Economia do estado de São Paulo – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Economia de São Paulo
Ficha técnica
Participação no PIB brasileiro 31,9% (2018) [1]
PIB R$ 2.224.738 milhões (2018) [1]
PIB per capita R$ 48.853 (2018) [1]
Composição do PIB
Agropecuária 2,0% (2009) [2]
Indústria 29,0% (2009) [2]
Serviços 69,0% (2009) [2]
Atividades econômicas
Exportações (US$ 38 bilhões): veículos e peças (17,2%), aviões, helicópteros e aeropeças (11,6%), outros produtos agroindustriais (soja, carnes, café, papel - 10%), açúcar e álcool (7,8%), metalmecânico (7%), suco de laranja (5,2%), eletrônica e telecomunicações (4,1%), miscelânea (31,8%) (2005).
Importações (US$ 30,5 bilhões): petróleo e derivados (8,4%), bens de informática (7,8%), aeropeças (4,9%), veículos e peças (4,3%), metalmecânico (3%), medicamentos (2,1%), miscelânea (63,3%) (2005).
Energia elétrica
Geração 56.756 GWh (2004)
Consumo 85.193 GWh (2004)
Telecomunicações
Telefonia fixa 13,4 milhões de linhas (2006)
Celulares 22,7 milhões (2006)

A economia do estado de São Paulo é desenvolvida e detém o maior PIB entre os estados brasileiros, produzindo, em 2020, cerca de 2,326 trilhões de reais (31,6% do PIB nacional),[3] e o segundo maior PIB per capita (48 542,24 de reais em 2018).[4] Sendo o estado mais rico e populoso do Brasil, é o seu principal centro financeiro e um dos principais centros do mundo. A terceira maior economia e o terceiro maior mercado consumidor da América Latina, ocupa a 21.ª posição no ranking das maiores economias do planeta, à frente de países como a Argentina, Bélgica, Chile e Singapura. Graças à sua enorme força econômica, São Paulo é conhecido como "a locomotiva do Brasil".[5]

A economia paulista, desenvolvida e heterogênea, é alimentada por recursos naturais abundantes, uma infraestrutura bem desenvolvida, alta produtividade e uma mão de obra altamente qualificada, detém 70% da mão de obra qualificada do pais.[6] Atualmente São Paulo é líder em vários setores da economia brasileira, notadamente no setor financeiro, concentrado na cidade de São Paulo, a qual contém mais de 30,5% das agências bancárias e 30% das operações de crédito no Brasil, além da B3, uma das cinco maiores bolsas de valores do mundo. Na agropecuária, destaca-se como um dos maiores produtores do país, sendo o maior produtor mundial de suco de laranja, açúcar e etanol, e também se posiciona entre os principais produtores de alimentos industriais do mundo, detendo cerca de 35,5% da produção industrial de alimentos nacional. Na indústria, destaca-se como a mais moderna e variada da América Latina, a qual apresenta uma forte base tecnológica, possuindo o maior parque industrial e concentrando 36% da produção brasileira; destacam-se a indústria automobilística, sendo o berço da indústria automobilística no Brasil, o 15.º maior produtor de veículos do mundo, centralizando mais de 41% das fábricas do complexo automotivo nacional; a indústria aeroespacial e defesa, a qual é o maior polo aeroespacial da América Latina. Outros setores importantes que também encontram-se em posição de liderança no país são os de pesquisa e desenvolvimento, saúde e ciências da vida, mercado imobiliário, energia, tecnologia da informação e comunicação (TIC), petróleo e gás natural, economia verde, dentre outros.[7][8]

