Eleição presidencial no Equador em 2021 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Eleição presidencial no Equador em 2021
  2017 ← Equador → 2023
11 de abril
segundo turno
Candidato Guillermo Lasso Andrés Arauz
Partido CREO FCS
Natural de Guayas Pichincha
Companheiro de chapa Alfredo Borrero Carlos Rabascall
Votos 4.652.399 4.232.323
Porcentagem 52,36% 47,64%

Candidato mais votado no segundo turno por províncias e no exterior.
  Guillermo Lasso
  Andrés Arauz

Parte da série sobre
Política do Equador
Constituição
Portal do Equador

O primeiro turno da eleição presidencial no Equador em 2021 ocorreu em 7 de fevereiro, e o segundo turno ocorreu em 11 de abril. Com 52,36% dos votos, os equatorianos elegeram Guillermo Lasso como o presidente do país, cujo mandato se prolongará de maio de 2021 a maio de 2025. As eleições legislativas ocorreram em simultâneo, sendo eleitos os integrantes do Parlamento Andino e da Assembleia Nacional.

O presidente Lenín Moreno, eleito em 2017, não se candidatou à reeleição. De acordo com as pesquisas de opinião realizadas durante a campanha, os três principais candidatos eram os ex-ministros Andrés Arauz e Guillermo Lasso, além do ex-prefeito Yaku Pérez. Arauz escolheu como candidato a vice-presidente Rafael Correa, ex-presidente do país não poderia ser candidato a presidente por já ter cumprido dois mandatos. Também foi impedido de disputar a vice-presidência devido à condenação criminal por corrupção.

No primeiro turno, Arauz foi o candidato mais votado com 32,7% dos votos, seguido por Lasso, com 19,7% e Pérez, com 19,4%. Já no segundo turno, Lasso venceu Arauz, derrotando pela primeira vez em quinze anos um candidato do Correísmo.[1][2][3]

Contexto[editar | editar código-fonte]

O presidente Rafael Correa na posse de seu sucessor Lenín Moreno, em 2017

Em 2017, o presidente Rafael Correa era inelegível por ter cumprido dois mandatos. Durante seu governo, Correa registrou altos índices de aprovação, na maior parte superiores a 60%, mas a avaliação positiva diminuiu com o término de seu mandato.[4][5] Apesar disso, o candidato governista, Lenín Moreno, elegeu-se no segundo turno, derrotando Guillermo Lasso por uma pequena margem: 51,16-48,84%.[6] Lasso inicialmente contestou os resultados, mas posteriormente reconheceu a vitória de Moreno, que foi empossado em 24 de maio de 2017.[7]

Moreno rompeu com Correa ainda no primeiro ano de seu mandato, acusando o antecessor de corrupção e má gestão fiscal.[8] Além de Correa, o presidente também rompeu com a esquerda em geral, realizando uma gestão com inspiração liberal em termos econômicos.[9] Em 2019, protestos em massa ocorreram no país contra o cancelamento dos subsídios aos combustíveis e outros ajustes econômicos, denunciados pela oposição como austeridade.[10][11] Em 2020, a popularidade de Moreno caiu para 18% e ele decidiu não ser candidato a um segundo mandato.[12][13] Nenhum postulante à presidência em 2021 quis o apoio de Moreno.[14]

Em 2018, os eleitores decidiram, em um referendo, impedir que um presidente fosse reeleito mais de uma vez.[15] Na época, especulava-se que Correa poderia ser novamente candidato à presidência e a convocação do referendo por Moreno foi classificado pelo Deutsche Welle como o "ápice da ruptura" entre ambos; Correa chamava o sucessor publicamente de "traidor" e "impostor profissional".[16] Correa apresentou-se então como candidato a vice de seu antigo ministro Andrés Arauz, mas sua condenação por corrupção forçou sua substituição na chapa.[17][18]

Processo eleitoral[editar | editar código-fonte]

O presidente da República é eleito por sufrágio universal, com o voto sendo obrigatório, para um mandato de quatro anos, sendo-lhe facultado uma reeleição. O país utiliza um sistema de dois turnos modificado: para ser eleito no primeiro turno, requer-se que um candidato alcance mais de 50% dos votos válidos ou 40% e uma diferença de ao menos 10% em relação ao segundo colocado.[19][20] No primeiro turno, os eleitores elegeram ainda seus representantes no Parlamento Andino e na Assembleia Nacional.[21]

Candidatos[editar | editar código-fonte]

Para a eleição de 2021, houve um recorde de dezesseis candidatos à presidência.[22] Os seguintes candidatos registraram mais de 5% dos votos no primeiro turno:

Candidato a presidente, idade, partido político Último cargo público Candidato a vice-presidente Detalhes
Andrés Arauz

