Eclipse lunar de 15 de abril de 2014 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Eclipse Lunar Total
15 de abril de 2014

Máximo do eclipse visto de Lomita, Califórnia - 7:44 UTC

A Lua passando pela metade sul do cone de sombra da Terra, de oeste para leste (da direita para a esquerda), com o disco lunar recebendo tom avermelhado.
Gamma -0,3017
Saros (e membro) 122 (56 de 75)
Sequência de eclipses lunares
Anterior 18 de outubro de 2013
Próximo 8 de outubro de 2014
Duração (hr:mn:sc)
Total 1:17:48
Parcial 3:34:43
Penumbral 5:43:53
Fases e Horários do Eclipse (UTC)
P1 4:53:40
U1 5:58:19
U2 7:06:46
Máximo 7:45:39
U3 8:24:34
U4 9:33:02
P4 10:37:33

A Lua cruzou o cone de sombra na constelação de Virgem, próximo à estrela Spica e também próximo ao planeta Marte, ligeiramente ocidental na eclíptica.

O eclipse lunar de 15 de abril de 2014 foi um eclipse total, o primeiro de dois eclipses lunares do ano. Marcou também o primeiro de uma série de quatro eclipses totais consecutivos, conhecida como tétrade, com dois eclipses em cada ano - 2014 e 2015. Os eclipses totais subsequentes da tétrade são os de 8 de outubro de 2014, 4 de abril de 2015 e 28 de setembro de 2015. Essa sequência de eclipses totais foi, por vezes, apelidada de "sequência de luas vermelhas", e ainda "Luas de Sangue". Bem como os eclipses totais são geralmente chamados de "luas vermelhas".

A última vez que ocorreu uma tétrade foi entre 2003 e 2004.

Teve magnitude umbral de 1,2907 e penumbral de 2,3182. Sua duração foi de quase 78 minutos.[1]

A Lua cruzou a metade sul do cone de sombra da Terra, em nodo ascendente, dentro da constelação de Virgem, onde esteve muito próximo à estrela Spica. Também se aproximou do planeta Marte, que estava em oposição ao Sol, e situada um pouco mais a oeste da lua vermelha.

Como o disco lunar passou mais próximo do centro da sombra terrestre (um pouco mais ao sul do local), a superfície da Lua próxima dela, na parte norte, estava mais avermelhada e escura que a média.

Relação com a profecia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Profecia da Lua de Sangue

A partir de 2008, os pastores cristãos norte-americanos John Hagee e Mark Biltz começaram a ensinar "profecias de lua de sangue": Biltz disse que a Segunda vinda de Jesus ocorreria no final da tétrade que começou com o eclipse de abril de 2014, enquanto Hagee disse apenas que a tétrade é Um sinal de algo significativo.[2] A ideia ganhou atenção na mídia popular nos Estados Unidos, e provocou uma resposta do programa de rádio científico Earth & Sky.[3][4] De acordo com o site Christian Today, apenas um "pequeno grupo de cristãos" viu o eclipse ter um significado religioso, apesar da atenção gerada.[5]

Relação dos eclipses com a tétrade[editar | editar código-fonte]

O eclipse de 15 de abril marcou um novo ciclo conhecido como tétrade, ou seja, quatro eclipses totais consecutivos sem eclipses parciais no meio. Haverá outros eclipses durante a tétrade a cada seis ciclos lunares - em 8 de outubro de 2014, 4 de abril de 2015, e 28 de setembro de 2015.[3] A série do ano lunar repete após 12 ciclos (lunações), ou 354 dias, causando uma mudança de data quando comparado ao calendário solar. Esta mudança significa que a sombra da Terra se moverá cerca de 11 graus a oeste em cada eclipse subsequente.

Esta tétrade começou durante o nodo ascendente da órbita da Lua. É a primeira tétrade desde a série 2003–04, quando ocorreram os eclipses totais de 16 de maio de 2003, 9 de novembro de 2003, 4 de maio de 2004, e 28 de outubro de 2004.

A próxima série será de 2032 a 2033, com os eclipses totais de 25 de abril de 2032, 18 de outubro de 2032, 14 de abril de 2033, e 8 de outubro de 2033.

