Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 da RAAF – Wikipédia, a enciclopédia livre

Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4

Pessoal da fase de treino avançado da Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 à frente de um Avro Anson, em Dezembro de 1942
País Austrália
Subordinação Comando da Área Ocidental
Missão Treino intermédio e avançado de voo
Tipo de unidade Instrução e treino de pilotagem
Ramo Real Força Aérea Australiana
Sigla No. 4 SFTS
Período de atividade 1941–45
Logística
Aeronaves Avro Anson
Comando
Comandantes
notáveis
Norman Brearley (1942–44)
Sede
Base Geraldton, Austrália Ocidental

A Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 foi uma unidade de treino e instrução da Real Força Aérea Australiana (RAAF) que operou durante a Segunda Guerra Mundial. Formada em Fevereiro de 1941, começou a realizar voos no mês seguinte. Uma de oito escolas de treino de voo de serviço criadas pela RAAF para realizar o treino intermédio e avançado dos novos pilotos australianos, como acordado no Plano de Treino Aéreo da Comunidade Britânica, foi formada em Geraldton, na Austrália Ocidental, e operou aviões Avro Anson. Dois esquadrões de reserva foram criados a partir desta escola quando a Guerra do Pacífico começou, embora nunca tenham entrado em combate. A actividade de voo foi reduzida perto do final de 1943 e a escola foi dissolvida em Maio de 1945, tendo graduado mais de 1000 pilotos ao longo da sua história. Mais tarde foi recriada como Unidade de Base Operacional N.º 87, sendo posteriormente renomeada Unidade de Cuidado e Manutenção Geraldton em Maio de 1946. Em Setembro de 1947, a unidade foi dissolvida.

História[editar | editar código-fonte]

Com o espoletar da Segunda Guerra Mundial o treino de tripulações da RAAF sofreu um aumento dramático, em resposta à participação da Austrália no Plano de Treino Aéreo da Comunidade Britânica. A instalação de treino de voo que existia antes da guerra, a Escola de Treino de Voo N.º 1 na Base aérea de Point Cook, foi substituída por doze escolas de treino de voo elementar, oito escolas de treino de voo de serviço e uma escola central de voo.[1][2] As escolas de treino de voo elementar providenciavam treino de voo básico para futuros pilotos que, se fossem graduados nesta escola, passariam então para uma escola de treino de voo de serviço para receber treino e instrução mais avançada que se focava principalmente no voo operacional (ou voo de serviço).[1][3] O curso na Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 consistia tipicamente em duas vertentes, uma intermédia e uma avançada, e incluía técnicas como o manuseamento de instrumentos de voo, voo nocturno, acrobacias aéreas avançadas, voo em formação, bombardeamento de mergulho e manuseamento de armamento aeronáutico.[1][4] A duração total do treino variou durante a guerra, consoante a necessidade de treino de tripulações aumentava ou diminuía. Inicialmente, o curso tinha a duração de 16 semanas, contudo posteriormente foi encurtado para 10 semanas (que incluíam 75 horas de voo de treino) em Outubro de 1940. Um ano depois foi aumentado para 12 semanas (incluindo 100 horas de voo de treino), sendo aumentado para 16 semanas dois meses depois. A duração do curso continuou constantemente a aumentar, até atingir o pico de 28 semanas em Junho de 1944.[4]

Rear three-quarter view of twin-engined military aircraft, being boarded by a man in flying gear
Piloto estudante da escola a embarcar num Anson, Março de 1942

A Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 foi formada em Geraldton, na Austrália Ocidental, no dia 10 de Fevereiro de 1941, e ficou subordinada ao Comando da Área Ocidental.[5][6] O seu primeiro comandante foi o Comandante de asa P. G. Heffernan.[5] O aeroporto civil de Geraldton já tinha uma série de infraestruturas como uma grande pista de aterragem e descolagem, taxyway, hangares e edifícios, contudo era necessário construir mais edifícios para alojar o pessoal da RAAF (militares da unidade e respectivos alunos).[7] As infraestruturas da RAAF ainda estavam em construção quando o primeiro curso de treino de voo começou no dia 10 de Março. Outro desafio que a escola enfrentou desde o começo relacionou-se com o equipamento. Todos os aviões Avro Anson da escola haviam sido doados de unidades que, de acordo com a Secção Histórica da RAAF, "de bom grado viram-se livres das suas velhas fuselagens"; isto, juntamente com a escassez de peças suplentes necessárias para manter as aeronaves operacionais, fez com que nos primeiros tempos houvesse poucas horas de voo disponíveis.[5]

A escola recebia os alunos que se haviam graduado na Escola de Treino de Voo Elementar N.º 9 em Cunderdin, na Austrália Ocidental.[5][8] Aproximadamente 60 novos alunos, dos quais esperava-se que cerca de 50 se graduassem, chegavam à escola a cada vinte e oito dias. A disciplina era rígida, com o intuito de diminuir ao máximo o número de acidentes, algo típico das escolas de treino de voo. Graças a esta disciplina, a escola não sofreu nenhum acidente fatal até um ano e meio depois de ter iniciado os cursos.[5] Em Novembro de 1941 oito aviões Avro Anson da escola participaram numa missão de busca e salvamento de sobreviventes do HMAS Sydney.[5][9] Nesta altura, a escola operava mais de cem aeronaves, incluindo dois aviões Fairey Battle e dois de Havilland Fox Moth. A nível de pessoal, a escola tinha 1475 elementos, incluindo 197 alunos.[10] Com o espoletar da Guerra do Pacífico em Dezembro, as aeronaves da escola foram classificadas como "Segunda Linha (Reserva)" para a eventual defesa do espaço aéreo australiano.[5][11] O Esquadrão N.º 68 e o Esquadrão N.º 69 (esquadrões de reserva) foram criados a partir da escola, contudo foram usados apenas para realizar missões de busca e salvamento, tendo sido dissolvidos em Fevereiro de 1943 sem ter combatido na guerra.[5] No dia 30 de Setembro de 1942 um avião Anson da escola, operado pelo Esquadrão N.º 68, caiu a norte de Carnarvon; um tripulante faleceu e dois ficaram feridos.[12] Entre Outubro de 1942 e Março de 1944, a escola foi comandada pelo veterano da Primeira Guerra Mundial e pioneiro da aviação civil Norman Brearley.[5][13]

Crowd of uniformed and civilian personnel in front of four-engined military monoplane
O Avro Lancaster "Queenie VI" na sua visita à escola, Agosto de 1943

No dia 21 de Julho de 1943 dois homens faleceram e três ficaram feridos quando um dos aviões Anson da escola embateu contra as árvores depois de ter descolado de um aeródromo satélite; um dos feridos mais tarde acabou por falecer.[14] No dia 1 de Novembro quatro ocupantes de um Anson também faleceram, quando uma das asas se desintegrou em pleno voo depois de o piloto aparentemente se ter desorientado nas nuvens e ter lançado o avião num mergulho demasiado forte para a fuselagem.[15] No final do ano, os cursos na escola começaram a abrandar, e em 1944 continuaram a diminuir.[5] Em Dezembro de 1944 os cursos foram encerrados, de acordo com a re-organização do Esquema de Treino Aéreo do Império relativamente à parte australiana.[16] A Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 começou a ser dissolvida em Janeiro de 1945, como parte de uma redução geral na instrução de voo da RAAF, devido a um excedente de tripulações qualificadas, e em Maio a unidade deixaria de existir.[5][16] Ao longo da sua história, a escola graduou mais de 1000 pilotos, entre os quais Dave Shannon, condecorado com a Ordem de Serviços Distintos pelo serviço prestado na Operação Chastise em Maio de 1943, e estabeleceu, de acordo com a Secção Histórica da RAAF, "um invejável recorde de segurança".[5][17]