Localizado na Região Sudeste, a segunda menor do país em extensão territorial, o Estado de São Paulo faz fronteira com dois dos três estados da Região, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e com Paraná a sul e Mato Grosso do Sul a oeste, além do Oceano Atlântico a sudeste. A unidade federativa oferece uma ótima infraestrutura logística para investimentos, devido às boas condições e extensão de sua malha rodoviária, bem como por sua infraestrutura hidroviária, portuária e aeroportuária. A interligação dessas malhas permite um eficiente sistema de transporte multimodal. De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 19 das 20 melhores rodovias do Brasil estão localizada no estado, sendo, assim, a melhor malha rodoviária do país, apresentando 81,6% de sua extensão classificados como ótimo ou bom.[9] Além disso, detém o maior e principal porto brasileiro – um dos principais do mundo – e o maior complexo portuário da América Latina: o Porto de Santos; e o maior e segundo mais movimentado aeroporto da América Latina, o Aeroporto de São Paulo-Guarulhos.[5] Em 2018, o estado exportou cerca de 52,3 bilhões de dólares, o que representou 21,8% das exportações brasileiras. Dentre seus maiores mercados consumidores, estão a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), para a qual exportou 30,23%; o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), 22,47%; Mercosul, 15,96%. Com relação a países, os Estados Unidos se destaca com 17,36% dos produtos exportados, seguido da China, com 12,46%. No que tange às importações, os dois países permanecem como os principais parceiros, porém com a ordem inversa: o último responde por 18,72% do valor das importações paulistas, enquanto os Estados Unidos, 17,43%; a Alemanha representa 9,41%.[10]

A arrecadação de ICMS de São Paulo é a maior do país. Em 2012 foi de R$ 109 103 539 mil ou 33,4% de toda a arrecadação dos estados brasileiros. A receita bruta do estado gerou algo em torno de 550 bilhões de dólares na paridade de poder de compra.

Apesar de continuar a crescer economicamente, o estado de São Paulo vem perdendo parte de sua participação no PIB nacional devido, evidentemente, ao desenvolvimento dos outros estados. Em 1990 o estado respondia por 37,3% do produto interno bruto do Brasil. Em 2008, a participação na produção total de bens e serviços do país foi de 33,1%.[11] Em 2009, a participação foi de 33,5%, caindo novamente para 33,1% em 2010 e 32,1% em 2013 e subindo para 32.2% em 2014.[12]

São Paulo é responsável por 28,6% dos produtos industrializados fabricados no Brasil. A participação no PIB industrial nacional reduziu desde 2010, quando era responsável por 32,1% do total. Em relação ao PIB do estado, a indústria responde por 22,9%.[13] Em 2016, era o estado com mais bilionários, 71 dos 165 do Brasil.[14]

Com o COVID-19, a economia do país desacelerou, enquanto o estado apresentou um aumento acima da média nacional, que recuou 4,1%,[15]

Origens[editar | editar código-fonte]

Chegada dos portugueses no Brasil e o processo de colonização[editar | editar código-fonte]

Desde cerca de 12000 AEC, o território do atual Estado de São Paulo já era habitado por povos indígenas. Seu litoral foi invadido por povos do tronco linguístico tupi procedentes da Amazônia por volta do ano 1000. Deste modo, no século XVI, quando se iniciou o processo de colonização do estado de São Paulo com a chegada de navegadores portugueses e espanhóis ao território brasileiro, os indígenas majoritários da região eram os tupinambás, tupiniquins, tamoios, carijós e outros, no litoral; e povos do tronco linguístico macro-jê, no interior.[16][17]

Indústrias[editar | editar código-fonte]

A indústria é a principal característica da economia paulista. Depois da crise de 1929, em Nova Iorque, o café deu lugar às indústrias, que fizeram São Paulo permanecer na liderança da indústria nacional até hoje. O estado supera a produção industrial do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e a do Rio Grande do Sul. Seus principais polos industriais são:

Embraer E-190, jato desenvolvido pela empresa Embraer que está sediada em São José dos Campos.

