Emily Dickinson – Wikipédia, a enciclopédia livre

Emily Dickinson
Emily Dickinson
Emily Dickinson entre 1846-1847
Nome completo Emily Elizabeth Dickinson
Nascimento 10 de dezembro de 1830
Amherst, Massachusetts
Estados Unidos
Morte 15 de maio de 1886 (55 anos)
Amherst, Massachusetts
Estados Unidos
Nacionalidade Estados Unidos
Ocupação Poeta
Gênero literário Poesia moderna
Magnum opus Hope is the thing with feathers

Emily Elizabeth Dickinson (Amherst, 10 de dezembro de 1830 - Amherst, 15 de maio de 1886) foi uma poetisa americana. Pouco conhecida durante sua vida, é considerada uma das figuras mais importantes da poesia americana.[1]

Dickinson nasceu em Amherst, Massachusetts, em uma família proeminente com fortes laços com sua comunidade. Depois de estudar na Amherst Academy por sete anos em sua juventude, frequentou brevemente o Mount Holyoke Female Seminary antes de retornar para a casa de sua família em sua cidade natal.

As evidências sugerem que Dickinson viveu grande parte de sua vida isolada. Considerada uma excêntrica pelos moradores locais, desenvolveu uma preferência por roupas brancas e era conhecida por sua relutância em receber convidados ou, mais tarde na vida, até mesmo em sair do quarto. Dickinson nunca se casou, e a maioria das amizades entre ela e outras pessoas dependia inteiramente de correspondência.[2]

Susan Dickinson

Embora Dickinson fosse uma escritora prolífica, suas únicas publicações durante sua vida foram 10 de seus quase 1.800 poemas e uma carta.[3] Os poemas publicados então eram geralmente editados de forma significativa para se adequar às regras poéticas convencionais. Seus poemas eram únicos em sua época. Eles contêm linhas curtas, normalmente não têm títulos e costumam usar letras maiúsculas e pontuação não convencionais.[4] Muitos de seus poemas tratam de temas de morte e imortalidade, dois tópicos recorrentes em cartas a seus amigos, e também exploram estética, sociedade, natureza e espiritualidade.[5]

Embora os conhecidos de Dickinson estivessem provavelmente cientes de sua escrita, foi só depois de sua morte em 1886 - quando Lavinia, a irmã mais nova de Dickinson, descobriu seu estoque de poemas - que seu trabalho se tornou público. Sua primeira coleção de poesia foi publicada em 1890 por conhecidos pessoais Thomas Wentworth Higginson e Mabel Loomis Todd, embora ambos tenham editado intensamente o conteúdo.

Um artigo de 1998 no The New York Times revelou que, das muitas edições feitas no trabalho de Dickinson, o nome "Susan" ou "Sue" era frequentemente removido deliberadamente. Pelo menos onze dos poemas de Dickinson foram dedicados à cunhada Susan Huntington Gilbert Dickinson, embora todas as dedicatórias tenham sido obliteradas, presumivelmente por Mabel Todd. [6][7][8] Uma coleção completa e quase inalterada de sua poesia tornou-se disponível pela primeira vez quando o estudioso Thomas H. Johnson publicou The Poems of Emily Dickinson em 1955.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu numa casa construída por seus avós paternos Samuel Fowler Dickinson e Lucretia Gunn Dickinson, no ano de 1813. Samuel Fowler era advogado e foi um dos principais fundadores do Amherst College. Era a segunda filha de Edward e Emily Norcross Dickinson.

Segundo retrato conhecido de Emily Dickinson (cerca de 1850)

Proveniente de uma família abastada, Emily teve formação escolar irrepreensível, chegando a cursar durante um ano o South Hadley Female Seminary. Abandonou o seminário após se recusar, publicamente, a declarar sua fé.

Quando findou os estudos, Emily retornou à casa dos pais para deles cuidar, juntamente com a irmã Lavínia que, como ela, nunca se casou.

