Fitogeografia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fitogeografia ou geobotânica é uma disciplina multidisciplinar que versa sobre a distribuição geográfica dos vegetais e de comunidades nas diversas regiões do globo, conforme as zonas climáticas e factores que possibilitam a sua adaptação, principalmente fatores do meio físico. A fitogeografia pode ser dividida em fitogeografia florística e fitogeografia ecológica. A fitogeografia florística estuda a distribuição de um táxon específico em função de sua história evolutiva; já a fitogeografia ecológica estuda a distribuição de comunidades de plantas ou de um táxon em decorrência das condições atuais do ambiente.

A fitogeografia atualmente adquiriu novos métodos de investigação, utilizando-se de técnicas de geoprocessamento e cartografia para mostrar a dinâmica dos vegetais e da cobertura vegetal no espaço geográfico. Seus estudos são realizados principalmente por ecólogos, botânicos e geógrafos.

A distribuição das plantas e de suas comunidades depende de vários fatores como: luz, água, temperatura, solo, ventos e interações biológicas. A ação do homem tem modificado as paisagens naturais do planeta desde tempos imemoriais, influenciando a distribuição de organismos em toda parte da Terra.

De uma forma geral, as comunidades, conhecidas como biomas, podem ser assim descritas numa escala global: Floresta tropical úmida, floresta tropical decídua ou seca, savana, matas secas espinhentas, matagais esclerófilos da zona mediterrânea e de outras partes da Terra, floresta temperada decídua, floresta temperada úmida, floresta temperada mista de angiospermas e coníferas, floresta de coníferas, estepe, pradaria, ervas e arbustos de deserto e a tundra. Dentro destes biomas e na interface deles com outros biomas existem diferentes comunidades de transição, e possuem várias denominações regionais. Existem também comunidades de transição entre os grandes ambientes da biosfera, ou seja, entre o meio terrestre e o marinho; há mangues, pauís, ervas e arbustos de dunas e restingas etc.

Há climas secos, úmidos, alternadamente úmidos e secos, quentes, frios, temperados e uma variedade de climas entre estes tipos. Os diferentes tipos de clima têm reflexos na cobertura vegetal, e influenciam na formação das folhas, na espessura do tronco, na altura das plantas, na fisionomia da vegetação etc.

As plantas, segundo o grau de umidade, formas da folha e sua dinâmica, podem ser classificadas em:

  • Higrófilas: plantas que vivem em ambiente úmido;
  • Hidrófilas: plantas que vivem em ambiente aquático;
  • Mesófitas: plantas que vivem em ambiente com média umidade;
  • Xerófilas: plantas adaptadas à aridez;
  • Halófitas: plantas que vivem em ambientes Salobros;
  • Tropófilas: plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida;
  • Aciculifoliadas: possuem folhas em forma de agulhas, como pinheiros. Quanto menor a superfície das folhas, menos intensa é a Transpiração e maior a retenção de água pela planta;
  • Latifoliadas: plantas de folhas largas, de regiões muito úmidas, com intensa transpiração;
  • Caducifólias ou decíduas (folhas caducas) ou Estacionais: plantas que perdem suas folhas durante as estações do ano.
  • Perenifólias: plantas que não perdem suas folhas durante as estações do ano.

Subdisciplinas[editar | editar código-fonte]

Fitogeografia em sentido amplo (ou geobotânica, na literatura alemã) inclui três subdisciplinas, de acordo com o aspecto focado, o ambiente, a flora ou a vegetação, respectivamente:[1][2][3]

Fitogeografia do Brasil[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Biogeografia do Brasil

O livro Tratado de Fitogeografia do Brasil (1997) de Rizzini[1] foi um dos primeiros materiais didáticos disponíveis em língua portuguesa, que aborda aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos, e representa a síntese de 30 anos de atividades taxonômicas e 15 anos de trabalho específico em ecologia e fitogeografia.

Traz um histórico da fitogeografia mundial e a conceituação de diversos termos usados na fitogeografia. Aborda os aspectos de habitat, trazendo a classificação ecológica das plantas, história da biota brasileira e caracterização dos principais elementos da flora brasileira. Analisa aspectos fitofisionômicos e fisiológicos de adaptação das plantas aos seus ambientes. Trata dos fatores climáticos, fisiográficos e edáficos.

Referências

  1. a b Rizzini, C.T. 1997. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. 2 ed. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, p. 7-11.
  2. Mueller-Dombois, D. & Ellenberg, H (1974). Aims and Methods of Vegetation Ecology. New York: John Wiley & Sons. See Mueller-Dombois (2001), p. 567, [1].
  3. Pott, R. 2005. Allgemeine Geobotanik. Biogeosysteme und Biodiversität. Springer: Berlin, p. 13, [2].

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fiaschi, P. & Pirani, J. R. (2009). Review of plant biogeographic studies in Brazil. Journal of Systematics and Evolution 47(5): 477-496.