Fim da Segunda Guerra Mundial na Europa – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Instrumento de rendição alemã assinado em Reims em 7 de maio de 1945

Os confrontos finais do Teatro Europeu da Segunda Guerra Mundial, assim como a rendição alemã aos aliados ocidentais e a União Soviética aconteceram entre o final de abril e o início de maio de 1945.

Cronologia de rendição e mortes[editar | editar código-fonte]

As forças aliadas fazem um grande número de prisioneiros do Eixo[editar | editar código-fonte]

O número total de prisioneiros capturados em abril na frente ocidental pelas forças aliadas foi de 1 500 000.[1] Abril também testemunhou a captura de cerca de 120 000 tropas alemãs pelos aliados na última campanha da guerra na Itália.[2] Até o final de abril 800 000 soldados alemães foram capturados na frente oriental.[2] No início de abril, o primeiro Rheinwiesenlager comandado pelos aliados foi estabelecido na parte ocidental da Alemanha para manter centenas de milhares de prisioneiros das Potências do Eixo. O Quartel General Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas reclassificou todos os prisioneiros como forças inimigas desarmadas ao invés de prisioneiros de guerra. Esta ficção jurídica serviu para burlar as disposições decorrentes da Convenção de Genebra de 1929 sobre o tratamento de ex-combatentes.[3] Até outubro, milhares de prisioneiros morreram por inanição, dentre outras doenças.[4]

Alemães deixam a Finlândia[editar | editar código-fonte]

Em 25 de abril de 1945, os últimos alemães foram expulsos pelo Exército da Finlândia recuando até a Noruega.

Morte de Mussolini[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Morte de Benito Mussolini

Em 27 de abril de 1945, com a aproximação das forças aliadas à cidade de Milão, o ditador italiano Benito Mussolini foi capturado pela resistência italiana. Não há um consenso se ele estava fugindo da Itália para a Suíça ou se estava viajando com um batalhão antiaéreo alemão. Em 28 de abril, Mussolini foi executado em Giulino (uma freguesia de Mezzegra) e os outros fascistas capturados com ele foram enviados para Dongo, onde foram executados. Os corpos foram enviados para Milão, onde foram pendurados na Praça de Loreto. Em 29 de abril, Rodolfo Graziani capturou as forças armadas fascistas italianas em Caserta, incluindo o Grupo Armado Liguria. Graziani foi o Ministro de Defesa do estado fantoche da República Social Italiana de Mussolini.

Morte de Hitler[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Morte de Adolf Hitler

Em 30 de abril, com a Batalha de Berlim se abatendo sobre si e percebendo que tudo estava perdido, o ditador alemão Adolf Hitler evitou sofrer o mesmo destino de Mussolini; assim, suicidou-se no seu Führerbunker juntamente com Eva Braun, sua companheira com quem casara há menos de 40 horas antes do suicídio.[5] Em seu testamento, Hitler destituiu o Reichsmarschall Hermann Göring, seu segundo no comando e o Ministro do Interior Heinrich Himmler após cada um tentar, em separado, assumir o controle da colapsada Alemanha Nazista. Hitler nomeou como seus sucessores: Großadmiral Karl Dönitz como o novo Reichspräsident ("Presidente da Alemanha") e Joseph Goebbels como o novo Reichskanzler (Chanceler da Alemanha). Entretanto, Goebbels suicidou-se no dia seguinte, deixando Dönitz como o único líder da Alemanha.

Rendição das forças alemãs na Itália[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Campanha da Itália

Em 29 de abril, dia anterior a morte de Hitler, o general da SS Karl Wolff assinou os termos de rendição em Caserta[6] em nome do General von Vietinghoff,[7] depois de prolongadas negociações não autorizadas com as Forças Aliadas, vistas como grande suspeita pela União Soviética, que acreditava tratar-se de um acordo de paz separado. No documento, Wolff concordava com um cessar-fogo e a rendição de todas as forças sob comando de Vietinghoff às 14h00 do dia 2 de maio. Assim, depois de algumas discussões entre Wolff e Albert Kesselring, cerca de 1 000 000 de soldados na Itália e na Áustria renderam-se incondicionalmente ao general britânico Harold Alexander no horário previamente combinado.[8]

Rendição das forças alemãs em Berlim[editar | editar código-fonte]

A Batalha de Berlim terminou no dia 2 de maio. Nessa data, o General der Artillerie Helmuth Weidling, comandante da defesa aérea de Berlim, entregou incondicionalmente a cidade ao general Vasily Chuikov do Exército Soviético.[9] No mesmo dia os comandantes dos dois exércitos do Grupo Armado Vistula ao norte de Berlim, (general Kurt von Tippelskirch, comandante do 21º Exército Alemão e o general Hasso von Manteuffel, comandante do 3º Grupo Panzer), renderam-se aos aliados ocidentais.[10] Também acredita-se que em 2 de maio o substituto de Hitler Martin Bormann morreu, de acordo com Artur Axmann que testemunhou a morte de Bormann em Berlim próximo à estação ferroviária Lehrter Bahnhof após encontrar uma patrulha do Exército Vermelho.[11] Lehrter Bahnhof fica próximo ao local onde os restos de Bormann foram desenterrados em 7 de dezembro de 1972 e cujo DNA foi confirmado em 1998.[12]

