Feminismo da diferença – Wikipédia, a enciclopédia livre

O feminismo da diferença sustenta que há diferenças entre homens e mulheres, mas nenhum julgamento de valor pode ser colocado sobre tais diferenças e que ambos os gêneros têm igual status moral como pessoas[1].

O termo "feminismo de diferença" se desenvolveu durante o "debate igualdade versus diferença" no feminismo norte-americano nas décadas de 1980 e 1990. Na década de 1990, as feministas abordaram a lógica binária de "diferença" versus "igualdade"[2] [3] [4].

O feminismo da diferença não exigia um compromisso com o essencialismo. A maioria das tendências feministas de diferença não argumentou que havia um vínculo biológico, inerente, a-histórico ou "essencial" entre a feminilidade e os valores tradicionalmente femininos, hábitos mentais (muitas vezes chamados de "maneiras de saber"[5]) ou traços de personalidade[6]. Essas feministas simplesmente procuraram reconhecer que, no presente, mulheres e homens são significativamente diferentes e valorizar as características "femininas" desvalorizadas[7]. Esta variedade de feminismo de diferença também é chamada de feminismo de gênero[8] [9].

História[editar | editar código-fonte]

O feminismo da diferença foi desenvolvido pelas feministas como uma reação ao feminismo liberal (também conhecido como "feminismo da igualdade"), que acredita que as supostas diferenças de gênero seriam uma barreira à igualdade de tratamento entre homens e mulheres. Por sua vez, o feminismo da diferença sustenta que as diferenças entre homens e mulheres não são um obstáculo para que homens e mulheres, e os valores masculinos e femininos, sejam tratados de forma equivalente[10]

O feminismo da diferença sustenta que a negação das diferenças de gênero serial prejudicial às mulheres, pois às impeliria a imitar os homens, privando a sociedade de suas contribuições distintas, ou permitindo que participem da sociedade apenas em condições que favoreçam as características masculinas.

O feminismo da diferença inspirou-se nas correntes de pensamento do início do século XIX, como, por exemplo, no trabalho da escritora alemã Elise Oelsner , que sustentava que não apenas as mulheres deveriam ser permitidas em esferas e instituições anteriormente exclusivamente masculinas (por exemplo, vida pública, ciência), mas que essas instituições também deveriam reconhecer os valores ética feminina, tradicionalmente desvalorizada[11].

Referências

  1. Carol Gilligan, em inglês, acesso em 10/06/2021.
  2. Deconstructing Equality-versus-Difference: Or, the Uses of Poststructuralist Theory for Feminism, em inglês, acesso em 10/06/2021.
  3. Bock, Gisela; James, Susan (1992). Beyond Equality and Difference. Routledge.
  4. Voet, Rian (1998). Feminism and Citizenship. London: SAGE Publications Ltd.
  5. Schiebinger, Londa. Has Feminism Changed Science?. p. 8.
  6. Grande Jensen, Pamela. Finding a New Feminism: Rethinking the Woman Question for Liberal Democracy. p. 2 footnote 4.
  7. Tandon, Neeru. Feminism: A Paradigm Shift. p. 68.
  8. Fowler, Robert Booth (1999). Enduring Liberalism: American Political Thought Since the 1960s. University Press of Kansas. p. 133.
  9. Ford, Lynne E. (2008). Encyclopedia of Women and American Politics. New York: Facts on File. p. 187.
  10. Voet, Rian (1998). Feminism and Citizenship. SAGE Publications Ltd.
  11. Grande Jensen, Pamela. Finding a New Feminism: Rethinking the Woman Question for Liberal Democracy. p. 3.