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Esther Vilar
Esther Vilar
Esther Vilar (1977)
Nascimento 16 de setembro de 1935
Buenos Aires
Cidadania Alemanha, Argentina
Cônjuge Klaus Wagn
Alma mater
Ocupação psicóloga, escritora, socióloga, médica
Obras destacadas O Homem Domado

Esther Vilar, pseudônimo de Esther Margareta Katzen (Buenos Aires, 16 de setembro de 1935), é uma escritora argentino-alemã. É mais conhecida pelo seu livro de 1971, Der Dressierte Mann (traduzido em português como O Homem Domado para o Brasil e O Homem Subjugado para Portugal), e as continuações deste, que argumenta no sentido contrário ao da retórica feminista de defesa dos direitos femininos. Segundo a autora as mulheres nas sociedades industrializadas não são oprimidas, pois na verdade exploram um sistema bem estabelecido de manipulação dos homens.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Os pais de Esther eram judeus imigrantes da Alemanha. Ambos se separaram quando ela tinha 3 anos.

Ao terminar os estudos de medicina na Universidade de Buenos Aires, obteve uma bolsa e foi para a Alemanha Ocidental em 1960, tendo se especializado em psicologia e sociologia, e trabalhado como assistente-médica num hospital alemão por um ano. Antes de se estabelecer como autora, também exerceu as profissões de tradutora, vendedora, operária em uma fábrica de termômetros, modelo de calçados e secretária.

Esther se casou em 1961 com o escritor alemão Klaus Wagn,[1] com quem teve um filho, Martin, em 1964. O casamento durou dois anos e terminou em divórcio, porém ela explicou: "Eu não terminei com o homem, apenas com o casamento como instituição".[2]

Principais trabalhos[editar | editar código-fonte]

Em O Homem Domado (Der Dressierte Mann no título original em alemão), Vilar argumenta que as mulheres não são oprimidas pelos homens, mas os controlam em um relacionamento que é vantajoso a elas mas do qual a maioria dos homens não toma ciência.

Algumas das estratégias descritas no livro são:

  • Atrair homens com sexo, usando estratégias de sedução;
  • Usar o elogio para controlar homens administrando-o com cuidado;
  • Usar chantagem emocional como meio de controlar os homens;
  • Uso de amor e romance como um pretexto para disfarçar suas intenções e motivos reais.

O Homem Domado tornou-se bastante popular na época de seu lançamento, em parte devido a uma considerável cobertura da imprensa.[3]

Esther Vilar também apareceu no programa The Tonight Show em 21 de fevereiro de 1973 para discutir o livro. Em 1975 ela foi convidada para um debate televisivo pela WDR com a escritora feminista alemã Alice Schwarzer, que ficou conhecida como representante do movimento feminista na época.[4] O debate foi muito agressivo. Em dado momento, Alice afirma que Esther era[5] "Não apenas sexista, mas fascista" e compara seu livro ao semanário nazista "Der Stürmer".[6]

Segundo Esther Vilar, em razão das controvérsias em torno do seu livro, ela teria recebido ameaças de morte. Comparando a sua experiência à de Salman Rushdie, ela relatou ter passado por décadas de desprezo: "Eu não imaginei o quanto me encontraria isolada após escrever este livro. Nem previ as consequências que teria para os meus subsequentes trabalhos e mesmo para a minha vida privada - ameaças violentas ainda não cessaram até este momento".[7]

  • Speer (1998)

A peça teatral Speer é um trabalho de ficção biográfico sobre o arquiteto alemão Albert Speer e tem sido apresentada em Berlim e Londres, dirigida e estrelada por Klaus Maria Brandauer. Esther também escreveu outros livros e peças, mas a maioria não foi traduzida nem mesmo para o idioma inglês.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Não ficção[editar | editar código-fonte]

