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Edward Sapir
Edward Sapir
Nascimento 26 de janeiro de 1884
Lauenburg, Pomerânia, Alemanha, hoje Lębork, Polônia
Morte 4 de fevereiro de 1939 (55 anos)
New Haven, Connecticut
Nacionalidade Alemão
Campo(s) Antropologia, linguística

Edward Sapir (Lauenburg, hoje Lębork, Polônia, 26 de janeiro de 1884New Haven, 4 de fevereiro de 1939) foi um antropólogo e linguista alemão de origem judaica, que é considerado uma das figuras mais importantes no desenvolvimento da disciplina de linguística nos Estados Unidos.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sapir nasceu na Pomerânia alemã, no que hoje é o norte da Polônia. Sua família emigrou para os Estados Unidos da América quando ele era criança. Ele estudou linguística germânica em Columbia, onde foi influenciado por Franz Boas, que o inspirou a trabalhar em línguas nativas americanas. Enquanto terminava seu Ph.D. ele foi para a Califórnia para trabalhar com Alfred Kroeber documentando as línguas indígenas de lá. Ele foi contratado pelo Geological Survey of Canada por quinze anos, onde se destacou como um dos linguistas mais importantes da América do Norte, sendo o outro Leonard Bloomfield. Ofereceu-se uma cátedra na Universidade de Chicago, e permaneceu por vários anos continuando a trabalhar para a profissionalização da disciplina de linguística. No final de sua vida foi professor de antropologia em Yale, onde nunca se encaixou. Entre seus muitos alunos estavam os linguistas Mary Haas e Morris Swadesh, e antropólogos como Fred Eggan e Hortense Powdermaker.

Com sua formação linguística, Sapir tornou-se o único aluno de Boas a desenvolver mais completamente a relação entre linguística e antropologia. Sapir estudou as maneiras pelas quais a língua e a cultura se influenciam mutuamente, e estava interessado na relação entre as diferenças linguísticas e as diferenças nas visões culturais do mundo. Essa parte de seu pensamento foi desenvolvida por seu aluno Benjamin Lee Whorf no princípio da relatividade linguística ou na hipótese "Sapir-Whorf". Na antropologia Sapir é conhecido como um dos primeiros defensores da importância da psicologia para a antropologia, sustentando que estudar a natureza das relações entre diferentes personalidades individuais é importante para as formas como a cultura e a sociedade se desenvolvem.[3]

Entre suas principais contribuições à linguística está a classificação das línguas indígenas das Américas, sobre a qual elaborou a maior parte de sua vida profissional. Ele desempenhou um papel importante no desenvolvimento do conceito moderno de fonema, avançando muito na compreensão da fonologia.

Antes do Sapir era geralmente considerado impossível aplicar os métodos da linguística histórica às línguas dos povos indígenas porque se acreditava que eram mais primitivas do que as línguas indo-europeias. Sapir foi o primeiro a provar que os métodos da linguística comparativa eram igualmente válidos quando aplicados às línguas indígenas. Na edição de 1929 da Encyclopædia Britannica, ele publicou o que era então a classificação mais autorizada das línguas nativas americanas, e a primeira baseada em evidências da linguística comparativa moderna. Ele foi o primeiro a produzir evidências para a classificação dos álgicos, uto-astecas e línguas Na-Dene. Ele propôs algumas famílias linguísticas que não são consideradas adequadamente demonstradas, mas que continuam a gerar investigação, como línguas Hokan e Penutian.

Ele se especializou no estudo das línguas atabascanas, línguas chinookan e línguas uto-astecas, produzindo importantes descrições gramaticais de Takelma, Wishram, Southern Paiute. Mais tarde em sua carreira, ele também trabalhou com iídiche, hebraico e chinês, além de línguas germânicas, e também investiu no desenvolvimento de uma Língua Auxiliar Internacional.[4]

Hipótese de Sapir-Whorf[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Hipótese de Sapir-Whorf

Sapir propôs uma perspectiva alternativa sobre a linguagem em 1921, ao sugerir que a linguagem influencia a forma como os indivíduos pensam. A ideia de Sapir foi adaptada e desenvolvida durante a Década de 1940 por Whorf, dando origem à Hipótese de Sapir-Whorf. Sapir afirmava que a percepção de um observador sobre o mundo ao seu redor é controlada de alguma forma fundamental pela linguagem que ele usa. Por exemplo: o conceito de tempo nos tempos verbais – presente, passado, futuro. Na língua hopi não há tempos verbais, mas marcas de diferenciação sobre relato de fatos, expectativas e verdades gerais. Também Benjamin Whorf achava que a linguagem pode restringir o pensamento, ou seja: a linguagem funda a realidade. Nomes de cores, por exemplo, podem variar enormemente. Em navajo, cinza e azul tem uma só palavra; em hebraico, há uma palavra para azul do céu e outra para azul do mar. Sapir acreditava que a linguística como ciência é uma forma de libertação, uma evidente ruptura da cadeia historicamente construída.[5]

Publicações selecionadas[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

Ensaios e artigos[editar | editar código-fonte]

Biografias[editar | editar código-fonte]

Correspondência[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Edward Sapir». Encyclopædia Britannica 
  2. Sapir, Edward. (2005). In Encyclopedia of Cognitive Science. www.credoreference.com/entry/wileycs/sapir_edward
  3. Moore, Jerry D. 2009. "Edward Sapir: Culture, Language, and the Individual" in Visions of Culture: an Introduction to Anthropological Theories and Theorists, Walnut Creek, California: Altamira. pp. 88–104
  4. «Interlingua 2001: Biographias - Edward Sapir». www.interlingua.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2022 
  5. «Hipótese Sapir-Whorf». Ensaios e Notas. 31 de janeiro de 2013. Consultado em 4 de fevereiro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]