Educação na Guiné-Bissau – Wikipédia, a enciclopédia livre

A educação na Guiné-Bissau assenta num sistema educativo influenciado pelo domínio colonial português. Possui elevadas carências

Constrangimentos[editar | editar código-fonte]

O sistema educativo da Guiné-Bissau caracteriza-se pela precariedade e desajustamento face às necessidades das suas populações. Isto deve-se essencialmente à fraca percentagem orçamental destinada à educação.

Verificam-se fortes desigualdades no acesso à educação, nomeadamente associado ao género, com uma elevada discrepância entre o sexo masculino e o feminino, e associado à localização geográfica, com uma diferenciação entre o meio urbano (essencialmente a capital Bissau) e o meio rural[1].

Regiões Taxa de analfabetismo nas mulheres (em 2004) Taxa de analfabetismo nos homens (em 2004)
Tombali 92,4% 87,3%
Quinara 91,3% 88,9%
Biombo 91,0% 88,8%
Bolama 78,2% 74,1%
Bafatá 92,6% 92,1%
Gabú 92,6% 92,1%
Cacheu 87,3% 82,3%
Setor Autónomo de Bissau 49,8% 37,8%
Oio 95,5% 94,2%
Total 83,3% 76,2%

Os recursos materiais e humanos são escassos, assim como as infraestruturas capazes de assegurar as necessidades da comunidade escolar e de materiais didáticos, tanto para os professores, como para os alunos.

Por outro lado, a falta de qualificação dos professores em serviço é um obstáculo às condições ensino/aprendizagem. Estudos indicam que 60% dos professores em exercício não têm formação inicial[2].

Por último, num país onde são faladas mais de vinte e cinco línguas étnicas, assiste-se à imposição da Língua Portuguesa nas escolas, em detrimento de um sistema bilingue. A maioria dos alunos, antes de frequentarem a escola, raramente ou nunca tiveram um contacto direto com o português, uma vez que no seio familiar a língua utilizada é o crioulo ou as respetivas línguas étnicas.

Tipologias de escolas[editar | editar código-fonte]

Na Guiné-Bissau existem cinco tipologias de escolas[3]:

  • Públicas: geridas pelo Estado, são em geral incapazes de garantir o acesso universal e não possuem os meios essenciais para o desenvolvimento das suas funções;
  • Privadas: criadas e mantidas por iniciativa privada;
  • Madrassas: escolas confessionais de âmbito islâmico, criadas e mantidas pelas autoridades dessa religião;
  • Comunitárias: escolas de acordo com a comunidade, existindo uma parceria entre o Estado, as ONG e as comunidades, visando melhorar e alargar a oferta educativa;
  • Auto-gestão: integram um modelo de organização assente numa co-gestão por três parceiros: a comunidade, a Missão Católica e o Ministério da Educação.

Referências

  1. ONU, Premier rapport sur les objectifs du Millénaire pour le developpment en Guinée Bissau, 2004, p. 17
  2. Campanha Global pela Educação (CGE), Entre o Saber e o Fazer: A Educação na Cooperação Portuguesa para o Desenvolvimento, 67.
  3. Alexandre Brito Ribeiro Furtado, “Administração e gestão da educação na Guiné-Bissau: incoerências e descontinuidades”, 583-602

Ligações externas[editar | editar código-fonte]