Em alemão
  • Die Lust an der Unfreiheit. Erläuterungen zur Theorie des Genetivismus ('O desejo de liberdade. Notas sobre a teoria da Genetivismo'). Caann, München 1971, ISBN 3-87121-008-0.
  • Der dressierte Mann ('O homem adestrado'). Bertelsmann, Gütersloh 1971, ISBN 3-423-10821-5.
  • Das polygame Geschlecht. Das Recht des Mannes auf zwei Frauen ('O sexo poligâmico. O direito do homem com duas mulheres'). Caann, München 1974, ISBN 3-87121-012-9.
  • Das Ende der Dressur. Modell für eine neue Männlichkeit ('O fim da manipulação. Modelo para uma nova masculinidade'). Droemer-Knaur, München/ Zürich 1977, ISBN 3-426-04590-7.
  • Die Fünf-Stunden-Gesellschaft. Argumente für eine Utopie ('A sociedade de cinco horas. Argumentos para uma utopia') Herbig, München/ Berlin 1978, ISBN 3-7766-0894-3.
  • „Alt“. Manifest gegen die Herrschaft der Jungen (' Alt. Manifesto contra o domínio dos jovens). Herbig, München/ Berlin 1980, ISBN 3-7766-1089-1.
  • Der betörende Glanz der Dummheit ('O brilho fascinante da estupidez'). Econ-Verlag, Düsseldorf/ Wien/ New York 1987, ISBN 3-430-19368-0.
  • Die 25-Stunden-Woche. Arbeit und Freizeit in einem Europa der Zukunft ('A semana de 25 horas. Trabalho e tempo livre na Europa do futuro). Prefácio de Oskar Lafontaine. Econ-Taschenbuch-Verlag, Düsseldorf 1990, ISBN 3-612-23068-9.
  • Die Erziehung der Engel. Wie lebenswert wäre das ewige Leben? ('A educação dos anjos. Quanto valeria a pena a vida eterna?') Econ, Düsseldorf u. a. 1992, ISBN 3-430-19367-2.
  • Die Schrecken des Paradieses. Wie lebenswert wäre das ewige Leben? ('O horror do paraíso. Quanto valeria a pena a vida eterna?'). Edição revista. Com epílogo de Michael Schmidt-Salomon. Alibri-Verlag, Aschaffenburg 2009, ISBN 978-3-86569-046-3.
  • Heiraten ist unmoralisch ('O casamento é imoral'). Lübbe, Bergisch Gladbach 1994, ISBN 3-7857-0745-2.
  • Alt heisst schön. Manifest gegen den Jugendkult ('Velho é bonito. Manifesto contra o culto da juventude'). Lübbe, Bergisch Gladbach 1995, ISBN 3-404-60401-6.
  • Katholikinnen aller Länder vereinigt euch ('Católicos do mundo, uni-vos'). Lübbe, Bergisch Gladbach 1995, ISBN 3-7857-0812-2.
  • Denkverbote. Tabus an der Jahrtausendwende ('Controle do pensamento. Tabus na virada do milênio'). Lübbe, Bergisch Gladbach 1998, ISBN 3-7857-0905-6.
Em inglês
  • The Manipulated Man. [S.l.]: Pinter & Martin. 1998. ISBN 0-9530964-2-4 
  • Vilar, Esther (1976). The Polygamous Sex: A man's right to the other woman. [S.l.]: W. H. Allen. ISBN 0-491-01737-5 
  • Vilar, Esther (1998). Speer. [S.l.]: Transit. ISBN 3-88747-128-8  (peça teatral)
  • El discurso inaugural de la papisa americana: The inaugural address of the American papess. [S.l.]: Lectorum. 1982. ISBN 84-02-09008-7 

Referências

  1. Wünsch dir was (em alemão) Der Spiegel, 27 de dezembro de 1971. Acessado em 20 de Dezembro de 2011.
  2. Author Esther Vilar Lashes Out At Women (em inglês) Star-Banner, 14 de Junho de 1972. Acessado em 20 de Dezembro de 2011.
  3. E. Vilar, "Der dressierte Mann", rádio-entrevista (em alemão) Arquivado em 3 de maio de 2012, no Wayback Machine. ARD, 7 de novembro de 1971. Acessado em 19 de Dezembro de 2011.
  4. Trechos do debate podem ser vistos no documentário sobre Alice Schwarzer, disponível na coletânea de 12 DVDs "Deutschland - Lenker und Gestalter", lançada na Alemanha, e em uma entrevista recente de Alice que foi ao ar em 27 de setembro de 2011, disponível no site da ARD. O debate na íntegra (42 minutos), em DVD, pode ser obtido diretamente da Westdeutscher Rundfunk (WDR) aqui.
  5. Im Clinch (em alemão) Der Spiegel, 10 de Fevereiro de 1975. Acessado em 20 de Dezembro de 2011.
  6. Frau gegen Frau (em alemão) Die Zeit, 16 de junho de 2005. Acessado em 20 de Dezembro de 2011.
  7. Esther Vilar, O Homem Domado (edição revista). Agosto de 1998

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]