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Enrique Ballestrero
Enrique Ballestrero
O Uruguai antes da final da primeira Copa do Mundo.
Ballesteros é o terceiro jogador em pé (da esquerda para a direita).
Informações pessoais
Nome completo Enrique Pedro Ballesteros Griffo
Data de nascimento 18 de janeiro de 1905
Local de nascimento Colônia do Sacramento, Uruguai
Nacionalidade Uruguai uruguaio
Data da morte 11 de outubro de 1969 (64 anos)
Local da morte Montevidéu, Uruguai
Altura 1,83 m
Apelido Pulpo, Quique
Informações profissionais
Posição Goleiro
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1921
1922–1926
1926–1935
1935–1937
Dublin
Miramar Misiones
Rampla Juniors
Peñarol



Seleção nacional
1930–1937 Uruguai 19 (-24)

Enrique Ballestrero (18 de janeiro de 190511 de outubro de 1969) foi um futebolista uruguaio. Foi o goleiro titular da vitoriosa Copa do Mundo e 1930, embora antes do torneio curiosamente não fosse nem mesmo a segunda opção.[1] Era apelidado de El Pulpo, "O Polvo".[2]

Seu sobrenome também é confundido com Ballesteros [2] e Ballestrero.

Carreira em clubes[editar | editar código-fonte]

Goleiro do único título do Rampla[editar | editar código-fonte]

Na época do título, Ballestrero jogava no Rampla Juniors, sendo o único representante da equipe na convocação.[3] Nos picapiedras, havia ganho o campeonato uruguaio de 1927, no que continua a ser o único título do clube.[4] Ballestrero provinha de equipes menores, chegando ao Rampla exatamente na época da campanha campeã.[1]

Apesar da façanha, Ballestrero até 1930 não teve antecedente algum na seleção uruguaia. Com a conquista da Copa, ele manteve-se titular da seleção mesmo continuando a jogar no Rampla até passar em 1935 ao Peñarol.[2] Além do título de 1927, no Rampla ele também foi vice em 1928 e em 1932, nunca ficando abaixo do quarto lugar.[4] No Peñarol, veio após a Copa América de 1935, onde atuara ainda como jogador do Rampla.[2]

Goleiro "invicto" no Peñarol[editar | editar código-fonte]

Os aurinegros vinham de dois vice-campeonatos para o arquirrival Nacional,[4] assim como não venciam o o clássico havia oito partidas. Na estreia de Ballestrero, os carboneros não apenas encerraram o jejum como iniciaram outro, agora favorável, de nove confrontos seguidos sem perder para os tricolores somente pelo campeonato.[2] No total, foram onze.[5] Aquele 4-0 também encerrou uma campanha até então invicta do Nacional, além de garantir o título de 1937.[6] O título de 1936 também foi especial, permitindo ao clube obter de forma definitiva o troféu outorgado à primeira equipe a reunir alternadamente cinco títulos desde a reunificação da liga uruguaia, em 1926.[7]

Ballestrero jamais foi derrotado na rivalidade, destacando-se sobretudo pelo último duelo, pelo resultado de 4-0 assim como por ter jogado mesmo sob gripe e broncopneumonia da qual jamais se recuperaria totalmente e que acabaria por fazendo-o ter de parar de jogar. O livro de memória e balanço do Peñarol naquele ano registrou a atitude, relatando que ele "havia jogado débil e sem treinamento". O clube também foi campeão uruguaio nos três anos em que contou com Ballestrero: 1935, 1936 e 1937.[2] O título foi mantido sem ele em 1938,[5] mas a invencibilidade no clássico não, vindo a cair justamente no primeiro dérbi sem o ídolo.[2]

Seleção[editar | editar código-fonte]

Ballestrero estreou pela seleção em 25 de maio de 1930,[8] no último jogo da seleção uruguaia antes da Copa do Mundo FIFA de 1930. Foi em empate em 1-1 com a Argentina em Buenos Aires pela Copa Newton.[9]

Apesar do bom momento no Rampla Juniors, El Pulpo não vinha sendo considerado pela Celeste até então. Foi pré-selecionado, mas os favoritos à vaga eram Andrés Mazali e Fausto Battignani, ambos presentes na conquista olímpica de 1928. Mazali era o mais cotado, pois havia ganho igualmente as Olimpíadas anteriores também, além de participações em diversas Copas América na década de 1920. Quando Battignani não era seu reserva, o eram Miguel Capuccini (Copa América de 1927) ou Eduardo García (1929). Ballestrero não teve vez nem quando os goleiros principais não foram usados, com um amistoso de 1929 tendo no gol Juan Marini e outro em 1929 usando Cirilo Estívez.[2]