Série Saros[editar | editar código-fonte]

Eclipse pertencente ao ciclo lunar Saros de série 122, sendo este de número 56, totalizando 75 eclipses na série. O eclipse anterior da série foi o eclipse total de 4 de abril de 1996, e o próximo será com o eclipse total de 25 de abril de 2032, que marcará o início da próxima temporada de tétrades.

Visibilidade[editar | editar código-fonte]

Foi visível sobre o Pacífico, Américas, Atlântico, Nova Zelândia, quase toda a Austrália e extremo noroeste da África.[3]

Sendo que o eclipse foi visivel na sua totalidade ao longo do sudeste do Pacífico, de onde foi visível por volta da meia-noite. No Pacífico Ocidental, a primeira metade do eclipse ocorreu antes do nascer da Lua.

Durante a lua vermelha, o espaço celeste à sua volta estava repleto de fenômenos astronômicos observacionais. Marte ficou em oposição, sendo visível com magnitude -1.5, localizado cerca de 9,5° a noroeste da Lua.[3][6][7][8] A estrela Spica, da constelação de Virgem, ficou situada 2° para o oeste, enquanto a estrela Arcturus estava 32° ao norte. Saturno ficou 26° à leste e Antares, estrela mais brilhante da constelação de Escorpião, situou-se 44° à sudeste.[6]

A Lua entrou na sombra penumbral da Terra às 4:54 UTC e a sombra umbral às 5:58. A totalidade durou 1 hora e 18 minutos, das 7:07 às 8:25. O momento máximo do eclipse ocorreu às 7h47 UTC. Nesse ponto, o zênite da Lua foi de aproximadamente 3.000 km (1.900 mi) a sudoeste das Ilhas Galápagos, no Pacífico. A Lua deixou a sombra do umbra às 9:33 e a sombra da penumbra às 10:38.[6]

O pico da magnitude umbral foi de 1,2907, momento em que a parte norte da Lua estava a 1,7 arco-minutos ao sul do centro da sombra da Terra, ganhando tonalidade mais escura e vermelha, enquanto a parte sul estava a 40.0 minutos do centro. A gama do eclipse foi de -0,3017.[6]


Região do planeta onde o eclipse foi visível durante o máximo da totalidade - 7:46 UTC.

O sudeste do Pacífico obteve a melhor observação do meio do eclipse, de onde foi visível à meia-noite.


Gráfico do eclipse - NASA

O planeta Marte estava perto da oposição, como mostrado neste movimento geocentrado de Marte, de 2003 a 2018.

Mapa de visibilidade do eclipse

Galeria[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Eclipse lunar de 15 de abril de 2014

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Eclipse lunar

Um eclipse lunar ocorre quando a Lua passa dentro da umbra da Terra (sombra). Quando o eclipse começa, a sombra da Terra escurece gradualmente a Lua. Então, a sombra começa a "cobrir" parte da Lua, se apresentando com uma cor vermelha-escura (isso geralmente, pois a cor e a tonalidade pode variar de acordo com as condições atmosféricas). A Lua parece ser avermelhada devido à dispersão de Rayleigh (o mesmo efeito que faz com que o pôr-do-Sol apareça avermelhado) e a refração da luz pela atmosfera terrestre em sua sombra.[9]

A simulação abaixo mostra a visão aproximada da Lua que cruza a sombra da Terra. A porção norte da Lua estava mais próxima do centro da sombra, tornando-a mais escura e de aparência mais vermelha, enquanto a região sul do disco estava ligeiramente mais clara e brilhante.


