Escola pitagórica – Wikipédia, a enciclopédia livre

O pentagrama era o símbolo da Escola Pitagórica.‎

A Escola Pitagórica, fundada por Pitágoras, foi uma influente corrente da filosofia grega à qual pertenciam alguns dos mais antigos filósofos pré-socráticos.[1] A mestra de Pitágoras foi Temistocléia, alta profetisa, filósofa e matemática.[2][3] Outros pensadores importantes dessa escola: Filolau, Arquitas, Alcmeão; a matemática e física Teano, possivelmente casada com Pitágoras, e a filósofa Melissa.

Esses pensadores manifestam ao mesmo tempo tendências místico-religiosas e tendências científico-racionais. A influência estende-se até nossos dias.

A escola teve como ponto de partida a cidade de Crotona, sul da Itália, e difundiu-se vastamente. Trata-se da escola filosófica grega mais influenciada exteriormente pelas religiões orientais, e que por isso mais se aproximou das filosofias dogmáticas regidas pela ideia de autoridade. O pitagorismo influenciou o futuro platonismo, o cristianismo e ainda foi invocado por sociedades secretas que atravessaram o tempo até alcançarem os dias de hoje. O símbolo da Escola Pitagórica é o pentagrama, uma estrela de cinco pontas.

Pitágoras ficou conhecido também como o "filósofo feminista",[carece de fontes?] visto que na escola havia muitas mulheres discípulas e mestres, tais como Teano.

Os pitagóricos e a matemática[editar | editar código-fonte]

Os pitagóricos foram muito importantes no desenvolvimento da matemática grega. A própria palavra “matemática” surgiu com os pitagóricos (mathematikós, em grego), com a concepção de um sistema de pensamento em bases dedutíveis, e deles advêm o conhecido aforisma de que “a matemática é o alfabeto com o qual os deuses escreveram o universo”. Até então, a geometria e a aritmética tinham um caráter utilitário, intuitivo, fulcrado em problemas práticos, sendo fruto dos pitagóricos a classificação dos números em pares, ímpares, primos e racionais (estes são todos os números que podem ser representados na forma de fração). Também dos pitagóricos advêm estudos sistematizados de alguns poliedros e polígonos regulares, sobre proporções, números decimais e a seção áurea ou divina.[4]

A sua vez, a matemática influenciou sua posição filosófica concebendo que os números são os princípios de todas as coisas. Aristóteles afirma na Metafísica:

os denominados pitagóricos captaram por vez primeiro as matemáticas e, além de desenvolvê-las, educados por elas, acreditaram que os princípios delas eram os princípios de todas as coisas. Como os números eram, por natureza, os princípios delas [...] e apareciam os números como primeiros em toda a natureza, pensaram que os elementos dos números eram os elementos de todas as coisas.[5]

Com relação à metafísica, Zeller afirma que a característica distintiva dos pitagóricos é a afirmação de que o número é a essência de todas as coisas e que toda coisa é, na sua essência, número.[6] Para a epistemologia pitagórica, o fragmento 4 de Filolau, DK44B4, é frequentemente citado, pois nele Filolau afirma que "todas as coisas que podemos conhecer contêm número".[7]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Kirk-Raven [1977] , p. 236.
  2. Guicciardini, Niccolò (fevereiro de 2007). «LA ÉPOCA DEL PUNTO: EL LEGADO MATEMÁTICO DE NEWTON EN EL SIGLO XVIII». Estudios de Filosofía (em espanhol) (35): 67–109. ISSN 0121-3628. Consultado em 28 de maio de 2022 
  3. Orozco Echeverri, Sergio Hernán (fevereiro de 2008). «El retraso del reloj del universo: Isaac Newton y la sabiduría de los antiguos». Estudios de Filosofía (em espanhol) (37): 159–200. ISSN 0121-3628. Consultado em 28 de maio de 2022 
  4. Venturi, Jacir (20 de janeiro de 2019). «O extraordinário legado da Escola Pitagórica». Jornal Gazeta do Povo. Consultado em 23 de janeiro de 2019 
  5. Aristóteles, Metafísica, A5, 985b23–986a2.
  6. Zeller [1881] , pp. 369–370.
  7. Ver Huffman [1993] , pp. 172–177.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ARISTOTLE (1924). Metaphysics (em grego). Greek text by W. D. Ross. Oxford: Clarendon Press 
  • Huffman, Carl A (1993). Philolaus of Croton: Pythagorean and presocratic. A commentary on the fragments and testimonia with interpretive essays (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press 
  • JAEGER, Werner (1952). La teología de los primeiros filósofos griegos (em espanhol). México: Fondo de Cultura Económica 
  • Kirk, G.S.; Raven, J.S. (1977). The Presocratic Philosophers (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press 
  • SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-Socráticos. Primeiros Mestres da Filosofia e da Ciência Grega. 2ª edição. Porto Alegre: Edipucrs, 2003, pp. 93–272.
  • E. Zeller (1881). History of Greek philosophy. vol I (em inglês). London: Longmans, Green and Co 
  • Shields, Christopher (2012). Ancient Philosophy - A contemporary introduction (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 978-0-415-89659-7 
  • Shields, Christopher, ed. (2003). The Blackwell Guide to Ancient Philosophy (em inglês). [S.l.]: Blackwell. ISBN 978-0-631-22215-6 
  • Ierodiakonou, Katerina, ed. (2002). Byzantine Philosophy and its Ancient Sources (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  • Vesperini, Pierre (2019). La philosophie antique - Essai d'histoire (em francês). [S.l.]: Fayard. ISBN 978-2-213-68007-1 
  • Dumond, Jean-Paul (2012). La philosophie antique (em francês). [S.l.]: Presses Universitaires de France 
  • Mattéi, Jean-François (2015). La pensée antique (em francês). [S.l.]: Presses Universitaires de France 
  • Gill, Mary Louise; Pellegrin, Pierre, eds. (2006). A companion to ancient philosophy (em inglês). [S.l.]: Blackwell 
  • Johansen, Karsten Friis (1998). A history of ancient philosophy: from the beginnings to Augustine (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  • Warren, James; Sheffield, Frisbee, eds. (2014). Routledge companion to ancient philosophy (em inglês). [S.l.]: Routledge 
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