Evelyn Ntoko Mase – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mandela e Evelyn, durante o casamento de Walter Sisulu e Albertina, em 1944.

Evelyn Ntoko Mase (Engcobo, 18 de maio de 1922Joanesburgo, 30 de abril de 2004) foi uma enfermeira sul-africana, da etnia Xhosa, primeira esposa do líder anti-apartheid Nelson Mandela. Seu casamento durou até 1955, quando os dois se separaram de fato, e divorciaram-se no ano seguinte; moravam numa casa pequena, em Soweto; entre as causas da separação estavam o comprometimento de Mandela com a luta contra o regime do apartheid, à qual Evelyn era avessa, bem como sua conversão às Testemunhas de Jeová.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida no Transkei, ficou órfã de pai, um mineiro, quando ainda bebê, e perdeu a mãe aos doze anos, o que a fez ser mandada para junto do irmão Sam, que morava no Soweto, grande favela de Joanesburgo, trabalhando com o primo Walter Sisulu.[2]

Em Soweto concluiu o colégio e fez treinamento em enfermagem.[2]

Sisulu apresentou-lhe a Mandela,[3] então ainda estudante.[4] Ficaram casados de 1944 a 1957, tempo no qual tiveram quatro filhos: Madiba Thembekile (1945-1969), Makaziwe (1947, morta aos nove meses de idade), Makgatho (1950-2005) e Makaziwe (1954- ).[3]

O biógrafo de Mandela Martin Meredith assegura que ele tinha casos extraconjugais; um desses teria ocorrido quando Evelyn passou alguns meses em treinamento para parteira em Durban, no ano de 1952; durante sua ausência deixara a sogra e uma cunhada cuidando das crianças mas, quando retornou, a secretária de Mandela estava morando na casa; houve uma briga em que Evelyn ameaçou jogar-lhe água fervente e esta então saiu, embora o caso tenha continuado após isto.[2]

A morte ainda bebê da primeira filha, Makaziwe, abalou bastante Evelyn e, quando nasceu outra menina que recebeu o mesmo nome da irmã, em 1954, ela se converteu às Testemunhas de Jeová; diante da vida atribulada do marido, sugeriu sem sucesso que ambos se mudassem de volta ao Transkei, onde ele assumiria sua posição na aristocracia do lugar.[2]

Tal era o envolvimento de Mandela com o trabalho no escritório advocatício e no Congresso Nacional Africano, que aos cinco anos o filho mais velho, Thembi, perguntara à mãe: "Onde o Papai vive?",[nota 1] pois este chegava em casa sempre tarde da noite, e saía muito cedo.[4]

As incompatibilidades aumentaram, e isto se refletia nos filhos: enquanto o pai lhes fazia leituras sobre política, a mãe os levava por Soweto realizando serviço de pregação; finalmente Evelyn exigiu que o marido escolhesse entre ela e suas ações no CNA; quando Sisulu tentou intervir, Mandela disse-lhe que não amava mais a esposa.[2]

Apesar de separado de fato da mulher, ainda morava em casa; em 5 de dezembro de 1956 a polícia invadiu a residência dos dois, revirando todos os pertences e procurando papéis por quase uma hora e, ao fim, levou o líder preso, diante de seus filhos pequenos. Evelyn não visitou o esposo na prisão, nem procurou lutar por sua libertação - em vez disso entrou com o pedido de divórcio e ficou com a guarda dos filhos.[4]

Em 1958, ano em que Mandela se casou com Winnie Madikizela, mudou-se com os filhos para Cofimvaba, no Cabo Leste, onde tinha um pequeno comércio.[2]

Em 1969 morre-lhe o filho mais velho, Thembi, em acidente automobilístico, enquanto Mandela já cumpria sua pena de prisão na Ilha Robben.[2]

Em 1998 Evelyn contraiu novas núpcias com o empresário aposentado de Soweto, Simon Rakeepile,[3] também membro das Testemunhas de Jeová.[2]

Morreu de problemas respiratórios, em Joanesburgo, onde foi sepultada numa cerimônia que contou com a presença de Nelson Mandela e sua atual esposa Graça Machel, e também de sua segunda mulher Winnie Madikizela-Mandela.[5]

Notas e referências

Notas

  1. Em inglês: "Where does Dad live?"

Referências

  1. Richard Stengel (tradução: Douglas Kim). Os Caminhos de Mandela: lições de vida, amor e coragem. 2010 (5ª reimpressão, 2011). [S.l.]: Globo S.A. p. 181-182. ISBN 9788525046086 
  2. a b c d e f g h Liz McGregor (5 de maio de 2004). «Evelyn Rakeepile: Apolitical wife who suffered for Nelson Mandela». The Guardian (obituário). Consultado em 8 de dezembro de 2013 
  3. a b c Nelson Mandela (2010). Conversas que tive comigo. [S.l.]: Rocco. p. 403. ISBN 9788532526076 
  4. a b c Coleen Degnam-Veness (2007). Nelson Mandela. [S.l.]: Pearson Education Lda. ISBN 9781405850612 
  5. «Madiba bids final farewell to his first wife». IOL News. 8 de maio de 2004. Consultado em 9 de dezembro de 2013 
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