Estrôncio – Wikipédia, a enciclopédia livre

Estrôncio
RubídioEstrôncioÍtrio
Ca
 
 
38
Sr
 
               
               
                                   
                                   
                                                               
                                                               
Sr
Ba
Tabela completaTabela estendida
Aparência
branco prateado metálico


Cristais de estrôncio feitos sinteticamente, em uma ampola de vidro, de pureza 99,95%.
Informações gerais
Nome, símbolo, número Estrôncio, Sr, 38
Série química metal alcalinoterroso
Grupo, período, bloco 2 (IIA), 5, s
Densidade, dureza 2630 kg/m3, 1,5
Número CAS
Número EINECS
Propriedade atómicas
Massa atómica 87,62(1) u
Raio atómico (calculado) 200 pm
Raio covalente 192 pm
Raio de Van der Waals 249 pm
Configuração electrónica [Kr] 5s2
Elétrons (por nível de energia) 2, 8, 18, 8, 2 (ver imagem)
Estado(s) de oxidação 2 (base forte)
Óxido
Estrutura cristalina cúbico de corpo centrado
Propriedades físicas
Estado da matéria sólido
Ponto de fusão 1050 K
Ponto de ebulição 1655 K
Entalpia de fusão 8,3 kJ/mol
Entalpia de vaporização 144 kJ/mol
Temperatura crítica  K
Pressão crítica  Pa
Volume molar 33,94×10−6 m3/mol
Pressão de vapor 1 Pa a 796 K
Velocidade do som m/s a 20 °C
Classe magnética Paramagnético
Susceptibilidade magnética
Permeabilidade magnética
Temperatura de Curie  K
Diversos
Eletronegatividade (Pauling) 0,95
Calor específico J/(kg·K)
Condutividade elétrica S/m
Condutividade térmica 35,3 W/(m·K)
1.º Potencial de ionização 549,5 kJ/mol
2.º Potencial de ionização 1064,2 kJ/mol
3.º Potencial de ionização 4138 kJ/mol
4.º Potencial de ionização kJ/mol
5.º Potencial de ionização kJ/mol
6.º Potencial de ionização kJ/mol
7.º Potencial de ionização kJ/mol
8.º Potencial de ionização kJ/mol
9.º Potencial de ionização kJ/mol
10.º Potencial de ionização kJ/mol
Isótopos mais estáveis
iso AN Meia-vida MD Ed PD
MeV
82Srsintético25,36 dε82Rb
83Srsintético1,35 dε
β+
γ
-
1,23
0,76; 0,36
83Rb
83Rb
-
84Sr0,56%estável com 46 neutrões
85Srsintético64,84 dε
γ
-
0,514
85Rb
-
86Sr9,86%estável com 48 neutrões
87Sr7,0%estável com 49 neutrões
88Sr82,58estável com 50 neutrões
89Srsintético50,52 dε
β-
1,49
0,909
89Rb
89Y
90Srtraços28,90 aβ-0,54690Y
Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.

O estrôncio é um elemento químico de símbolo Sr de número atômico 38 (38 prótons e 38 elétrons) e de massa atómica igual a 87,6 u. À temperatura ambiental, o estrôncio encontra-se no estado sólido. É um metal alcalino-terroso (do grupo 2 ou IIA) da Classificação Periódica dos Elementos. Abundante na natureza na forma de sulfatos e carbonatos. Foi identificado em 1790 por Adair Crawford e isolado, pela primeira vez, por Humphry Davy.

Sua principal aplicação é em cristais para tubos de raios catódicos de televisores coloridos e em fogos de artifício. Estrôncio foi detectado no espaço após uma fusão de duas estrelas de nêutrons.[1]

Características principais[editar | editar código-fonte]

O estrôncio elementar é um metal de coloração prateada brilhante, pouco maleável, que rapidamente se oxida na presença de oxigênio do ar adquirindo uma tonalidade amarelada devido a formação de óxido. Por isso deve ser conservado imerso em querosene. Devido à sua elevada reatividade, o metal encontra-se na natureza combinado com outros elementos formando compostos. Reage rapidamente com a água libertando hidrogênio para formar o hidróxido.

O metal arde em presença do ar - espontaneamente quando se encontra na forma de pó finamente dividido - com chama vermelha rosada formando óxido e nitreto; como o nitrogênio não reage abaixo da temperatura de 380 °C, forma-se unicamente óxido quando arde a temperatura ambiente. Os sais voláteis de estrôncio produzem uma chama coloração carmim, por isso são usados em pirotecnia.

Apresenta três estados alotrópicos com pontos de transição a 235 °C e 540 °C.

Aplicações[editar | editar código-fonte]

Atualmente a principal aplicação do estrôncio é em cristais para tubos de raios catódicos de televisores em cores. Existem regulamentações que exigem a utilização deste metal para filtrar os raios X, evitando que incidam sobre o telespectador.

Outros usos[editar | editar código-fonte]

Refinação de açúcar[editar | editar código-fonte]

O estrôncio foi usado como catalisador e teve grande impacto na produção de açúcar da Europa dos meados do século XIX. Aplicado na forma de SrO/Sr(OH)2 este agia no processo de refinação, possibilitando dobrar a produção de açúcar a partir do melaço. A matéria prima para a fabricação do catalisador era o carbonato de estrôncio obtido a partir do minério estroncianita, que foi explorado em grande escala. Posteriormente também foi usado o sulfato de estrôncio a partir da celestina. Por volta de 1900 o método se tornou obsoleto.[2]

História[editar | editar código-fonte]

O estrôncio foi identificado em 1790 por Adair Crawford e William Cruickshank ao analisarem um mineral originário da cidade de Strontian na Escócia. Posteriormente este mineral foi denominado Estroncianita - de onde provém o nome do metal. Em 1798 Martin Klaproth e Thomas Hope descobriram-no de forma independente. O primeiro a isolar o estrôncio foi Humphry Davy através da eletrólise da estronciana (ou óxido de estrôncio).