36 anos


Unión por la Esperanza

Andrés Arauz Ministro de Estado
(2015-2017)
Carlos Rabascall Economista formado pela Universidade de Michigan, trabalhou como assessor do Ministério de Coordenação da Política Econômica, de 2007 a 2009. Ingressou no Banco Central em 2009, sendo seu diretor-geral bancário entre 2011 e 2013. Em 2015, foi nomeado por Correa como ministro de Estado, na pasta de Coordenação e Talento Humano.[23] Socialista,[24] integra o conselho diretivo da Internacional Progressista.[23] Em agosto de 2020, Arauz foi formalizado como candidato à presidência e Correia à vice-presidência.[25] No mês seguinte, Correia declarado inelegiível diante de sua condenação por corrupção.[26] Arauz então escolheu o jornalista Carlos Rabascall como candidato a vice.[27]
Guillermo Lasso

65 anos


Creando Oportunidades

Guillermo Lasso Ministro de Estado
(1999)
Alfredo Borrero Empresário, foi diretor de operações da Coca-Cola no país.[28] Em 1994, se tornou diretor do Banco Guayaquil, cargo que ocupou até 2012.[29] Nomeado governador de Guayas em 1998, exerceu o cargo até o ano seguinte, quando foi designado "superministro" da Economia, mantendo-se no cargo por apenas um mês. No governo de Lucio Gutiérrez, desempenhou funções diplomáticas nos Estados Unidos. Em 2013, alcançou a segunda colocação na eleição presidencial com 22,68%, atrás de Correa. No pleito seguinte, foi derrotado no segundo turno, com 48,84%. O movimento político do qual faz parte se declarou liberal em termos econômicos e socialmente conservador.[30]
Yaku Pérez

52 anos


Pachakutik

Yaku Pérez Prefeito de Azuay
(2019-2020)
Virna Cedeño Dirigente indígena, concluiu doutorado pela Universidade Católica de Cuenca. Iniciou sua carreira política como vereador de Cuenca. Em 2003, foi designado presidente da Federação de Organizações Indígenas e Campesinas de Azuay. Eleito governador de Azuay em sua terceira tentativa, renunciou ao cargo em 2020 para disputar a presidência. Foi um opositor ao governo Correa e em 2017 optou por apoiar Lasso no segundo turno, declarando ser "preferível um banqueiro a uma ditadura." Foi um dos principais líderes dos protestos contra o governo Moreno em 2019. Pérez rechaçou o rótulo de comunista, afirmando que acreditava em uma "esquerda de vanguarda, fundada em alguns valores ancestrais."[31][32]
Xavier Hervas

48 anos


Izquierda Democrática

Xavier Hervas Empresário María Calderón Estudou no exterior e graduou-se em engenharia de produção agroindustrial. Empresário, mantinha ações em sete empresas do setor agrícola.[33][34] Participou de um processo eleitoral como candidato pela primeira vez. Na campanha à presidência, buscou romper o que considerava ser um clima de confronto estabelecido no país nas últimas décadas entre a esquerda liderada por Correa e a direita conservadora, representada por Lasso. Tentou mobilizar sobretudo os mais jovens, acreditando que os eleitores estavam cansados de políticos tradicionais. Declarou-se como de centro-esquerda e propôs enfatizar a "reativação econômica."[35][36]

Também foram candidatos:[37]

Pesquisas de opinião[editar | editar código-fonte]

Resultados[editar | editar código-fonte]

Mapa dos resultados do primeiro turno.
Mapa dos resultados do segundo turno.
  Segundo turno
Candidato(a) Vice 1º turno 2º turno
Votação
Total Percentagem Total Percentagem
Guillermo Lasso Alfredo Borrero 1 818 049 19,72 4 653 435 52,36
Andrés Arauz Carlos Rabascall 3 012 449 32,68 4 233 332 47,64
Yaku Pérez Virna Cedeño 1 789 991 19,42 Não participou
Xavier Hervas María Calderón 1 448 687 15,71
Pedro Freile Vallejo Byron Solís Figueroa 192 019 2,08
Isidro Romero Carbo Sofía Merino 171 287 1,86
Lucio Gutiérrez David Norero 164 021 1,78
Gerson Almeida Martha Villafuerte López 159 196 1,73
Ximena Peña Pacheco Patricio Barriga Jaramillo 142 304 1,54
Guillermo Celi Verónica Sevilla Ledergerber 84 364 0,92
Juan Fernando Torres Ana María Salazar 75 859 0,82
César Montúfar Julio Villacreses Guillém 57 597 0,62
Gustavo Larrea Cabrera Alexandra Peralta Marín 36 957 0,40
Carlos Sagnay Narda Ortiz Roa 26 174 0,28
Giovanny Andrade Salvador Katherine Mata Echeverría 20 525 0,22
Paul Carrasco Carpio Frank Vargas Anda 19 689 0,21
Total de votos válidos
Votos em branco 327 518 3,10 174 160 1,61
Votos nulos 1 007 743 9,55 1 758 196 16,25
Total
Abstenções
Eleitores aptos a votar

Fonte: CNE[38][39]

