Feminismo marxista – Wikipédia, a enciclopédia livre

Símbolo do (trans)feminismo marxista

Feminismo marxista é um ramo do feminismo focado em investigar e explicar as maneiras pelas quais as mulheres são oprimidas por meio dos sistemas do capitalismo e da propriedade privada. De acordo com as feministas marxistas, a libertação das mulheres só pode ser alcançada através de uma reestruturação radical da economia capitalista atual, em que grande parte do trabalho das mulheres é desigual.[1] Apesar disso Marx criticou o carreirismo do feminismo burguês escandinavo.[2]

Karl Marx chegou a citar Charles Fourier que dizia que o progresso humano estaria associado a emancipação com relação ao sexismo.[3] O combate que Marx e Engels faziam ao sexismo era confirmado por contemporâneos como August Bebel que republicou os trabalhos do antropólogo Lewis Henry Morgan sobre este tema.[4] Marx também argumentava que o trabalho extenuante tirava o foco dos pais com relação ao cuidado da prole[5] e defendia que a família tradicional era uma maneira de preservar a propriedade privada.[5][6]

O autor também não descartou o papel da mulher como grupo social na história,[7] desafiando o determinismo machista e darwinista da época, apesar de afirmar que a emancipação das mulheres seria algo inevitável desde que haja a superação dos modos de produção.[8] Os autores marxistas dos séculos XIX e início do XX[3][9][10][11][12] acreditavam que a resolução do sexismo era uma das maiores questões a serem enfrentadas pela esquerda a nível de justiça social e equidade.

A prostituição também é descrita pelo pensador como algo suscetível a toda classe trabalhadora[7] e Karl defendia como antídoto um conceito de nova família em que cada membro fosse considerado como irmão.[9][13] Apesar disso, alguns autores argumentam que Marx defendia uma redução da jornada de trabalho para que as mulheres ficassem na dependência do lar.[14] Ainda esta vertente é a pioneira na análise feminista conjuntamente com o feminismo anarquista na Europa.[15] O feminismo marxista tem influenciado movimentos anti-coloniais no mundo todo, mesmo que indiretamente, dialogando com outros feminismos de esquerda.[16]

Teóricas principais[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ferguson, A. & Hennessy, R. (2010). [1] Feminist Perspectives on Class and Work. Stanford Encyclopedia of Philosophy.
  2. «Letters: Letter from Engels to Paul Ernst». www.marxists.org. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  3. a b Hayden, Carol Eubanks. 1979 /1984. Feminism and Bolshevism: The Zhenotdel and the Politics of Women’s Emancipation in Russia, 1917-1930. Ann Arbor, Mich.: University Microfilms International.
  4. Hayden, Carol Eubanks. 1979 /1984. Feminism and Bolshevism: The Zhenotdel and the Politics of Women’s Emancipation in Russia, 1917-1930. Ann Arbor, Mich.: University Microfilms International.p. 32-34
  5. a b Field, Mark G. 1968. “Workers (and Mothers): Soviet Women Today.” Pp.7-56 in The Role and Status of Women in the Soviet Union by Donald R. Brown, ed. NYC: Teachers College Press. P. 8-9
  6. Luryi, Yuri I. 1980. Soviet Family Law. Buffalo, NY: William S. Hein and Company.
  7. a b Hayden, Carol Eubanks. 1979 /1984. Feminism and Bolshevism: The Zhenotdel and the Politics of Women’s Emancipation in Russia, 1917-1930. Ann Arbor, Mich.: University Microfilms International.p. 33-34
  8. Buckley, Marry. 1985. “Soviet Interpretations of the Woman Question.” Pp.24-53 in Soviet Sisterhood: British Feminists on Women in the USSR. Barbara Holland, ed. London, UK: Fourth Estate.
  9. a b Goldman, Wendy Z. 1993. Women, The State, and Revolution: Soviet Family Policy and Social Life, 1917-1936. NYC: Cambridge University Press.
  10. Pushkareva, Natalia.1997. Women in Russian History: From the Tenth to the Twentieth Century. Translated and edited by Eve Levin. London, UK: M.E. Sharpe.
  11. Marsh, Rosalind. 1998. “Introduction.” Pp.ix-xix in Women and Russian Culture: Projections and Self-Perceptions by Rosalind Marsh, ed. Oxford, UK: Berghahn Books.
  12. Stites, Richard. 1978. The Women’s Liberation Movement in Russia: Feminism, Nihilism, and Bolshevism 1860-1930. Princeton, NJ: Princeton University Press.
  13. Field, Mark G. 1968. “Workers (and Mothers): Soviet Women Today.” Pp.7-56 in The Role and Status of Women in the Soviet Union by Donald R. Brown, ed. NYC: Teachers College Press.
  14. Field, Mark G. 1968. “Workers (and Mothers): Soviet Women Today.” Pp.9 in The Role and Status of Women in the Soviet Union by Donald R. Brown, ed. NYC: Teachers College Press.
  15. Engel, Barbara Alpern, and Anastasia Posadskaya-Vanderbeck, eds. 1998. A Revolution of Their Own: Voices of Women in Soviet History. Translated by Sona Hoisington. Oxford, UK: Westview Press.
  16. CONNELL, Raewyn. A colonialidade do gênero. In: Gênero em termos reais. São Paulo: nVersos, 2016, p. 25-44. LUGONES, María. Rumo a um feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento feminista:Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 357-377. ANZALDÚA, Gloria. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Estudos Feministas. Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 229-236, 2000 GARGALLO CELENTANI, Francesca. Formas, líneas e ideas de los feminismos indígenas. In: Feminismos desde Abya Yala. Ideas y proposiciones de las mujeres de 607 pueblos en nuestra América. Bogotá: Desde Abajo, 2015, p. 119-162.

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