Escola catedral – Wikipédia, a enciclopédia livre

Vista da fachada oriental da Escola catedral de Viburgo, Dinamarca. O edifício foi projetado pelo arquiteto Hack Kampmann (1856-1920) e inaugurado em 1926.

Uma escola catedral ou escola catedralícia é um modelo de escola superior urbana que surgiu durante a Alta Idade Média, distinto das escolas monásticas.

Uma das principais funções das escolas catedrais era formar grupos corais para os coros de Igreja.

História[editar | editar código-fonte]

Escola catedral de Lund, na Suécia, fundada em 1085 (edifício construído em 1896).

No fim do Império Romano, à medida que a educação municipal entrou em declínio, alguns bispos dão início à fundação de escolas associadas às suas catedrais, de modo a permitir o acesso do clero à educação. A mais antiga escola deste género de que há registo é fundada durante o II Concílio de Toledo, em 527, na Espanha visigótica.[1] Estas primeiras escolas, focadas na aprendizagem religiosa sob a tutela de um bispo, vão sendo fundadas ao longo dos séculos VI e VII em diversas regiões da atual Espanha e em cerca de vinte cidades da Gália.[2] Durante e após a missão gregoriana de Agostinho de Cantuária ao sul de Inglaterra, no fim do século VI, a fundação das próprias dioceses é muitas vezes acompanhada pela fundação de escolas catedrais, algumas delas em funcionamento ininterrupto até aos dias de hoje.

Carlos Magno, rei dos Francos e mais tarde imperador, reconheceu a importância da educação para o clero e, ainda que de forma relativamente menor, para a nobreza. Propôs-se a renovar esta tradição já em declínio, através da promulgação de vários decretos. O decreto Admonitio generalis exigia que fossem fundadas escolas em cada mosteiro e cada diocese, nas quais as "crianças possam aprender a ler e que sejam ensinados salmos, notação, canto, cálculo e gramática".[3] Documentos posteriores, como a epístola De litteris colendis, exigia que os bispos selecionassem para professores homens que tivessem a vontade e capacidade de instruir[4] Um decreto do Concílio de Frankfurt (794) recomendou que os bispos fossem responsáveis pela instrução do clero a seu cargo.[5]

Posteriormente, são fundadas escolas catedrais em algumas das principais cidades europeias, entre as quais Chartres, Orleães, Paris, Laon, Liége, Reims, Ruão e Utreque. No seguimento da tradição anterior, estas escolas catedrais ensinam fundamentalmente o futuro clero e administradores letrados para as cortes cada vez mais complexas durante o Renascimento do século XII. Por exemplo, a corte de Henrique I de Inglaterra tinha laços estreitos com a escola catedral de Laon.[6]

Referências

  1. Riché 1978, pp. 126f.
  2. Riché 1978, pp. 282–90
  3. Riché 1988, p. 191
  4. De Litteris Colendis"
  5. Riché 1988, pp. 192
  6. Hollister 2003, p. 25

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Hollister, Charles Warren (2003). Henry I. [S.l.]: Yale University Press. ISBN 9780300098297 
  • Riché, Pierre (1978). Education and Culture in the Barbarian West: From the Sixth through the Eighth Century. Columbia: University of South Carolina Press. ISBN 0-87249-376-8 
  • Riché, Pierre (1988). Daily Life in the World of Charlemagne. [S.l.]: Univ. of Pennsylvania Press. ISBN 0-8122-1096-4 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]