Gabu (cidade) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura Reino africano de Gabu, veja Reino de Gabu.
Gabu
Nome local
Gabu
Geografia
Países
Província
Província Leste (en)
Região
Parte de
Sede
Sector de Gabu
Capital de
Altitude
39 m
Coordenadas
Demografia
Gentílico
gabuense
Mapa

Gabu é uma cidade da Guiné-Bissau pertencente ao sector de mesmo nome, capital da região de Gabu. Localiza-se às margens do rio Campossa, ao centro de sua região.

Segundo o censo demográfico de 2009 o sector possuía uma população de 81 495 habitantes,[1] sendo que 41 612 habitantes somente na zona urbana da cidade de Gabu, distribuídos numa área territorial de 2 122,8 km².[2][3] Com tais números, é a segunda mais populosa cidade do país, superada somente por Bissau e, efectivamente a maior localidade do leste da nação.[4].

Situa-se a cerca de 263 quilómetros de Bissau e funciona como um um grande centro de comércio.

História[editar | editar código-fonte]

A partir de 1537, a cidade foi fundada com o nome de Gabunto (Kabintum), sendo um dos centros econômicos do reino homônimo de Gabu.[5] O seu povo era originário da zona de Mandé, atual Mali, e parte da Guiné-Conacri.[5][6] Era uma das cidades natais do clã dos mansas que governaram o reino de Gabu durante esse período.[5] O reino era inicialmente vassalo do Império do Mali.[5][6] À medida que este último entrava em crise e diminuía de importância, Sama Koli, governador da província de Gabu, proclamou-se rei, mas manteve muitas das heranças culturais do Mali.[6] O novo reino construiu muralhas de terra em torno da cidade de Gabunto (as ruínas sucumbiram com o tempo) e estabeleceu relações comerciais com os portugueses na costa.[6]

No início do século XIX, o grupo étnico fula se converteu ao islã e iniciou a Guerra de Cansalá[6] para acabar com o domínio Mandé.[7] Terminou com um grande incêndio que causou grandes danos e baixas em ambos os lados.[6] Gabu depois se ligou ao Imamato de Futa Jalom[6] e foi finalmente assimilada ao Império Português na década de 1890.[7] Os portugueses batizaram a cidade de "Nova Lamego", em homenagem à cidade do Lamego.[8] Foi renomeada como Gabu após a independência da Guiné-Bissau.[8]

Política[editar | editar código-fonte]

Vislumbrando o fim das instabilidades políticas do país, Gabu foi admitida como membro associado da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), no ano de 2006.[9]

Economia[editar | editar código-fonte]

A economia local assenta na produção de frutas, legumes, carvão, peixe, carne, artesanato e cerâmica. Uma característica distintiva de Gabú são os burros que circulam nas ruas, como não se vê no resto do país, e que são utilizados na lavoura e no transporte de mercadorias e de pessoas.[6]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Transportes[editar | editar código-fonte]

Gabu é um dos grandes entroncamentos rodoviários do país, sendo ligada ao território nacional pela Estrada Nacional nº 1 (N1), que a conecta à Bafatá, ao oeste, e a Piche, ao leste. Outra rodovia importante é a Estrada Nacional nº 4 (N4), que a liga a cidade de Pirada, ao norte, e a Madina do Boé, ao sul. Já pela Estrada Local nº 21 (L21), há acesso a cidade de Sonaco, ao noroeste, e; pela Estrada Local nº 23 (L23) à vila-secção de Cabuca, ao sudeste.[10]

Gabu possui um dos três aeroportos em funcionamento da nação (os demais são os de Bubaque e Bissau), o Aeródromo de Gabu-Nova Lamego, recebendo voos esporádicos somente de Bissau. O aeródromo está em vias de ser interditado, dado que a cidade o cercou e sua pista é utilizada como rua.

Comunicações[editar | editar código-fonte]

Em sinal de televisão aberta, existe o canal Televisão da Guiné-Bissau, e; entre as operadoras de rádio, há transmissões da Rádio Sol Mansi, da Rádio Gandal, da Rádio Sintchã Occo, da Rádio Jovem Bissau e da Radiodifusão Nacional da Guiné-Bissau. Os serviços postais, de encomendas e de cargas da cidade e do sector são geridos pelos Correios da Guiné-Bissau.[11]

Referências

  1. «Guinea Bissau Census Data, 2009 - Série Temporal de População Total Residente - Sector de Gabu». Instituto Nacional de Estatística. 15 de janeiro de 2016. Consultado em 20 de outubro de 2020 
  2. Estudo: Guiné-Bissau. Lisboa: ANEME, 2018.
  3. «Boletim Estatístico da Guiné-Bissau: Guiné-Bissau em Números 2015» (PDF). Instituto Nacional de Estatística. 2015 
  4. World Gazetteer, Obtido em 16 de junho 2008
  5. a b c d Kansala: O embrião do poder mandinga na Guiné-Bissau. Por Dentro da África. 23 de janeiro de 2017.
  6. a b c d e f g h Joana Benzinho; Marta Rosa (março de 2018). «City of Gabú». Discovering Guinea Bissau (PDF) 2 ed. Coimbra: Afectos com Letras/Gráfica Ediliber. p. 98 
  7. a b Gomes, Américo. (2012). «História da Guiné-Bissau em datas.» (PDF). Lisboa 
  8. a b Governador de Gabú denuncia subida de criminalidade na região. Bissau On-line. 21 de julho de 2019.
  9. Gabu. UCCLA. [s/d].
  10. Mapa Rodoviário da Guiné-Bissau. Direcção Nacional de Estradas e Pontes. Outubro de 2018.
  11. Lopes, António Soares. (Agosto de 2015). Os media na Guiné-Bissau (PDF). Bissau: Europress / Edições Corubal