Genealogia episcopal – Wikipédia, a enciclopédia livre

Retrato do cardeal Scipione Rebiba (1504-1577), antecessor episcopal da maior parte dos bispos e arcebispos atuais.

A genealogia episcopal é a disciplina historiográfica da Igreja que se ocupa da reconstrução e origens da descendência episcopal e legados ente consagradores e consagrados, no sacramento da ordenação episcopal. Esta disciplina é baseada na doutrina teológica cristã da sucessão apostólica, que afirma a transmissão de autoridade e poderes dos apóstolos para os seus sucessores, os bispos, através do rito da consagração[1]. Quando um bispo consagra um outro bispo, entre os dois estabelece-se uma ligação hierárquica, análoga à que existe entre gerações.

Linhas episcopais[editar | editar código-fonte]

O termo genealogia episcopal indica o elenco completo de consagrantes com a respetiva data de ordenação (indicada entre parênteses depois do nome), na forma de árvore genealógica[2].

Se estivessem disponíveis todos os documentos históricos, poderíamos reconstruir a genealogia episcopal de todos os bispos. Tal é possível até um certo período de tempo, termina quando não podemos encontrar nos arquivos certos documentos. E assim, de bispo em bispo, é possível pesquisar através dos séculos, até se reconhecerem as origens da Igreja.
Cardeal Angelo Sodano, Homilia no dia da ordenação episcopal de mons. Dominique Mamberti, 3 de julho de 2002

A genealogia episcopal radica na Alta Idade Média, quando se indicavam os predecessores genealógicos de um bispo para sublinhar a sucessão apostólica e o legado espiritual afetivo[3]. Toda a genealogia episcopal deve assentar nos apóstolos e ao século I, todavia as fontes paleográficas não permitem chegar senão ao século XV. Desde o concílio de Trento (1545-1563), graças à criação de registos paroquiais, a documentação é muito mais completa.

Linhas genealógicas da Igreja Católica Romana[editar | editar código-fonte]

“Exemplo: linha genealógica do Papa Francisco”

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As linhas genealógicas atualmente conhecidas na Igreja Católica Romana, e das quais existem representantes, são cinco (listadas por antiguidade):

  • Linha Rebiba, 1541. Inicia com Scipione Rebiba, criado cardeal pelo Papa Paulo IV. A primeira nomeação episcopal foi a do bispo auxiliar de Chieti e titular de Amicle, pelo que se pensa que tenha recebido a consagração episcopal pela imposição das mãos do mesmo Papa Paulo IV, quando era ainda cardeal Gian Pietro Carafa, arcebispo de Chieti. Porém, a ausência de documentação comprovada não permite afirmar com certeza a sua genealogia episcopal, portanto não é possível prosseguir o elenco genealógico.[4] Tal significa que, no estado do atual conhecimento histórico, o cardeal Rebiba é o único progenitor comum de cerca de 4000 bispos atuais,[5] entre os quais muitos papas, como o Papa João Paulo I, o Papa João Paulo II, o Papa Bento XVI e o Papa Francisco. Na Linha Rebiba é reconhecido um ramo, definido Linha polcca ou Linha Uchański e ao qual pertenceu o Papa Pio XI, que se considera por vezes autónomo e que abrange os primeiros dois nomeados Jakub Uchański e Stanisław Karnkowski, pelos quais estes dois primeiros níveis genealógicos foram substituídos pela descoberta do verdadeiro consagrador do arcebispo Wawrzyniec Gembicki, nomeadamente do bispo consagrande de Claudio Rangoni, descendente da grande Linha Rebiba.[6]
  • Linha Ravizza, 1667. Mais conhecida como "Linha de Lencastre", pois considerava-se baseada no cardeal português Veríssimo de Lencastre. Em virtude da recente descoberta da consagração do dito cardeal,[7] pelo bispo Francesco Ravizza, titular da Diocese de Sidone e núncio apostólico em Portugal, também a linha genealógica mudou de nome. Os atuais descendentes desta linha são quatro: o arcebispo Paul Zingtung Grawng e os bispos Jean-Baptiste Kpiéle Somé, Raphaël Kusiélé Dabiré e Paul Eusebius Mea Kaiuea.
  • Linha de Bovet, 1789. Monsenhor François de Bovet, arcebispo de Toulouse, é a base de uma linha com dez prelados na atualidade.

Linhas extintas[editar | editar código-fonte]

Há várias linhas genealógicas extintas, que já não apresentam bispos e arcebispos consagrados:

Referências

  1. Henri de Lubac, L'homme devant Dieu: Exégèse et patristique, t. 2, pp. 347-356, Cerf, Paris 1999 (ISBN 2-204-06145-X).
  2. Angelo Sodano, Omelia in occasione dell'ordinazione episcopale di mons. Dominique Mamberti, 3 de julho de 2002. www.vatican.va.
  3. «Giacomo Danesi, Ricerca araldica dello stemma di sua eminenza reverendissima il signor cardinale Giovanni Battista Re» (PDF). Consultado em 4 de maio de 2016. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016 
  4. Charles Bransom, Apostolic Succession in the Roman Catholic Church, 9 de agosto de 2010.
  5. Basilio Rinaudo et al., Il cardinale Scipione Rebiba (1504 - 1577), Vita e azione pastorale di un bispo riformatore, pp. 123-124, Patti, L'Ascesa 2007 (ISBN 978-88-903039-0-6).
  6. Roberto Fornaciari, Notizie sulla elezione e consacrazione del bispo Claudio Rangoni - Sito dell'Istituto Superiore di Scienze Religiose Beato Gregorio X di Arezzo
  7. «The Ravizza Line». Consultado em 4 de maio de 2016. Arquivado do original em 27 de setembro de 2013 
  8. https://books.google.com.br/books?id=316vQnqOi8gC&pg=PA447&lpg=PA447&dq=Papa+Inoc%C3%AAncio+XI+linha+achinto&source=bl&ots=rSpR7lpany&sig=ACfU3U0m6ldNKd-FF-AusAny_S1-iyaLDg&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjOmMfRi674AhUzupUCHdyyCPIQ6AF6BAhREAM#v=onepage&q=Papa%20Inoc%C3%AAncio%20XI%20linha%20achinto&f=false

Ver também[editar | editar código-fonte]