A Unidade de Base Operacional N.º 87 foi formada a partir do efectivo da Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 no dia 1 de Junho de 1945, com o objectivo de administrar as infraestruturas da RAAF em Geraldton e cuidar das aeronaves depois do encerramento da escola.[16][18] No dia 20 de Maio de 1946 a unidade foi dissolvida e reformulada como Unidade de Cuidado e Manutenção Geraldton.[18] Esta nova unidade era uma de muitas unidades do género que a RAAF criou para cuidarem e manterem o excedente de aeronaves depois do final da guerra.[19] No dia 5 de Setembro de 1947, a unidade foi dissolvida.[18] A maior parte dos edifícios construídos para a RAAF durante da guerra foram a leilão e deixaram de ser da RAAF por volta da mesma altura, efectivando o abandono do local pela força aérea.[7] Para celebrar a existência da escola, foi erigido um memorial no Aeroporto e Geraldton, composto pela asa de um Anson.[20]

Comandantes[editar | editar código-fonte]

A Escola de Treino de Voo de Serviço N.º 4 foi comandada pelos seguintes oficiais:[5]

Início de funções Patente e nome
10 de Março de 1941 Comandante de asa P. G. Heffernan
3 de Fevereiro de 1942 Comandante de asa J. R. Fleming
14 de Outubro de 1942 Capitão de grupo N. Brearley
1 de Março de 1944 Comandante de asa D. R. Chapman

Referências

  1. a b c Stephens, The Royal Australian Air Force, pp. 67–70
  2. Gillison, Royal Australian Air Force, p. 90
  3. Gillison, Royal Australian Air Force, p. 97
  4. a b Gillison, Royal Australian Air Force, p. 109
  5. a b c d e f g h i j k l m RAAF Historical Section, Training Units, pp. 105–106
  6. Ashworth, How Not to Run an Air Force!, pp. 34–35
  7. a b City of Greater Geraldton (23 de setembro de 2011). Productivity Commission, Economic Regulation of Airport Services, Draft Enquiry Report, August 2011 (PDF) (Relatório). p. 7. Consultado em 29 de janeiro de 2015 
  8. «News and notes». The West Australian. Perth: National Library of Australia. 25 de março de 1941. p. 6. Consultado em 24 de maio de 2012 
  9. Page, Wings of Destiny, p. 118
  10. «Operations Record Book of No. 4 SFTS Geraldton» (PDF). HMAS Sydney II Commission of Inquiry. Department of Defence (Australia). Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  11. Gillison, Royal Australian Air Force, pp. 234–238
  12. «AX229». Avro Anson Accidents Part 3. National Archives of Australia. pp. 17–21. Consultado em 10 de janeiro de 2016 
  13. Bunbury, Bill. «Cultural Advice». Canberra: National Centre of Biography, Australian National University. Consultado em 21 de agosto de 2021 
  14. «R3550». Avro Anson Accidents Part 11. National Archives of Australia. pp. 2–5. Consultado em 10 de janeiro de 2016 
  15. «W2072». Avro Anson Accidents Part 14. National Archives of Australia. pp. 9–12. Consultado em 10 de janeiro de 2016 
  16. a b c «Formation, organisation and movement – No. 1 Flying Training School». National Archives of Australia. pp. 61–62. Consultado em 10 de janeiro de 2016 
  17. «Australia Service Medal: Squadron Leader D J Shannon, 617 Squadron RAF». Australian War Memorial. Consultado em 24 de maio de 2012 
  18. a b c RAAF Historical Section, Introduction, Bases, Supporting Organisations, p. 84
  19. Stephens, Going Solo, pp. 12–13
  20. «Newbold hopes for sundial». The West Australian. The West Australian. 2 de fevereiro de 2012. Consultado em 28 de janeiro de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]