Francisco II da Lorena – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Francisco II.
Francisco II da Lorena
Francisco II da Lorena
Francisco II da Lorena
Duque da Lorena e de Bar
Reinado 1625
Antecessor(a) Nicole de Lorena
Sucessor(a) Carlos IV da Lorena
 
Nascimento 27 de fevereiro de 1572
  Nancy, Ducado da Lorena
Morte 14 de outubro de 1632 (60 anos)
  Nancy, Ducado da Lorena
Cônjuge Cristina de Salm
Descendência Henrique, marquês de Hattonchâtel
Carlos IV da Lorena
Henriqueta, Princesa de Phalsburgo e Lixheim
Nicolau II Francisco
Margarida, Duquesa de Orleães
Casa Lorena
Pai Carlos III da Lorena
Mãe Cláudia de Valois
Brasão

Francisco II da Lorena (em francês: François II de Lorraine; Nancy, 27 de fevereiro de 157214 de outubro de 1632), foi o terceiro filho do duque Carlos III da Lorena e de Cláudia de Valois.

Influenciado pelo seu filho, que viria a ser o duque Carlos IV da Lorena, foi levado a proclamar-se duque da Lorena e de Bar por um breve período, de 21 a 26 de novembro de 1625.

Um talentoso príncipe[editar | editar código-fonte]

Sexta criança (e terceiro rapaz) nascido do casamento de Carlos III da Lorena e de Cláudia de Valois, usou inicialmente o título de conde de Vaudémont.

Confrontado com a fraqueza do seu herdeiro, Carlos III nomeia-o lugar-tenente general dos estados Loreros durante as viagens que fez em França, em 1594 a fim de concluir a paz com o rei Henrique IV de França. A paz com a França permite-lhe tornar-se governador e lugar-tenente general do rei de França nas cidades sob proteção[1] francesa desde 1552 – ver Três Bispados.

Durante algum tempo foi generalissimo da república de Veneza tendo pedido, em vão, a mão da sobrinha do Grão-duque da Toscana, Maria de Médici, que viria a casar com Henrique IV de França.

De regresso à Lorena, casa em 1597 com Cristina, condessa herdeira de Salm que lhe trás em dote a soberania sobre o condado de Salm e uma fortuna considerável, dando-lhe seis filhos.

Entre setembro e outubro de 1606, como representante de seu pai, ele efetua uma viagem diplomática a Inglaterra.

Morte do pai[editar | editar código-fonte]

Em 1608, o duque Carlos III morre deixando o trono ao seu filho mais velho, Henrique II. Em 1608, nasce também Nicole de Lorena, primeira filha do duque Henrique. Francisco e os seus filhos deixam de ser herdeiros dos tronos ducais.

Herdeiro da Lorena[editar | editar código-fonte]

O poderoso rei de França pensa em casar a futura duquesa de Lorena e de Bar com o seu filho, o futuro Luís XIII para que a Lorena e o Barrois fossem natural e legitimamente incorporados na coroa de França. Mas o rei Henrique IV foi assassinado em 1610 e a sua viúva, Maria de Médici, de quem Francisco pedira a mão em casamento, assume a regência, abandonado a aliança Lorena pela aliança Espanhola.

Entretanto, Francisco esperava que a futura duquesa, a sua sobrinha Nicole, viesse a casar com o seu filho mais velho, Carlos, o mais próximo herdeiro em linha masculina.

Or le duc Henri II songeait à marier a sua filha que tinha 13 anos. A sua escolha era o seu favorito, o talentoso barão de Ancerville, Luís de Guise. Apesar das muitas qualidades do barão e apesar de ser aparentado com a Casa de Lorena, a escolha do duque colide com a expectativas da família ducal, da nobreza Lorena e da corte; de facto, o barão, filho adulterino do defunto Cardeal de Guise, não era um príncipe legítimo.

Em 1621, em disputa com o irmão e por mostrar a sua desaprovação à Europa inteira, o conde de Vaudémont e a sua família deixam os ducados e procuram a proteção ao Imperador.

Ele junta-se ao exército imperial e combate os Protestantes alemães. O seu filho mais velho, Carlos, com apenas 16 anos, distingue-se na Batalha da Montanha Branca.

Foi concluído um acordo entre os dois irmãos: a filha do duque casaria com o seu primo co-irmão Carlos, filho de Francisco, enquanto que o favorito do duque casaria com Henriqueta, filha de Francisco, recebendo os senhorios de Phalsburgo e Lixheim, entretanto erigidos no novo Principado de Phalsburgo e Lixheim.

Carlos prometeu reinar com Nicole, como duque consorte, por direito da sua mulher.

Filho de duque, pai de duque, duque[editar | editar código-fonte]

O duque Henrique II da Lorena morre a 31 de julho de 1624 e, não tendo filhos varões, designara como sucessor a sua filha Nicole de Lorena, casada com Carlos de Vaudémont, o filho mais velho de Francisco, precisando que Carlos governaria como consorte da mulher.