Em torno de Emily, construiu-se o mito acerca de sua personalidade solitária. Tanto que a denominavam de a “Grande Reclusa”. Dickinson vivia semienclausurada na casa refinada de seu pai em Amherst. Emily, em raros momentos, deixou sua vida reclusa, tanto que em toda sua vida, apenas fez viagens para a Filadélfia para tratar de problemas de visão, uma para Washington e Boston. Foi numa destas viagens que Emily conheceu dois homens que teriam marcada influência em sua vida e inspiração poética: Charles Wadsworth e Thomas Wentworth Higginson.

Emily morreu de nefrite, tendo sido enterrada no West Cemetery, em Amherst, com a sua irmã Lavinia, pais e avós paternos.[9]

Após seu falecimento, a família encontrou 1750 poemas, escritos a partir de 1850.[10] Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily Dickinson tem como fonte as correspondências que ela manteve com algumas pessoas. Entre elas: Susan Dickinson, que era sua cunhada e vizinha, colegas de escola, familiares e alguns intelectuais como Samuel Bowles, o Dr. e a Mrs. J. G. Holland, T. W. Higginson e Helen Hunt Jackson. Nestas cartas, além de tecer comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Poems by Emily Dickinson - Organização de Mabel Loomis Todd & T. W. Higginson. Boston: Robert Brothers, 1890.
  • The poems of Emily Dickinson, 3 volumes. Organização de Thomas H. Johnson. Cambridge: The Belknap Press, Harvard University Press, 1955.
  • The letters of Emily Dickinson, 3 volumes. Organização de Thomas H. Johnson & Theodora Ward. Cambridge: The Belknap Press, Harvard University, 1958.
  • The complete poems of Emily Dickinson. Organização de Thomas H. Johnson. Boston e Toronto: Little, Brown and Company, 1960.
  • The manuscript books of Emily Dickinson, 2 volumes. Organização de R. W. Franklin. Cambridge e Londres: The Belknap Press, Harvard University Press, 1981.
  • The masters letters of Emily Dickinson. Organização de R. W. Franklin. Amherst: Amherst College Press, 1986.
  • The poems of Emily Dickinson. Organização de R. W. Franklin. Cambridge e Londres: The Belknap Press, Harvard University Press, 1999.
  • Emily Dickinson's Poems: As She Preserved Them. - Cristanne Miller, ed. - Harvard University Press, 2016.
  • 80 poemas de Emily Dickinson - Traduzidos para língua portuguesa por Jorge de Sena - Edições 70, 1978
  • Emily Dickinson: Poemas. -Tradução de Margarita Ardanaz. Edição bilingue inglês/espanhol - Cátedra, 1987.

Características literárias[editar | editar código-fonte]

Emily Dickinson, em toda sua vida, não publicou mais do que dez poemas, algumas vezes anonimamente, e teve sua numerosa obra reconhecida só após a morte. Sua vida discreta e misteriosa desafia até hoje os estudiosos de sua obra. Sua poesia possui uma liberdade sintática única, muito próxima do uso oral da língua, é densa e paradoxal como sua vida. Em sua enigmática literatura, criou um idioma poético próprio, desprezando as fórmulas ou a regularidade convencional.

Augusto de Campos, na tradução publicada em edição de 2008, pela Unicamp, observa: “Cruzam-se em sua poesia os traços de um panteísmo espiritualizado, de uma solidão-solitude, ora serena ora desesperada, e de uma visão abismal do universo e do ser humano. Micro e macrocosmo compactados em aforismos poéticos”.[11]

A partir de elementos triviais, cotidianos, domésticos, do vestuário, por exemplo, bem como de pequenos seres da natureza, Dickinson dá vida às coisas, formando quadros considerados, por vezes, verdadeiramente surreais, embora expresse idéias bastante claras através de uma linguagem muito plástica. Em razão desta ressalva, é que muitos podem considerá-la como pertencente à chamada poesia metafísica, somando-se isto a um certo misticismo.

