Epistemologia da virtude – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Virtude - Londres, 1757.

Epistemologia da virtude é uma linha filosófica contemporânea de abordagem à epistemologia que enfatiza a importância das virtudes intelectuais. Combina os temas centrais da teoria da virtude, também chamada ética da virtude, com aproximações epistemológicas clássicas.[1] A virtude intelectual tem sido um objecto de estudo da filosofia desde as obras de Platão e Aristóteles, mas a epistemologia da virtude é um desenvolvimento na linha da tradição da filosofia analítica. É caracterizada pelos esforços para resolver problemas de especial preocupação para a moderna epistemologia, como a teoria da justificação e o fiabilismo, direcionando a atenção para o indivíduo que conhece como agente, de maneira similar à ética da virtude.[1]

A definição mais ampla de conhecimento adotada na epistemologia é dada via teoria geral das virtudes, que abrangem tanto virtudes morais quanto intelectuais. Ela remonta à Ética a Nicômaco de Aristóteles, e dá-se a partir do pressuposto de que o conhecimento é um tipo de bem ou fim a qual o humano visa alcançar.[1] Tal definição é formulada do seguinte modo: "Conhecimento é o contato cognitivo com a realidade resultante dos atos de virtude intelectual".[2] Quanto à "virtude intelectual", porém, há divergências quanto a que virtudes são e sua natureza. Autores que advogam pelo confiabilismo de virtudes, especialmente representado por Ernest Sosa, Alvin Goldman, John Greco e outros, entendem por essas virtudes certas disposições estáveis ou confiáveis que levariam à formação de conhecimento, como a razão, a percepção, a introspecção e a memória.[3] Por outro lado, autores que advogam pelo responsabilismo de virtudes, especialmente representado por Linda Zagzebski, Lorraine Code, James Montmarquet, entre outros, entendem que essas "disposições estáveis/confiáveis" são apenas faculdades cognitivas, enquanto que virtudes propriamente devem ser identificadas com a excelência dessas faculdades no sujeito. Assim, virtudes intelectuais só podem ser traços de caráter como coragem intelectual, e atenção e propensão a ter a mente aberta (open-mindedness).[4][5]

Referências

  1. a b c Zagzebski 2012, p. 182-183.
  2. Zagzebski 2012, p. 183.
  3. Miguel 2013, p. 143-144.
  4. Miguel 2013, p. 143.
  5. Miguel 2013, p. 147.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Miguel, Felime Mendes Sozzi (2013). «Virtudes epistêmicas na epistemologia de Alvin Platinga». Pouso Alegre. Theoria – Revista Eletrônica de Filosofia. 5 (14) 
  • Zagzebski, Linda (2012). «O que é conhecimento?». In: Greco, John; Sosa, Ernest. Compêndio de Epistemologia. São Paulo: Loyola. 733 páginas. ISBN 9788515034710 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]