Escriba – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nota: Se procura pelo agente policial, consulte Escrivão de polícia.
Jean Miélot, escriba europeu em seu escritório.

O escriba ou escrivão era aquele que na antiguidade e também durante a idade média dominava a escrita e a usava para redigir as leis de sua região, a mando do governante, ou as normas de uma determinada religião, antes da invenção da prensa móvel. Também podia exercer as funções de contador, secretário, copista e arquivista. Na antiguidade, os escribas eram os profissionais que tinham a função de escrever textos, registrar dados numéricos, redigir leis, copiar e arquivar informações. Como poucas pessoas dominavam a arte da escrita, possuíam grande destaque social.

O Egito Antigo[editar | editar código-fonte]

Escriba egípcio

O escriba do Antigo Egito, ou sesh,[1] era uma pessoa educada nas artes da escrita (usando tanto escritas hieróglifas e hieráticas, e da segunda metade do primeiro milênio a.C. a escrita demótica foi usada também) e dena (aritmética).[2][3] Filhos de escribas eram educados na mesma tradição escriba, enviados à escola e ao entrarem ao serviço civil, herdavam o mesmo cargo dos pais.[4]

Muito do que é sabido do Antigo Egito provém das atividades dos escribas. Edifícios monumentais foram erigidos sob suas supervisões,[5] atividades administrativas e econômicas eram documentadas por eles, e os contos das bocas das baixas classes egípcias ou de terras estrangeiras sobreviveram graças ao escribas.[6]

Escribas também eram considerados parte da corte real e não eram obrigados a pagar tributos ou se juntar às forças armadas. A profissão do escriba possuía similares, como os pintores e artesãos que faziam decorações e outras relíquias com pinturas e textos hieróglifos. Um escriba era dispensado do trabalho manual pesado exigido às baixas classes.

Escribas na Bíblia[editar | editar código-fonte]

Nos livros sagrados para os cristãos e judeus, o termo escriba refere-se aos chamados doutores e mestres, ou seja, homens especializados no estudo e na explicação da lei ou Torá.[7][8] O termo aparece pela primeira vez no livro veterotestamentário de Esdras; os escribas eram bem sucedidos no que faziam e sabe-se que tinham grande influência e eram muito estimados pelo povo, tendo existido escribas partidários de diferentes correntes do judaísmo, tais como os fariseus (que eram a maioria), os saduceus e os essênios.

História[editar | editar código-fonte]

Iniciaram sua atuação ainda no final do período do Antigo Testamento, durante e após o exílio babilônico, enquanto a figura do profeta desvanecia. Já no Novo Testamento, é possível verificar que a maioria dos escribas da época se opôs aos ensinamentos de Jesus,[9][10] que os criticava duramente por causa do seu proceder legalista e hipócrita, no mesmo contexto das críticas aos fariseus, a corrente majoritária dos escribas.[11][12][13]

Após a destruição do templo de Jerusalém no ano 70 d.C., seguido do desaparecimento da figura do sacerdócio judaico, sua influência passaria a ser ainda maior no âmbito do judaísmo, no período tanaítico.

Escribas de destaque[editar | editar código-fonte]

Alguns escribas ficariam famosos, tais como Hilel e Shamai (pouco antes de Cristo), tendo sido ambos líderes de tendências opostas na interpretação da lei, sendo menos rigoroso o primeiro e mais rigoroso o segundo.

Gamaliel, discípulo de Hilel, foi mestre de Paulo,[14] tendo existido também outros escribas simpatizantes com os cristãos.[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. "Scribes", Life in Ancient Egypt, Carnegie Museum of Natural History: [1] Arquivado em 25 de janeiro de 2009, no Wayback Machine.. Retrieved 29 January 2009.
  2. Michael Rice, Who's Who in Ancient Egypt, Routledge 2001, ISBN 0-415-15448-0, p.lvi
  3. Peter Damerow, Abstraction and Representation: Essays on the Cultural Evolution of Thinking, Springer 1996, ISBN 0-7923-3816-2, pp.188ff.
  4. David McLain Carr, Writing on the Tablet of the Heart: Origins of Scripture and Literature, Oxford University Press 2005, ISBN 0-19-517297-3, p.66
  5. Kemp, op.cit., p.180
  6. Kemp, op.cit., p.296
  7. Mateus 22:35
  8. Lucas 5:17
  9. Marcos 14:1
  10. Lucas 22:1
  11. Mateus 23:1-36
  12. Lucas 11:45-52
  13. Lucas 10:46-47
  14. Atos 22:3
  15. Atos 5:34

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Barry J. Kemp, Ancient Egypt: Anatomy of a Civilization, Routledge 2006, ISBN 0415235499, pp. 166ff.
  • Henri-Jean Martin, The History and Power of Writing, University of Chicago Press 1995, ISBN 0226508366
  • David McLain Carr, Writing on the Tablet of the Heart: Origins of Scripture and Literature, Oxford universitariam Press collyn anderson2005, ISBN 0195172973