Notas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Emily Dickinson».

Referências

  1. «Emily Dickinson». Poetry Foundation (em inglês). 5 de setembro de 2020. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  2. «Emily Dickinson biography». Biography.com. Consultado em 25 de agosto de 2018 
  3. «The Emily Dickinson Museum indicates only one letter and ten poems were published before her death». Emilydickinson,useum.org. Consultado em 25 de agosto de 2018. Arquivado do original em 7 de agosto de 2018 
  4. McNeil (1986), 2.
  5. «About Emily Dickinson's Poems». www.cliffsnotes.com. Consultado em 4 de julho de 2020 
  6. Weiss, Philip (29 de Novembro de 1998). «Beethoven's Hair Tells All!». The New York Times (Arq. em Archive.Today) 
  7. Comment, Kristin M. (2001). «Dickinson's Bawdy: Shakespeare and Sexual Symbolism in Emily Dickinson's Writing to Susan Dickinson». University of Nebraska Press. Legacy. 18 (2): 167-181 
  8. Louise Hart, Ellen; Nell Smith, Martha, eds. (1998). Open me carefully: Emily Dickinson's intimate letters to Susan Huntington Dickinson. [S.l.]: Paris Press 
  9. «How to Visit the Graves of 75 Famous Writers». Literary Hub (em inglês). 26 de março de 2018. Consultado em 10 de dezembro de 2020 
  10. «L&PM Editores». www.lpm.com.br. Consultado em 10 de dezembro de 2020 
  11. DICKINSON, Emily (2008). Não Sou Ninguém. Campinas: Editora da Unicamp. [S.l.: s.n.] pp. Tradução, introdução e bibliografia: Augusto de Campos 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bianchi, Martha Dickinson. 1970. Emily Dickinson Face to Face: Unpublished Letters with Notes and Reminiscences. Hamden, Conn.: Archon Books.
  • Blake, Caesar R. (ed). 1964. The Recognition of Emily Dickinson: Selected Criticism Since 1890. Ed. Caesar R. Blake. Ann Arbor: University of Michigan Press.
  • Bloom, Harold. 1999. Emily Dickinson. Broomall, PA: Chelsea House Publishers. ISBN 0-7910-5106-4.
  • Bloom, Harold. 1994. The Western Canon: The Books and School of the Ages. New York: Harcourt Brace.
  • Buckingham, Willis J. (ed). 1989. Emily Dickinson's Reception in the 1890s: A Documentary History. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press. ISBN 0-8229-3604-6.
  • Comment, Kristin M. 2001. "Dickinson's Bawdy: Shakespeare and Sexual Symbolism in Emily Dickinson's Writing to Susan Dickinson". Legacy. 18(2). pp. 167–181.
  • Crumbley, Paul. 1997. Inflections of the Pen: Dash and Voice in Emily Dickinson. Lexington: The University Press of Kentucky. ISBN 0-8131-1988-X.
  • D'Arienzo, Daria. 2006. "Looking at Emily", Amherst Magazine. Winter 2006. Retrieved June 23, 2009.
  • Farr, Judith (ed). 1996. Emily Dickinson: A Collection of Critical Essays. Prentice Hall International Paperback Editions. ISBN 978-0-13-033524-1.
  • Farr, Judith. 2005. The Gardens of Emily Dickinson. Cambridge, Massachusetts & London, England: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-01829-7.
  • Ford, Thomas W. 1966. Heaven Beguiles the Tired: Death in the Poetry of Emily Dickinson. University of Alabama Press.
  • Franklin, R. W. 1998. The Master Letters of Emily Dickinson. University of Massachusetts Press. ISBN 1-55849-155-4.
  • Gordon, Lyndall. 2010. Lives Like Loaded Guns: Emily Dickinson and Her Family's Feuds. Viking. ISBN 978-0-670-02193-2.