Rendição das forças alemãs no Noroeste da Alemanha, Dinamarca e Países Baixos[editar | editar código-fonte]

Em 6 de maio, o marechal de campo Bernard Montgomery obteve a rendição militar incondicional do Generaladmiral Hans-Georg von Friedeburg e do General Eberhard Kinzel de todas as forças alemãs. Na Holanda, no noroeste da Alemanha, incluindo as Ilhas Frísias e Heligolândia, e todas as demais ilhas, no Eslésvico-Holsácia e na Dinamarca, incluindo toda a força naval dessas áreas".[13][14] Em Wendisch Evern, Charneca de Lüneburg, uma área entre as cidades de Hamburgo, Hanôver e Bremen. O número total de soldados envolvidos nesta rendição foi de 1 000 000 homens.[15] Em 5 de maio, o Großadmiral Dönitz ordenou que todos os barco submarinos encerrassem as operações ofensivas e retornassem as suas bases.
Às 16h00, o general Johannes Blaskowitz, o comandante-chefe alemão nos Países Baixos, rendeu-se ao general canadense Charles Foulkes na cidade holandesa de Wageningen na presença do Príncipe Bernardo (agindo como comandante-chefe das forças holandesas do interior).[16][17]

Rendição das forças alemãs na Bavária[editar | editar código-fonte]

Às 14h30 do dia 4 de maio de 1945, o general Hermann Foertsch entregou-se junto com todas as forças entre as montanhas da Boêmia e o rio Inn ao general americano Jacob L. Devers, comandante do 6º Grupo Armado dos Estados Unidos.

Primeira página do The Montreal Daily Star anunciando a rendição alemã.
Posições finais dos exércitos aliados em maio de 1945

Europa Central[editar | editar código-fonte]

Em 5 de maio, a resistência tcheca iniciou o Levante de Praga. No dia seguinte, os soviéticos iniciaram a Ofensiva de Praga. Em Dresden, o Gauleiter Martin Mutschmann tomou conhecimento de uma grande ofensiva alemã na frente oriental estava prestes a acontecer. Após dois dias, Mutschmann abandonou a cidade, mas foi capturado pelas tropas soviéticas na fuga.[18]

Rendição de Hermann Göring[editar | editar código-fonte]

Em 6 de maio, Hermann Göring, rendeu-se a Carl Andrew Spaatz que era o comandante operacional das Forças Aéreas dos Estados Unidos na Europa, junto com sua esposa e filha na fronteira entre a Alemanha e a Áustria. Naquele momento ele era o mais poderoso oficial nazista ainda vivo.

Rendição das forças alemãs na Breslávia[editar | editar código-fonte]

Às 18:00 do dia 6 de maio, o general Hermann Niehoff, comandante de Breslávia, rendeu-se as tropas soviéticas.[17]

Rendição das forças alemãs nas Ilhas do Canal[editar | editar código-fonte]

Em 8 de maio, os moradores das ilhas foram informados pelas autoridades alemãs que a guerra havia acabado. O Primeiro Ministro britânico Winston Churchill fez uma transmissão via rádio às 15:00 quando anunciou: "As hostilidades terminam oficialmente um minuto após a meia noite de hoje, mas no interesse de salvar vidas o cessar-fogo começou ontem devendo ser repassado para todo o front e nossas estimadas Ilhas do Canal também foram libertadas hoje."[19][20]

Em azul o território dominado pelo Eixo ao final da guerra na Europa
Keitel assina os termos da rendição em Berlim, 7 de maio de 1945

Rendição das forças alemãs por Jodl e Keitel[editar | editar código-fonte]

30 minutos após a queda de Breslávia, o general Alfred Jodl chegou a Reims. Seguindo as instruções de Dönitz, ofereceu a rendição de todas as tropas que estavam combatendo os aliados ocidentais. Esta foi a mesma negociação feita inicialmente entre von Friedeburg e Montgomery e assim como Montgomery o Comandante Supremo dos Aliados, general Dwight D. Eisenhower, ameaçou romper todas as negociações, a menos que os alemães concordassem com uma rendição incondicional.[21] Eisenhower deixou claro a Jodl que poderia manter as linhas de combate próximas aos soldados alemães, forçando estes a submeter sua rendição aos soviéticos.[21] Jodl enviou um comunicado a Dönitz, que estava em Flensburg, o informando sobre a declaração de Eisenhower. Pouco depois da meia-noite, Dönitz aceitou que não havia outra saída e aceitou a rendição completa e incondicional das tropas alemãs.[17][21]

