Esquadrão N.º 482 da RAAF – Wikipédia, a enciclopédia livre

Esquadrão N.º 482
Interior of large aircraft hangar
Imagem de dentro do hangar principal do esquadrão, na Base aérea de Amberley, num dia normal. Na fotografia podem-se ver bombardeiros General Dynamics F-111C e um PAC CT/4 Airtrainer de visita.
País Austrália
Corporação Real Força Aérea Australiana
Subordinação Asa N.º 82
Missão Manutenção e recuperação de aeronaves
Período de atividade 1942 - 1992

O Esquadrão N.º 482 foi uma unidade de manutenção da Real Força Aérea Australiana (RAAF). Foi formada em Maio de 1942 como Unidade de Reparação e Salvamento N.º 4, foi posteriormente rebaptizada como Unidade de Reparação e Manutenção N.º 4 em Janeiro de 1945 e re-formada como Esquadrão de Manutenção N.º 482 em Maio de 1946. O esquadrão tornou-se então parte da Asa N.º 82 na Estação de Amberley, em Queensland. Ao longo das décadas em que esteve activo, o esquadrão trabalhou com aeronaves como o Consolidated B-24 Liberator, Avro Lincoln, English Electric Canberra, McDonnell Douglas F-4E Phantom e o General Dynamics F-111. Em Março de 1992, o Esquadrão N.º 482 fundiu-se com o Depósito de Aeronaves N.º 3 para formar a Asa N.º 501. Esta asa continuou a providenciar manutenção para os F-111, até ser extinta em 2001.

História[editar | editar código-fonte]

A Unidade de Reparação e Salvamento N.º 4 foi formada na Estação de Laverton, em Victoria, em 18 de Maio de 1942. O primeiro comandante desta unidade, a partir de 1 de Junho, foi o Lieutenant H. R. P. Relf. No dia 20 de Outubro, foi movido para o Aeródromo de Pell, no Território do Norte, e ficou operacional no dia 26 de Dezembro.[1][2] Sob o controlo do Comando da Área Noroeste, a unidade de reparação ficou responsável pela salvamento de aeronaves danificadas, as quais teriam que ser posteriormente reparadas ou desmanteladas para aproveitamento de peças. Por volta de Dezembro de 1943, a sua força de efectivos contabilizava mais de 500 pessoas.[1] No dia 1 de Janeiro de 1945 foi rebaptizada Unidade de Reparação e Manutenção N.º 4, sendo depois transferida para Winnellie, no Território do Norte, no dia 11 de Maio.[1][2] À medida que a guerra no pacífico avançava em direcção a norte, o número de efectivos da unidade foi reduzido; em Agosto contava com menos de 400 efectivos, dos quais 11 eram oficiais. No dia 15 de Dezembro de 1945, a unidade foi novamente movimentada, desta vez para a Estação de Parkes, em Nova Gales do Sul; pouco tempo depois, no dia 15 de Abril de 1946, a unidade foi transferida para a Estação de Amberley, em Queensland.[1]

A Unidade de Reparação e Manutenção N.º 4 foi re-formada como Esquadrão de Manutenção N.º 482 no dia 10 de Maio de 1946. Comandada pelo Squadron Leader J. E. Jackson, tornou-se parte da Asa N.º 82. O lema do esquadrão era "Trenchant" (em português: Mordaz).[3] Outras unidades da Asa N.º 82 incluíam os esquadrões 12, 21 e 23, mas estes receberam novas numerações, passando a ser, a partir de Fevereiro de 1948, os esquadrões 1, 2 e 6, respectivamente. Ao mesmo tempo, os bombardeiros pesados da asa, os Consolidared B-24 Liberator, foram substituídos pelos Avro Lincoln.[4][5] Entre 1949 e 1950, alguns dos aviões Lincoln foram modificados, sendo equipados com radares avançados e outros instrumentos, para participar na Operação Cumulative, um programa conjunto com a Real Força Aérea cujo objectivo era a navegação de longo alcance e a recolha de dados para serem usados em potenciais campanhas contra a União Soviética.[6] O Esquadrão N.º 482, a meio de 1950, passou por um período crítico pela falta de motores Merlin, mas a situação voltou a normalizar-se no ano seguinte.[3]

Um bombardeiro a jacto Canberra, uma das aeronaves às quais o esquadrão realizava manutenção, entre 1953 e 1968

Em Outubro de 1950, o pessoal do esquadrão frequentou diversos cursos sobre fuselagem e motores Rolls-Royce Avon, em preparação para a introdução dos recém-encomendados bombardeiros a jacto English Electric Canberra.[3][7] Durante os anos 50 e 60, o Esquadrão N.º 482 começou a providenciar apoio em exercícios envolvendo os bombardeiros Canberra, em Darwin e na Nova Guiné, assim como em ocasiões onde decorreram cerimónias com visitas de entidades importantes.[3] Em Abril de 1968, a Unidade de Conversão Operacional N.º 1, responsável pela conversão das tripulações aéreas para o Canberra, tornou-se independente da Asa N.º 82 para se concentrar em fornecer pessoal qualificado para o Esquadrão N.º 2, que estava a cumprir serviço na Guerra do Vietname.[8] Assim, a responsabilidade de manutenção dos bombardeiros Canberra foi transferido do Esquadrão N.º 482 para a Unidade de Conversão Operacional N.º 1, assim como vários efectivos e equipamentos.[3]