  • Grabher, Gudrun, Roland Hagenbüchle and Cristanne Miller. 1998. The Emily Dickinson Handbook. Amherst: University of Massachusetts Press.
  • Habegger, Alfred. 2001. My Wars Are Laid Away in Books: The Life of Emily Dickinson. New York: Random House. ISBN 978-0-679-44986-7.
  • Roland Hagenbüchle: Precision and Indeterminacy in the Poetry of Emily Dickinson, Emerson Society Quarterly, 1974
  • Hart, Ellen; Nell Smith, Martha, eds. (1998). Open me carefully: Emily Dickinson's intimate letters to Susan Huntington Dickinson. Paris Press
  • Hecht, Anthony. 1996. "The Riddles of Emily Dickinson" in Farr (1996) 149–162.
  • Juhasz, Suzanne (ed). 1983. Feminist Critics Read Emily Dickinson. Bloomington: Indiana University Press. ISBN 0-253-32170-0.
  • Juhasz, Suzanne. 1996. "The Landscape of the Spirit" in Farr (1996) 130–140.
  • Knapp, Bettina L. 1989. Emily Dickinson. New York: Continuum Publishing.
  • Martin, Wendy (ed). 2002. The Cambridge Companion to Emily Dickinson. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-00118-8.
  • McNeil, Helen. 1986. Emily Dickinson. London: Virago Press. ISBN 0-394-74766-6.
  • Mitchell, Domhnall Mitchell and Maria Stuart. 2009. The International Reception of Emily Dickinson. New York: Continuum. ISBN 0-8264-9715-2.
  • Murray, Aífe. 2010. Maid as Muse: How Domestic Servants Changed Emily Dickinson's Life and Language. University Press of New England. ISBN 978-1-58465-674-6.
  • Murray, Aífe. 1996. "Kitchen Table Poetics: Maid Margaret Maher and Her Poet Emily Dickinson," The Emily Dickinson Journal. 5(2). pp. 285–296.
  • Nell Smith, Martha. 1992. Rowing in Eden: Rereading Emily Dickinson. Austin, Texas: University of Texas Press
  • Paglia, Camille. 1990. Sexual Personae: Art and Decadence from Nefertiti to Emily Dickinson. Yale University Press. ISBN 9780300043969.
  • Oberhaus, Dorothy Huff. 1996. " 'Tender pioneer': Emily Dickinson's Poems on the Life of Christ" in Farr (1996) 105–119.
  • Parker, Peter. 2007. "New Feet Within My Garden Go: Emily Dickinson's Herbarium", The Daily Telegraph, June 29, 2007. Retrieved January 18, 2008.
  • Pickard, John B. 1967. Emily Dickinson: An Introduction and Interpretation. New York: Holt, Rinehart and Winston.
  • Pollak, Vivian R. 1996. "Thirst and Starvation in Emily Dickinson's Poetry" in Farr (1996) 62–75.
  • Sewall, Richard B. 1974. The Life of Emily Dickinson. New York: Farrar, Straus, and Giroux. ISBN 0-674-53080-2.
  • Smith, Martha Nell. 1992. Rowing in Eden: Rereading Emily Dickinson. Austin, Texas: University of Texas Press. ISBN 0-292-77666-7.
  • Stocks, Kenneth. 1988. Emily Dickinson and the Modern Consciousness: A Poet of Our Time. New York: St. Martin's Press.
  • Walsh, John Evangelist. 1971. The Hidden Life of Emily Dickinson. New York: Simon and Schuster.
  • Wells, Anna Mary. 1929. "Early Criticism of Emily Dickinson", American Literature, Vol. 1, No. 3. (November 1929).
  • Wilson, Edmund. 1962. Patriotic Gore: Studies in the Literature of the American Civil War. New York: Farrar, Straus and Giroux. ISBN 0-393-31256-9.
  • Wolff, Cynthia Griffin. 1986. Emily Dickinson. New York. Alfred A. Knopf. ISBN 0-394-54418-8.


Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Emily Dickinson