Abundância e obtenção[editar | editar código-fonte]

O estrôncio é um elemento abundante na natureza, representando uma média de 0,034% de todas as rochas ígneas e é encontrado majoritariamente na forma de sulfato (celestita) e carbonato (estroncianita). A similaridade dos raios iônicos do cálcio e estrôncio permitem que este substitua o primeiro nas redes iônicas de suas espécies minerais, o que provoca a grande distribuição do estrôncio. A celestita é encontrada em depósitos sedimentares em quantidade suficiente para que a sua mineração seja rentável, razão pela qual é a principal fonte de estrôncio. Os depósitos de estroncianita economicamente viáveis encontrados até agora são escassos. As principais explorações de minérios de estrôncio são efetuadas na Inglaterra. O metal pode-se extrair por eletrólise do sulfato fundido misturado com cloreto de potássio:

(cátodo) Sr2+ + 2e → Sr
(ánodo) 2 Cl → Cl2 (gás) + 2e

ou por aluminotermia, que é a redução do óxido com alumínio no vácuo, na temperatura de destilação do estrôncio.

Produção mundial em 2019, em toneladas por ano
1. Espanha 90.000
2.  China 50.000
3.  México 40.000
4. Irã Irão 37.000
4.  Argentina 700

Fonte: USGS.

Isótopos[editar | editar código-fonte]

O estrôncio tem quatro isótopos naturais estáveis: 84Sr (0,56%), 86Sr (9,86%), 87Sr (7,0%) e 88Sr (82,58%). Somente o isótopo 87Sr é radiogênico, produto da desintegração do 87Rb. Portanto, o 87Sr pode ter duas origens: formado durante a síntese nuclear primordial (junto com os outros três isótopos estáveis) e formado pelo decaimento do rubídio. A razão 87Sr/86Sr é o parâmetro tipicamente utilizado na datação radiométrica da investigação geológica, encontrando-se valores entre 0,7 e 4,0 em diferentes minerais e rochas.

São conhecidos 16 isótopos radioativos. O mais importante é o 90Sr, de 29 anos de meia-vida, subproduto da chuva nuclear que segue as explosões nucleares, representando um sério risco porque substitui com facilidade o cálcio dos ossos dificultando sua eliminação. Este isótopo é um dos mais conhecidos emissores beta de alta energia e de grande meia-vida, sendo empregado em geradores nucleares auxiliares (SNAP, "Systems for Nuclear Auxiliary Power") para naves espaciais, estações meteorológicas remotas, balizas de navegação e, em geral, para aplicações que requerem uma fonte de energia elétrica rápida e com grande autonomia.

Precauções[editar | editar código-fonte]

Metal pirofórico[editar | editar código-fonte]

O estrôncio metálico (elementar) é extremamente reactivo e entra em combustão espontânea na presença do ar atmosférico, pelo qual pode ser considerado um agente causador de incêndio.

Fisiologia e radioactividade[editar | editar código-fonte]

As formas estáveis (não radioativas) dos sais de estrôncio não são tóxicas para o corpo humano e têm fisiologia semelhantes a do cálcio, ou seja, estão envolvidos na formação do esqueleto e dos dentes. Um ser humano adulto tem em média ca. de 4,6 ppm de Sr em seu corpo e a ingestão diária de 0,8 a 5,0 mg não causa problemas a saúde.
Já o isótopo radioactivo 90Sr pode ser extremamente perigoso. Este é um produto remanescente de explosões nucleares e se encontra no meio ambiente desde os testes realizados nos anos 50 e 60. Também pode ser oriundo de contaminação por lixo atómico provindo de usinas nucleares.[3] O estrôncio-90 é absorvido da mesma maneira que as formas estáveis, e como já citado, se acumula nos tecidos ósseos juntamente com o cálcio, mas podendo causar câncer nos mesmos. A exposição prolongada à radiação tende a causar diversos danos e prejudicar o funcionamento do corpo.

O estrôncio é encontrado em pequenas quantidades no corpo humano, mas não tem um papel biológico conhecido e não é um elemento essencial à vida humana.

Referências

  1. «First identification of a heavy element born from neutron star collision». Tech Explorist (em inglês). 23 de outubro de 2019. Consultado em 23 de outubro de 2019 
  2. Martin Börnchen: Strontianit (2005, em alemão), "um guia de exposição da biblioteca da Unviersidade Livre de Berlim, Original: Strontianit, Von der Entdeckung des Strontiums im Strontianit durch Klaproth und Hope 1793 über den Bergbau im Münsterland 1880 zu modernen Anwendungen von Strontium und seinen Verbindungen in Technik und Medizin, Nov. de 2005, em PDF: Ausstellungsführer der Universitätsbibliothek der Freien Universität Berlin[ligação inativa], p. 24 e 39
  3. "Estrôcio & Água", artigo disponibilizado pela empresa Lenntech (em alemão, com várias fontes), Lenntech: Strontium und Wasser (Sr + H2O), consultado em 20-12-2012

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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