O favorito Mazali, porém, foi cortado por indisciplina;[2] fugiu da concentração de oito semanas para supostamente encontrar uma amante.[10] Ballestrero aproveitou a chance.[1] Na final, não aparentou culpa nos gols que tomou: no primeiro, o chute de Carlos Peucelle foi no canto superior esquerdo do goleiro, e no outro Guillermo Stábile tocou na saída de Ballestrero, em lance bastante protestado pelos colegas em função de suposto impedimento de Stábile.[11]

Perdendo de virada por 2-1, os uruguaios reverteram no segundo tempo para 4-2 e foram campeões.[11] Apesar do título, a Celeste se recusaria a participar da Copa do Mundo FIFA de 1934, na Itália, em retaliação pela larga ausência das seleções europeias na edição de 1930. Até hoje foi a única vez em que o campeão do torneio anterior não defendeu o título.[12]

Ainda como jogador do Rampla, Ballestrero disputaria ainda a Copa América de 1935. A competição não era realizada desde 1929.[13] Foi novamente campeão sobre os argentinos. O campeonato classificava o campeão Olimpíadas de 1936, mas razões econômicas levaram o Uruguai a abdicar da vaga, recusada também por outros postulantes até ficar com o Peru.[14]

Já na Copa América de 1937, Ballestrero alternou-se nas partidas com Juan Besuzzo. O Uruguai ficou apenas em terceiro, a quatro pontos de Argentina e Brasil, que fizeram a decisão, ganha pelos argentinos. Besuzzo substituiu-o para o segundo tempo da vitória por 3-2 sobre os próprios campeões argentinos, em 23 de janeiro.[15] Aquela acabou sendo a última partida de Ballestrero pelo Uruguai.[8] No decorrer daquele ano, contraiu uma broncopneumonia que o obrigaria a parar de jogar.[2] Ao todo, foram 19 jogos e 24 gols sofridos.[8]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c GEHRINGER, Max (set. 2005). Os campeões. Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 1 - 1930 Uruguai". São Paulo: Editora Abril, p. 43
  2. a b c d e f g h i j BASSORELLI, Gerardo (2012). El Pulpo Ballestero. Héroes de Peñarol. Montevidéu: Editorial Fin de Siglo, pp. 200-201
  3. TABEIRA, Martín (20 de julho de 2010). «Uruguayan Squads in the World Cup». RSSSF. Consultado em 30 de setembro de 2017 
  4. a b c ABBINK, Dinant; TABEIRA, Martín (11 de fevereiro de 2006). «Uruguay - List of Final Tables 1900-2000». RSSSF. Consultado em 30 de setembro de 2017 
  5. a b ANTÚÑEZ, Marcos Silveira (2011). 1938. Club Atlético Peñarol 120. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 72-73
  6. ANTÚÑEZ, Marcos Silveira (2011). 1937. Club Atlético Peñarol 120. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 70-71
  7. ANTÚÑEZ, Marcos Silveira (2011). 1936. Club Atlético Peñarol 120. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 68-69
  8. a b c PASSO ALPUIN, Luis Fernando (11 de maio de 2017). «Appearances for Uruguay National Team». RSSSF. Consultado em 30 de setembro de 2017 
  9. TABEIRA, Martín (15 de junho de 2017). «Uruguay - International Results». RSSSF. Consultado em 29 de setembro de 2017 
  10. GEHRINGER, Max (set. 2005). Indisciplinado. Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 1 - 1930 Uruguai". São Paulo: Editora Abril, p. 37
  11. a b GEHRINGER, Max (set. 2005). Os gols da final. Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 1 - 1930 Uruguai". São Paulo: Editora Abril, p. 42
  12. GEHRINGER, Max (out. 2005). A política entra em campo. Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 2 - 1934 Itália". São Paulo: Editora Abril, pp. 6-8
  13. MAMRUD, Roberto; STOKKERMANS, Karel (6 de julho de 2017). «Copa América 1916-2016». RSSSF. Consultado em 30 de setembro de 2017 
  14. TABEIRA, Martín (23 de novembro de 2007). «Southamerican Championship 1935». RSSSF. Consultado em 30 de setembro de 2017 
  15. TABEIRA, Martín (12 de agosto de 2009). «Southamerican Championship 1937». RSSSF. Consultado em 30 de setembro de 2017 


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