão, a estrutura social também deve ser examinada. A geografia marxista tenta mudar a estrutura básica da sociedade.[1]

Definição[editar | editar código-fonte]

O marxismo é geralmente entendido como as ideias de Marx e Engels, socialistas revolucionários como Lenin e Trótski e pensadores posteriores baseados em Marx, como Gramsci. A geografia marxista é o exame marxista da sociedade "do ponto de vista do espaço, lugar, escala e transformação humana da natureza". Os geógrafos marxistas argumentam que incorporar o pensamento marxista à Geografia enriquece o pensamento geográfico.[2]

Filosofia[editar | editar código-fonte]

A geografia marxista é de natureza radical e sua principal crítica à ciência espacial positivista centrou-se em suas metodologias, que não consideraram as características do capitalismo e dos abusos subjacentes aos arranjos socioespaciais. Como tal, os primeiros geógrafos marxistas eram explicitamente políticos ao defender a mudança social e o ativismo; eles buscavam, através da aplicação da análise geográfica dos problemas sociais, aliviar a pobreza e a exploração nas sociedades capitalistas.[3] A geografia marxista faz afirmações enérgicas sobre como as estruturas profundamente arraigadas do capitalismo atuam como um determinante e uma restrição à agência humana. A maioria dessas ideias foi desenvolvida no início da década de 1970 por geógrafos quantitativos insatisfeitos; David Harvey é geralmente considerado como o principal pioneiro do movimento marxista na geografia humana.

Para atingir tais objetivos filosóficos, esses geógrafos confiam fortemente na teoria social e econômica marxista, baseando-se na economia marxista e nos métodos do materialismo histórico para desvendar a maneira pela qual os meios de produção controlam a distribuição espacial humana nas estruturas capitalistas. Marx também é invocado para examinar como as relações espaciais são afetadas pela classe. A ênfase está na estrutura e nos mecanismos estruturais.

Referências

  1. Peet, J. Richard (1985). «An Introduction to Marxist Geography». Journal of Geography. 84 (1): 5–10. doi:10.1080/00221348508979261 
  2. Das, Raju J (março de 2022). «What is Marxist geography today, or what is left of Marxist geography?». Human Geography (em inglês). 15 (1): 33–44. ISSN 1942-7786. doi:10.1177/19427786211049757 
  3. Harvey, David. 1973. "Social Justice and the City"