Assim, inicia-se um governo de co-soberanos, uma duquesa de 16 anos e o seu consorte de 20 anos. A jovem soberana assinava os decretos, o seu marido confirmava-os. As moedas cunhadas mostravam o perfil da soberana em primeiro plano, e em segundo o do seu consorte.

Tal situação gerava grande desconforto no jovem que tinha um feitio pouco adequado a mero príncipe consorte e preferia reinar só. Francisco estava determinado a que o filho alcançasse os seus objetivos.

Entretanto, e nem a propósito, fora encontrado um testamento do duque Renato II, o glorioso vencedor de Carlos, o Temerário, datado de 1506, especificando que os ducado só poderiam ser transmitidos em linha masculina. Chamado a pronunciar-se, o tribunal soberano foi favorável ao conde de Vaudémont, atestando a autenticidade do documento e Francisco passou a ser o verdadeiro herdeiro dos ducados em detrimento da sua sobrinha.

Em novembro de 1625, Francisco de Vaudémont, apoiando-se nos termos do testamento de Renato II, reivindica os ducados. Os Éstados Gerais da Lorena consideram o seu pedido legítimo. A duquesa Nicole e o duque consorte Carlos abdicam e Francisco, conde de Vaudémont torna-se duque soberano a 21 de novembro de 1625. Deixa Badonviller, a capital do Condado de Salm, onde ele apoiara a política pró-católica do Eleitor Palatino Otão Henrique, recentemente convertido, dirigindo-se para Nancy.

Aproveita para reembolsar as suas dívidas com as finanças ducais. Cinco dias mais tarde, abdica a favor do seu filho, que se torna no duque Carlos IV.

Este tenta, então, separar-se da sua esposa Nicole, principal vítima desta conjura politico-familiar. Carlos tenta, em vão, que o Papa anule o seu casamento. Como argumentos, vai ao ponto de insinuar que o baptismo de Nicole não era válido fazendo condenar por feitiçaria o padre que a batizara, e pretendendo queimá-lo vivo.

Uma reforma dourada[editar | editar código-fonte]

Francisco, que perdera a sua esposa em 1627, dedica-se à gestão dos seus condados de Vaudémont e de Salm. Protege o compositor Nicolas Signac, que lhe dedica a sua coletânea de salmos publicada em 1630 e, provavelmente, o seu terceiro livro de músicas de 1625.

Em 1632, as intrigas do seu filho e a sua desastrosa política exterior indisposeram os seus vizinhos franceses, que invadem militarmente os ducados. A ocupação durará até ao fim do século e os habitantes dos ducados sofrem fortemente com as pilhagens da Guerra dos Trinta Anos.

No mesmo ano, o Duque emérito Francisco II de Lorena e de Bar, conde de Vaudémont, marquês de Hattonchattel, conde de Salm, de Chaligny, barão de Viviers, Ruppes, Brandebourg, Turquestein e Monthureux-sur-Saône, vem a falecer tranquilamente no seu castelo de Badonviller com 60 anos. No seu testamento, ele indicava que « nunca tivera a ambição de usar a coroa neste mundo »,

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Cristina de Salm

Impedido de casar com a riquíssima Maria de Médici, ele faz um vantajoso casamento ao casar, a 12 de março de 1597, com a rica herdeira Cristina de Salm, filha do conde Paulo de Salm e de Maria Le Veneur de Thilières (1575-1627).

Desse casamento nasceram seis filhos:

  1. Henrique (Henri) (1602–1611), Marquês de Hattonchâtel, morreu na infância;[2]
  2. Carlos IV (Charles) (1604–1675), que viria a ser duque da Lorena, casou com Nicole de Lorena,[3] sem geração; casou em segundas núpcias com Beatriz de Cusance , com geração;
  3. Henriqueta (Henriette) (1605–1660),[2] casada com Luís de Guise, Barão de Ancerville, filho ilegítimo do Cardeal de Guise; sem geração;
  4. Nicolau II Francisco (Nicolas François) [2] (1609–1670), que veio a ser duque da Lorena; casou com Cláudia de Lorena, com geração;
  5. Margarida de Lorena (Marguerite)[2] (1615–1672), que casou com Gastão de França, Duque de Orleães; com geração;
  6. Cristina (Christine) (1621–1622)[2] morta na infância.

Ascendência[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. melhor dizer “ocupação”
  2. a b c d e François-Alexandre Aubert de La Chesnaye Des Bois, Dictionnaire de la noblesse, (Chez Schlesinger freres, 1869), pág. 230.
  3. Carl Eduard Vehse, Memoirs of the Court, Aristocracy, and Diplomacy of Austria, Vol. 2, (Longman, Brown, Green and Longmans, 1856), pág. 40.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

+Biografia de Francisco II da Lorena e família

Precedido por
Nicole

Duque da Lorena
Duque de Bar
Marquês de Pont-à-Mousson

1625
Sucedido por
Carlos IV