Referências

  1. «Ecuador: con más del 95% de los votos escrutados, Guillermo Lasso derrota a Andrés Arauz en el ballotage presidencial». Infobae (em espanhol). Consultado em 11 de abril de 2021 
  2. «Guillermo Lasso gana la presidencia de Ecuador». PanamPost (em espanhol). Consultado em 11 de abril de 2021 
  3. «Lacalle Pou saludo a Guillermo Lasso como presidente electo de Ecuador». Radio Uruguay (em espanhol). Consultado em 11 de abril de 2021 
  4. Holly K. Sonneland (8 de fevereiro de 2017). «Explainer: Ecuador's 2017 Presidential Elections». Americas Society - Council of the Americas. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  5. «Equador põe à prova o desgaste do mandato de Rafael Correa». El País. 16 de fevereiro de 2017. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  6. «Ecuador: All sides call for recount in Ecuador's presidential election - Euronews». The Voting News. 7 de abril de 2017. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  7. João Flores da Cunha (29 de maio de 2017). «Ecuador. Lenín Moreno asume como presidente». Instituto Humanitas Unisinos. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  8. «Aliado de Rafael Correa é favorito na disputa presidencial no Equador». Jovem Pan. 6 de fevereiro de 2021. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  9. Raphael Veleda (8 de outubro de 2019). «Lenín rompe com a esquerda e culpa até Maduro por caos no Equador». Metrópoles. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  10. Alexandra Valencia (4 de outubro de 2019). «Ecuador unions call off anti-austerity protests after 370 arrests in two days». Reuters. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  11. Alexandra Valencia (13 de outubro de 2019). «Deal Struck in Ecuador to Cancel Austerity Package and End Protests». The New York Times. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  12. «Lenín Moreno inicia último año presidencial con 14% de credibilidad». El Universo. 24 de maio de 2020. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  13. «Ecuador goes to the polls under strict pandemic restrictions». Associated Press. France24. 7 de fevereiro de 2021. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  14. «Com baixa popularidade, presidente do Equador não disputa reeleição e fica escanteado em campanha». Folha de S. Paulo. Meon. 5 de fevereiro de 2021. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  15. «Equador decide pelo fim da reeleição indefinida em referendo». G1. 4 de fevereiro de 2021. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  16. «Referendo é ápice da ruptura entre Moreno e Correa no Equador». Deutsche Welle. G1. 2 de fevereiro de 2018. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  17. Sara España (18 de agosto de 2020). «Rafael Correa confirma sua candidatura à vice-presidência do Equador em 2021». El País. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  18. Sara España (8 de setembro de 2020). «Justiça do Equador confirma condenação e impede candidatura de Rafael Correa a vice-presidente». El País. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  19. «Republica de Ecuador». Political Database of the Americas. 27 de outubro de 2010. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  20. Rebecca Hong (19 de fevereiro de 2014). «Election Time in Ecuador and a Reflection on Democracy». Berkley Center. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  21. Chase Harrison (4 de fevereiro de 2021). «Explainer: Ecuador's 2021 Presidential Elections». Americas Society - Council of the Americas. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  22. Chase Harrison (7 de fevereiro de 2021). «Esquerdista Andrés Arauz celebra 'vitória retumbante' nas eleições no Equador». AFP. Uol. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  23. a b «¿Quién es Andrés Arauz?». Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica. 17 de agosto de 2020. Consultado em 7 de fevereiro de 2021 
  24. «Equador. Socialista Arauz celebra vitória na primeira volta das presidenciais». Diário de Notícias. 8 de fevereiro de 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  25. «Andrés Arauz y Rafael Correa oficializan binomio presidencial por Compromiso Social y Centro Democrático». El Universo. 18 de agosto de 2020. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  26. «Justiça do Equador confirma em última instância condenação de Rafael Correa». AFP. Correio do Povo. 7 de setembro de 2020. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  27. «Periodista remplazará a Rafael Correa en las elecciones en Ecuador». AFP. La Jornada. 7 de setembro de 2020. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  28. Earl Bousquet (26 de março de 2017). «Will Washington intervene in Ecuador's election?». China.org. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  29. «Guillermo Lasso renunció a la presidencia ejecutiva del Banco de Guayaquil». El Universo. 7 de maio de 2012. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  30. «Guillermo Lasso, tres veces candidato presidencial». GK. 7 de outubro de 2020. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  31. «Elecciones en Ecuador: quién es Yaku Pérez, el dirigente indígena que quiere cambiar el destino del país». La Voz. 5 de fevereiro de 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  32. Sylvia Colombo (6 de fevereiro de 2021). «Acreditamos em esquerda de vanguarda, e não no comunismo, diz candidato à Presidência do Equador». Folha de S. Paulo. Folha de Londrina. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  33. «Xavier Hervas, el empresario que se estrena en política». Primicias. 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  34. «Xavier Hervas, el empresario que vende millones y que de joven hizo pan». El Universo. 23 de novembro de 2020. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  35. Francisco Manetto (6 de fevereiro de 2021). «Xavier Hervas, el candidato que quiere romper el esquema tradicional y movilizar a los jóvenes». El País. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  36. «Xavier Hervas: Me encantan TikTok y las redes porque me conectan con la gente». El Universo. 11 de janeiro de 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  37. «Candidatos 2021». Consejo Nacional Electoral del Ecuador. 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  38. «Resultados Generales». Consejo Nacional Electoral del Ecuador. 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021 
  39. «Resultados - Elecciones Generales 2021». Consejo Nacional Electoral del Ecuador. 2021. Consultado em 14 de abril de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]