Um F-4E Phantom da RAAF, um caça-bombardeiro ao qual o esquadrão realizou manutenção

Entre 1970 e 1973, como uma medida interina levada acabo pelo atraso na entrega dos bombardeiros General Dymanics F-111, a Asa N.º 82 começou a operar aviões McDonnell Douglas F-4E Phantom.[9] A manutenção dos F-4E ficou na responsabilidade do Esquadrão N.º 482, em conjunto com o Depósito de Aeronaves N.º 3; além do serviço rotineiro, estas unidades modificaram os radares do Phantom no início de 1971.[10] As infraestruturas como hangares e oficinas, assim como os equipamentos, foram todos actualizados, reformados e modernizados no final dos anos 60, em antecipação à chegada dos bombardeiros F-111; o hangar principal da unidade passou a ser referido como o "Taj Mahal".[11] Por volta de 1973, o ano em que finalmente os F-111 entraram em serviço, o Esquadrão N.º 482 tinha uma força de mais de 700 efectivos. À imagem da Força Aérea dos Estados Unidos, a RAAF empregou um conceito em que todo o pessoal de manutenção de aeronaves e equipamentos aeronáuticos estariam sob a dependência do Esquadrão N.º 482, que realizava as missões de acordo com as suas responsabilidades em apoio aos F-111 de ambos os esquadrões 1 e 6. De acordo com o Air Marshal Errol McCormack, um piloto do F-111 que subiu na carreira até se tornar Chefe do Estado-maior da RAAF, este conceito era um "desastre" que estava condenado a falhar, devido ao pequeno tamanho da frota de aviões F-111 da RAAF.[12]

Os F-111 da RAAF foram a última aeronave com a qual o esquadrão trabalhou

No dia 1 de Fevereiro de 1981, a responsabilidade pelo serviço de manutenção (a nível operacional) dos F-111 foi transferido para os respectivos esquadrões que operavam as aeronaves. Sob este programa, 200 efectivos foram transferidos do Esquadrão N.º 482 para os esquadrões 1 e 6, que pela primeira vez adquiriram algum controlo directo dos seus F-111.[3] O Esquadrão N.º 482 continuou a providenciar apoio e manutenção mais pesada aos bombardeiros, enquanto as grandes actualizações e manutenções complexas que envolvessem a desmontagem da aeronave ou dos motores ficou da responsabilidade do Depósito de Aeronaves N.º 3.[13][14] O Esquadrão N.º 482 também operava o simulador de voo do F-111.[15] O pessoal do esquadrão era frequentemente destacado para ir em exercícios onde os F-111 também fossem, e também tomava parte das investigações e recuperação em caso de acidentes com a aeronave.[3] No dia 17 de Março de 1983, Sir Ninian Stephen ofereceu ao Esquadrão N.º 482 a bandeira do Governador-geral da Austrália.[16] O esquadrão fundiu-se com o Depósito de Aeronaves N.º 3 no dia 16 de Março de 1992, fusão que resultou na Asa N.º 501.[17][18] Esta asa tornou-se na maior asa da RAAF, com uma força total de mais de 1200 efectivos.[18] A Asa N.º 501 continuou a trabalhar com o F-111 em Amberley até 2001, quando a empresa Boeing Australia recebeu um contracto de manutenção.[19][20]

Referências

  1. a b c d RAAF Historical Section, Maintenance Units, pp. 88–89
  2. a b Helson, The Forgotten Air Force, Appendix D
  3. a b c d e f g RAAF Historical Section, Maintenance Units, pp. 66–69
  4. «Avro Lincoln». Museu da RAAF. Consultado em 6 de julho de 2017. Cópia arquivada em 12 de fevereiro de 2014 
  5. Wilson, Lincoln, Canberra and F-111, p. 48
  6. Stephens, Going Solo, pp. 445–449
  7. «Canberra». Museu da RAAF. Consultado em 6 de julho de 2017. Cópia arquivada em 2 de agosto de 2017 
  8. Wilson, Lincoln, Canberra and F-111, p. 104
  9. Stephens, Going Solo, pp. 387–388
  10. Wilson, Phantom, Hornet and Skyhawk, p. 45
  11. Lax, From Controversy to Cutting Edge, p. 41
  12. Lax, From Controversy to Cutting Edge, p. 123
  13. Wilson, Lincoln, Canberra and F-111, p. 160
  14. Lax, From Controversy to Cutting Edge, p. 195
  15. Wilson; Pittaway, F-111 in RAAF Service, p. 48
  16. «VICE-REGAL». ACT. Canberra Times (ACT : 1926 - 1995). 2 páginas. 18 de março de 1983 
  17. RAAF Historical Section, Introduction, Bases, Supporting Organisations, pp. 119–123
  18. a b Lax, From Controversy to Cutting Edge, p. 196
  19. Odgers, Air Force Australia, pp. 192, 218
  20. Lax, From Controversy to Cutting Edge, pp. 222–223

Bibliografia[editar | editar código-fonte]