Eleição presidencial no Brasil em 1919 – Wikipédia, a enciclopédia livre

1918 Brasil 1922
Eleição presidencial no Brasil em 1919
13 de abril de 1919
Candidato Epitácio Pessoa Rui Barbosa
Partido PRM PRP
Natural de Umbuzeiro, Paraíba Salvador, Bahia
Votos 286 373 116 414
Porcentagem 70,96% 28,85%
Votação por estado.

A eleição presidencial brasileira de 1919 foi a nona eleição presidencial e a oitava eleição direta. Foi realizada em 13 de abril nos vinte estados da época. O pleito foi realizado porque o vencedor da eleição de 1918, Rodrigues Alves, faleceu de gripe espanhola antes mesmo de assumir o cargo, e assim, não houve eleição para vice, pois esse havia sido eleito em 1918, sendo Delfim Moreira. Os resultados foram divulgados em 10 de julho.

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

No momento da escolha do candidato à sucessão presidencial ao mandato de Delfim Moreira, Epitácio Pessoa encontrava-se na Conferência de Paz de Paris. A distância do então senador não impedia o favoritismo à candidatura, pois além de tratar-se de um homem público com vasto conhecimento jurídico, pertencia a um Estado neutro nos embates políticos da época e destacava-se internacionalmente. Rui Barbosa também se lançava candidato e fazia campanha viajando pelos Estados. Nessas viagens, Rui Barbosa desestimulava o voto ao opositor Epitácio com os argumentos de que ele além de não se encontrar no país, havia se aposentado do cargo do Supremo Tribunal de Justiça por incapacidade física. Com o apoio da maioria das oligarquias estaduais, Epitácio Pessoa saiu vitorioso do pleito eleitoral.

Devido à morte de Delfim Moreira em 1 de julho de 1920, ocorreram novas eleições para vice-presidente no dia 6 de setembro de 1920. Bueno de Paiva, do Partido Republicano Mineiro, foi eleito com 191 928 votos, seguido por Muniz de Aragão (313 votos), Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (259 votos), José Joaquim Seabra (143 votos), Hercílio Luz (18 votos), e mais 36 nomes, dos quais se destacam: Nilo Peçanha (8 votos) e Urbano Santos (1 voto).

Processo eleitoral da República Velha (1889–1930)[editar | editar código-fonte]

De acordo com a Constituição de 1891 que vigorou durante toda a República Velha (1889-1930), o direito ao voto foi determinado a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem analfabetos, religiosos ou militares.[1] Mesmo tendo o direito de voto estendido a mais pessoas, pouca parcela da população participava das eleições.[2] A Constituição de 1891 também declarou que todas as eleições presidenciais seriam realizadas em 1º de março.[3] A eleição para presidente e vice eram realizadas individualmente, e o mesmo poderia se candidatar para presidente e vice.

Durante a República Velha, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) fizeram alianças para fazer prevalecer seus interesses e se revezarem na Presidência da República, assim, esses partidos na maioria das vezes estiveram a frente do governo, até que essas alianças se quebrassem em 1930. Essas alianças são chamadas de política do café com leite.[4]

Nessa época, o voto não era secreto, e existia grande influência dos coronéis - pessoas que detinham o Poder Executivo municipal, e principalmente o poder militar da região. Os coronéis praticavam a fraude eleitoral e obrigavam as pessoas a votarem em determinado candidato (voto de cabresto). Com isso, é impossível determinar exatamente os resultados corretos.[5]

Candidatos[editar | editar código-fonte]

Dos cinquenta e oito (58) nomes sufragados para Presidente da República, os dois principais foram:

Resultados[editar | editar código-fonte]

A população aproximada em 1919 era de vinte e nove milhões e setecentas mil (29.700.000), sendo um milhão e setecentos e sessenta e seis (1.766.000) eleitores, dos quais compareceram quatrocentos e dezoito mil (418.000), representando 1,41% da população.

Eleição para presidente do Brasil em 1919
Candidato Votos Porcentagem
Epitácio Pessoa 286.373 70,96%
Ruy Barbosa 116.414 28,85%
Altino Arantes Marques 161 0,04%
Outros 612 0,15%
Votos nominais 403.560
Votos brancos/nulos 14.440
Total 418.000
Fonte:[7]

Nota geral: os valores são incertos (ver processo eleitoral).

Referências

  1. Constituição de 1891. Cola da Web. Acessado em 14/10/2011
  2. Cidadania no Brasil: o longo caminho. José Murilo de Carvalho. Página 40. Google Books. Acessado em 14/10/2011.
  3. Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Art. 47. Wikisource. Acessado em 14/10/2011.
  4. Política do café com leite. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
  5. Coronelismo. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
  6. «Francisco Rodrigues Alves». Portal São Francisco. Consultado em 20 de outubro de 2011 
  7. Eleição Presidencial - 13 de abril de 1919 (Sexta-feira). (Pós 1945) Acessado em 03/11/2011.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • PIRES, Aloildo Gomes. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA - UMA ABORDAGEM ESTATÍSTICA. Salvador: Autor (Tipografia São Judas Tadeu), 1995.
  • DEPARTAMENTO DE PESQUISA DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ. PRESIDENTES DO BRASIL (DE DEODORO A FHC). São Paulo: Cultura, 2002.