Agropecuária[editar | editar código-fonte]

Laranjal na cidade paulista de Avaré

As principais características da agropecuária paulista são a variedade e a qualidade. Em 2017, a renda gerada pelo setor em São Paulo correspondeu a 10,14% da atividade agropecuária nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) – (2017)[21]

Os dois maiores destaques agriculturais do estado são a cana de açúcar e a laranja. Em 2019, São Paulo produziu 425.617.093 toneladas de cana de açúcar.[22] A produção paulista equivale a 56,5% da produção brasileira de 752.895.389 toneladas, supera a produção da Índia (2º maior produtor mundial de cana) de 2019 (que foi de 405.416.180 toneladas) e equivaleu à 21,85% da produção mundial de cana no mesmo ano (1.949.310.108 toneladas). Com isso, se torna um grande produtor e exportador de etanol e açúcar.[23][24][25][26] Em 2019, São Paulo produziu 13.256.246 toneladas de laranja[27]. A produção paulista equivale a 78% da produção brasileira de 17.073.593 toneladas, supera a produção da China (2º maior produtor mundial de laranja) de 2019 (que foi de 10.435.719 toneladas) e equivaleu à 16,84% da produção mundial de laranja no mesmo ano (78.699.604 toneladas). É em grande parte exportada na forma de suco.[23] Também se destaca por produzir 90% do amendoim do país, que é em parte exportado[28]; 85% do limão[29]; além de ser o maior produtor brasileiro de banana[30], tangerina[31] e caqui[32], o 2º maior de batata, cenoura e morango[33][34][35][36][37]; o 3º maior de café[24] e mandioca[38]; e tem produções consideráveis de soja[39] e milho[40].

A atividade pecuária tem uma participação significativa em São Paulo. A produção do agronegócio relativa ao segmento somou R$48 bilhões em 2017. As áreas de criação de bovinos paulistas produziram R$ 7,8 bilhões em gado, isso é, 10,33% do produzido no Brasil. O setor de ovos, por exemplo, participou com 23,35% da produção brasileira, em termos monetários isso significou uma produção de R$ 3,4 bilhões.[41]

Segundo dados do IEA, o valor da produção de carne de frango no Estado de São Paulo em 2018 foi de R$3,7 bilhões, ocupando a quinta colocação no ranking no Valor da Produção Agropecuária Estadual, atrás dos valores de cana-de-açúcar, carne bovina, laranja para indústria e soja, havendo um decréscimo de 4,6% em relação ao ano de 2017. A produção da carne de frango em 2018 foi de 1,34 milhão de toneladas, uma perda de 11,1% sobre 2017.[42]

A suinocultura paulista enfrenta problemas de difícil resolução, como falta de escala na produção, custos de produção elevados, concorrência com outras atividades agropecuárias de maior rentabilidade e falta de aptidão cooperativista, mencionando somente alguns. Soma-se a estes problemas a concorrência pelo consumidor que, quando tem restrições orçamentárias na aquisição de alimentos, escolhe a carne de frango pelo preço e, quando não tem, escolhe carne bovina pela preferência. O que resulta destes fatores é o crescente desestímulo aos suinocultores em permanecer na atividade em que a produção é insuficiente e praticamente toda consumida no próprio estado.[43]

Energia[editar | editar código-fonte]

O estado de São Paulo, sendo o mais industrializado estado da federação, é o maior produtor e também consumidor de energia nacional.[carece de fontes?] São Paulo possui mais usinas hidrelétricas do que qualquer outro estado, contando também com uma usina termoelétrica, conhecidas também por serem as maiores da América Latina.[carece de fontes?]

História[editar | editar código-fonte]

Pode-se considerar que a história econômica paulista começa com o ciclo do café iniciado na segunda metade do século XIX (durante o período da Primeira Republica o estado também teve uma relevante expansão industrial). Este ciclo perdura até a crise da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929. A decadência da cafeicultura provoca a transferência do capital para a indústria, que pôde desenvolver-se apoiada no mercado consumidor e na mão-de-obra disponível no estado. Esta primeira fase da industrialização ocorre no contexto econômico brasileiro da substituição de importações.

O período de maior crescimento da indústria do estado ocorre no mandato de Juscelino Kubitschek, que promoveu a internacionalização da economia brasileira, trazendo a São Paulo (principalmente à região do ABC) a indústria automobilística.