Horários do Eclipse[editar | editar código-fonte]

Horários locais de contatos
Fuso horário
em relação ao fuso
UTC
+8h +11h +13h -9h -8h -7h -6h -5h -4h -3h
AWST AEDT NZDT HADT AKDT PDT MDT CDT
PET
EDT
BOT
ADT
AMST
ART
Eventos Noite de 8 de outubro (quarta) Noite de 7 de outubro (terça) Madrugada / Manhã de 8 de outubro (quarta)
P1 Início Penumbral* N/D† 7:16 pm 9:16 pm 11:16 pm 12:16 am 1:16 am 2:16 am 3:16 am 4:16 am 5:16 am
U1 Início Parcial N/D† 8:15 pm 10:15 pm 12:15 am 1:15 am 2:15 am 3:15 am 4:15 am 5:15 am 6:15 am
U2 Início Total 6:25 pm 9:25 pm 11:25 pm 1:25 am 2:25 am 3:25 am 4:25 am 5:25 am 6:25 am 7:25 am
Máximo do Eclipse 6:55 pm 9:55 pm 11:55 pm 1:55 am 2:55 am 3:55 am 4:55 am 5:55 am 6:55 am N/D†
U3 Término Total 7:24 pm 10:24 pm 12:24 am 2:24 am 3:24 am 4:24 am 5:24 am 6:24 am N/D† N/D†
U4 Término Parcial 8:34 pm 11:34 pm 1:34 am 3:34 am 4:34 am 5:34 am 6:34 am N/D† N/D† N/D†
P4 Término Penumbral 9:34 pm 12:34 am 2:34 am 4:34 am 5:34 am 6:34 am N/D† N/D† N/D† N/D†

† A Lua não foi visível durante esta parte do eclipse neste fuso horário.

* A fase penumbral do eclipse muda a aparência da Lua levemente, quanto ao brilho e escurecimento sutil da superfície, e geralmente não é perceptível.[10]

Pontos de contato lunar relativos às sombras umbral e penumbral da Terra, aqui com a Lua perto de seu nodo descendente

O tempo de eclipses lunares totais é determinado pelos seus contatos:

  • P1 (Primeiro contato): Início do eclipse penumbral. Uma extremidade da Lua já entra na penumbra terrestre.
  • U1 (Segundo contato): Início do eclipse parcial. Uma extremidade da Lua entra na umbra terrestre.
  • U2 (Terceiro contato): Início do eclipse total. A superfície da Lua está inteiramente dentro da umbra da Terra.
  • Máximo do Eclipse: É o estágio máximo do eclipse total. A Lua está no seu ponto mais próximo do centro da umbra da Terra.
  • U3 (Quarto contato): Fim do eclipse total. Uma extremidade da Lua sai da umbra terrestre.
  • U4 (Quinto contato): Fim do eclipse parcial. Uma extremidade da Lua sai da penumbra terrestre.
  • P4 (Sexto contato): Fim do eclipse penumbral. A Lua já sai totalmente da penumbra da Terra.



Referências

  1. F. Espenak. «Total Lunar Eclipse of 2014 April 15» (PDF). NASA Eclipse Website. Consultado em 9 de agosto de 2017 
  2. Garrett Haley (14 de abril de 2014). «Upcoming 'Blood Moon' Lunar Eclipses Spark Woes, Discussion About End Times Bible Prophecy». Christian News Network. Consultado em 28 de abril de 2014 
  3. a b c d Elizabeth Weise (3 de abril de 2014). «Blood moon eclipse on April 15 is a special event». USA Today. Consultado em 3 de abril de 2014 
  4. Bruce McClure; Deborah Byrd (30 de março de 2014). «What is a Blood Moon?». Earth & Sky. Consultado em 4 de abril de 2014 
  5. Samantha Blake (5 de abril de 2014). «Lunar Eclipse April 15, 2014: Four Blood Moons a sign of End Times?». Christian Today. Consultado em 6 de abril de 2014 
  6. a b c d Espenek, Fred. «Eclipses During 2014». NASA. Consultado em 3 de abril de 2014 
  7. «Sneak peek and quick observing guide to April's opposition of Mars». Astro Bob. 3 de fevereiro de 2014 
  8. Beish, Jeffrey D. (12 de abril de 2013). «The 2013-2014 Aphelic Apparition of Mars». alpo-astronomy.org. Arquivado do original em 23 de agosto de 2014 
  9. Fred Espenak & Jean Meeus. «Visual Appearance of Lunar Eclipses». NASA. Consultado em 13 de abril de 2014 
  10. Espenak, Fred. «Lunar Eclipses for Beginners». MrEclipse. Consultado em 7 de abril de 2014 
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