Na manhã de 7 de maio, o quartel-general do Comando Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas em Reims, França, o Chefe do Estado-Maior do Alto comando das Forças Armadas Alemãs, o general Alfred Jodl, assinou os documentos de rendição de todas as tropas alemãs ao aliados, que incluía a seguinte frase: "Todas as forças sob controle alemão devem cessar suas operações às 23:01 horas Horário da Europa Central em 8 de maio de 1945."[13][20] No mesmo dia, o general Franz Böhme anunciou a rendição incondicional de todas as tropas alemãs na Noruega. No dia seguinte, o marechal-de-campo Wilhelm Keitel e outros oficiais viajaram até Berlim e pouco após a meia-noite assinaram um documento similar, submetendo a rendição às forças soviéticas na presença do general Gueorgui Júkov.[22] A cerimônia de assinatura aconteceu em uma antiga Escola de Engenharia do Exército Alemão no distrito de Karlshorst, atual Museu Alemão-Russo Berlin-Karlshorst.

Vitória na Europa[editar | editar código-fonte]

As notícias da iminente rendição alemã chegaram ao ocidente em 8 de maio e as celebrações tomaram conta de toda Europa. Nos Estados Unidos, os americanos amanheceram com as notícias e declararam o dia 8 de maio como o Dia da Vitória na Europa. Como a União Soviética fica a leste da Alemanha, já era 9 de maio (horário de Moscovo) quando a rendição alemã passou a ter efeito; esse é o motivo pelo qual a Rússia e alguns outros países europeus comemoram o dia da Vitória em 9 de maio.

Cessar-fogo alemão[editar | editar código-fonte]

A situação na Europa central em 1 de maio de 1945, um dia antes do exército alemão se render.

Uma pequena parte dos militares das forças alemãs não acataram a ordem de rendição do (Oberkommando der Wehrmacht (OKW)— o Alto comando das Forças Armadas Alemãs). O maior contingente era do Grupo de Exércitos Centro sob o comando do Generalfeldmarschall Ferdinand Schörner que fora promovido ao Comandante-em-chefe do Exército em 30 de abril, de acordo com o testamento de Hitler. Em 8 de maio Schörner desertou e fugiu para a Áustria. O Exército Soviético enviou um enorme contingente contra o Grupo de Exércitos Centro na Ofensiva de Praga, culminando na sua rendição em 11 de maio. As demais tropas que não se renderam em 8 de maio, o fizeram em etapas:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. The Daily Telegraph Story of the War, (January 1st to September 9th, 1945) page 153
  2. a b the Times, 1 May 1945, page 4
  3. (Biddiscombe 1998, p. 253)
  4. Davidson, Eugene (1999). The Death and Life of Germany. [S.l.]: University of Missouri Press. pp. 84–85. ISBN 0-8262-1249-2 
  5. Beevor 2002, p. 342.
  6. Max Hastings 'All Hell let loose' page 630
  7. G.A.Shepperd Italian Campaign 1943-1945 published by Arthur Barker 1968 page 368
  8. Daily Telegraph Story of the War fifth volume page 153
  9. Dollinger, Hans. The Decline and the Fall of Nazi Germany and Imperial Japan, Library of Congress Catalogue Card Number 67-27047. p. 239
  10. Ziemke 1969, p. 128.
  11. Beevor, Antony (2002). Berlin: The Downfall 1945. [S.l.]: Viking-Penguin Books 
  12. «DNA test closes book on mystery of Martin Bormann». Independent (em inglês). 4 de maio de 1998. Consultado em 2 de dezembro de 2014 
  13. a b James Callison, LCITS. «The University of Oklahoma College of Law: A Chronology of US Historical Documents». ou.edu. Consultado em 3 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 17 de maio de 2008 
  14. «Monty Speech & German Surrender 1945» (em inglês). British Pathé. Consultado em 1 de dezembro de 2013 
  15. the Times, 5 May 1945, page 4
  16. «World War II Timeline:western Europe: 1945». Consultado em 3 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 22 de setembro de 2006 
  17. a b c Ron Goldstein Field Marshal Keitel's surrender BBC additional comment by Peter – WW2 Site Helper
  18. [Page 228, "The Decline and Fall of Nazi Germany and Imperial Japan", Hans Dollinger, Library of Congress Catalogue Card Number 67-27047]
  19. John Olsen. «Page Not Found». winstonchurchill.org 
  20. a b During the summers of World War II, Britain was on British Double Summer Time which meant that the country was ahead of CET time by one hour. This means that the surrender time in the UK was "effective from 0001 hours on May 9". RAF Site Diary 7/8 May Arquivado em 2007-07-06 no UK Government Web Archive
  21. a b c Ziemke 1969, p. 130.
  22. Ziemke 1990, p. 258 last paragraph.
  23. «Hitler's Holdouts – Meet the Last German Troops to Surrender in WW2» (em inglês). Consultado em 2 de dezembro de 2014 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]