Finanças[editar | editar código-fonte]

A Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo, em setembro de 2010, tornou-se a segunda maior bolsa de valores do mundo, em valor de mercado.[44]

Referências

  1. a b c «Seade PIB». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 14 de outubro de 2019 
  2. a b c «Produto Interno Bruto». Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade. 2011 
  3. «Quinze estados têm PIB acima da média nacional em 2018; Sergipe é o único com queda». IBGE - Censo 2021. Consultado em 26 de março de 2021 
  4. «Sistema de Contas Regionais: Brasil 2018» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 26 de março de 2021 
  5. a b «São Paulo é o 21º colocado no ranking das maiores economias do mundo». Governo do Estado de São Paulo. 9 de novembro de 2020. Consultado em 26 de março de 2021 
  6. «'São Paulo está se descolando do restante do País' - Economia». Estadão. Consultado em 26 de março de 2021 
  7. «Setores de negócios | InvesteSP». Investe SP. Consultado em 27 de março de 2021 
  8. «Economia diversificada | InvesteSP». Investe SP. Consultado em 27 de março de 2021 
  9. «SP tem 19 das 20 melhores rodovias do Brasil, aponta pesquisa». Governo do Estado de São Paulo. 8 de julho de 2017. Consultado em 26 de março de 2021 
  10. «Comércio internacional | InvesteSP». Investe SP. Consultado em 27 de março de 2021 
  11. Folha de S. Paulo. «Região Sudeste perde participação no PIB, diz IBGE». Consultado em 14 de fevereiro de 2010 
  12. «Seade PIB». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 14 de outubro de 2019 
  13. «PIB industrial 2010 – G1». Consultado em 8 de setembro de 2016 
  14. Redação (2 de setembro de 2016). «Os Estados brasileiros com mais bilionários». Forbes Brasil. Consultado em 27 de março de 2021 
  15. «PIB de São Paulo cresce e se destaca em meio à queda da economia nacional e mundial». Governo do Estado de São Paulo. 4 de março de 2021. Consultado em 26 de março de 2021 
  16. «História de São Paulo - Século 16». www.sp-turismo.com. Consultado em 27 de março de 2021 
  17. Bueno 2003, p. 19.
  18. «O Vale do Silício brasileiro». Revista TI. 5 de abril de 2001. Consultado em 28 de julho de 2010. Arquivado do original em 13 de novembro de 2011 
  19. [1][ligação inativa]
  20. «Automotivo». InvesteSP. Consultado em 14 de outubro de 2019 
  21. «Agropecuária | InvesteSP». Investe SP. Consultado em 2 de junho de 2022 
  22. Cana de Açúcar 2019 Brasil Tabela 1612
  23. a b Produção da agricultura mundial em 2019, pela FAO
  24. a b IBGE prevê safra recorde de grãos em 2020
  25. Coagro espera a melhor safra da cana-de-açúcar dos últimos quatro anos
  26. ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA DE CANA DE AÇÚCAR MAIO 2019
  27. «Produção brasileira de laranja em 2019» (PDF). Embrapa. Consultado em 18 de fevereiro de 2021 
  28. Estudo mapeia áreas de produção de amendoim do Brasil para prevenir doença do carvão
  29. Produção brasileira de limão em 2019
  30. Produção brasileira de banana em 2019
  31. Produção brasileira de tangerina em 2019
  32. Caqui – Panorama nacional da produção
  33. CENOURA:Produção, mercado e preços
  34. É batata
  35. Produtores de batata vivem realidades distintas em Minas Gerais
  36. Aumento da demanda elevará a colheita de batata em Minas
  37. Qual o panorama da produção de morango no Brasil?
  38. Produção brasileira de mandioca em 2019
  39. Confira como está a colheita da soja em cada estado do país
  40. Estimativa de Oferta e Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2019
  41. «Agronegócios | InvesteSP». Investe SP. Consultado em 2 de junho de 2022 
  42. «IEA». www.iea.sp.gov.br. Consultado em 2 de junho de 2022 
  43. «IEA». www.iea.agricultura.sp.gov.br. Consultado em 2 de junho de 2022 
  44. g1 (2010). «Bovespa se torna a 2ª maior do mundo em valor de mercado». g1.globo.com. Consultado em 29 de setembro de 2010 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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