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Douglas MacArthur
Douglas MacArthur
MacArthur em 2 de agosto de 1945
Apelidos "Gaijin Shogun"
"Dugout Doug"
"Big Chief"
Nascimento 26 de janeiro de 1880
Little Rock, Arkansas,
Estados Unidos
Morte 5 de abril de 1964 (84 anos)
Washington, D.C.,
Estados Unidos
Progenitores Mãe: Mary Pinkney Hardy
Pai: Arthur MacArthur Jr.
Cônjuge Louise Cromwell (1922–1929)
Jean Faircloth (1937–1964)
Filho(a)(s) Arthur MacArthur IV
Alma mater Academia Militar dos Estados Unidos em West Point
Serviço militar
País  Estados Unidos
 Filipinas
Serviço Exército dos Estados Unidos
Exército Filipino
Anos de serviço 1903–1964
Patente General do Exército (Estados Unidos)
Marechal de Campo (Filipinas)
Conflitos Revolução Mexicana
Primeira Guerra Mundial
Segunda Guerra Mundial
Guerra da Coreia
Condecorações Medalha de Honra
Cruz de Serviço Distinto (3)
Medalha de Serviço Distinto (12)
Estrela de Prata (7)
Cruz de Voo Distinto
Estrela de Bronze
Medalha do Ar
Coração Púrpuro
Assinatura

Douglas MacArthur (Little Rock, 26 de janeiro de 1880Washington, D.C., 5 de abril de 1964) foi um oficial militar norte-americano que serviu tanto no Exército dos Estados Unidos quanto no Exército Filipino e desempenhou um papel proeminente no Teatro do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. Ele recebeu a Medalha de Honra por seu serviço na Campanha das Filipinas e tornou-se um de apenas cinco homens a alcançar a patente de General do Exército nos Estados Unidos, também sendo o único homem a ser Marechal de Campo das forças armadas das Filipinas.

MacArthur nasceu em uma família de histórico militar no Velho Oeste norte-americano, estudando na Academia Militar do Oeste do Texas e na Academia Militar dos Estados Unidos, onde se formou em 1903 como o primeiro de sua turma. Ele conduziu uma missão de reconhecimento durante a Ocupação de Veracruz pelos Estados Unidos, pela qual foi nomeado para a Medalha de Honra. MacArthur foi promovido a coronel em 1917 e tornou-se chefe do estado maior da 42ª Divisão de Infantaria. Em seguida lutou na Primeira Guerra Mundial, alcançando a patente de general de brigada e sendo novamente nomeado para a Medalha de Honra, recebendo a Cruz de Serviço Distinto duas vezes e a Estrela de Prata sete.

Ele serviu como Superintendente da Academia Militar de West Point entre 1919 e 1922, tentando implantar uma série de reformas. Depois disso foi designado para as Filipinas, onde foi instrumental em 1924 para acabar com um motim de oficiais. MacArthur foi um dos juízes da corte marcial do general Billy Mitchell e presidente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos para os Jogos de 1928 em Amsterdã. Ele tornou-se Chefe do Estado Maior do Exército em 1930, envolvendo-se como tal na expulsão de veteranos da Primeira Guerra que protestaram em Washington e também no estabelecimento no Corpo Civil de Conservação. MacArthur aposentou-se em 1937 e foi ser conselheiro militar para o governo filipino.

MacArthur voltou para o serviço em 1941 como comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos no Extremo Oriente. Os japoneses invadiram as Filipinas em dezembro, forçando-o a recuar para Bataan e depois fugir para a Austrália. Ele recebeu a Medalha de Honra por suas ações na defesa das Filipinas e lutou no Pacífico pelos dois anos seguintes até reconquistar as Filipinas. MacArthur oficialmente aceitou a rendição do Japão em 2 de setembro de 1945, supervisionando a ocupação do país até 1951. Ele liderou o Comando das Nações Unidas na Guerra da Coreia até ser removido do comando. MacAthur voltou para a vida particular e morreu de cirrose em 1964. Seu legado é em sua maior parte misto.

Início de vida[editar | editar código-fonte]

MacArthur enquanto era estudante da Academia Militar do Oeste do Texas, no final da década de 1890.

Douglas MacArthur nasceu no dia 26 de janeiro de 1880 em Little Rock, Arkansas, filho de Arthur MacArthur Jr. e Mary Pinkney Hardy.[1] Arthur Jr. era um capitão do Exército dos Estados Unidos filho do jurista e político escocês-americano Arthur MacArthur Sr.,[2] tendo lutado na Guerra de Secessão pela União e alcançado a patente de tenente-general.[3] Pinkney vinha de uma família proeminente de Norfolk na Virgínia.[1] Dois de seus irmãos tinham lutado pelos Estados Confederados durante a Gurra de Secessão, recusando-se a comparecer em seu casamento.[4] Arthur Jr. e Hardy tiveram três filhos: Malcolm, Arthur III e Douglas.[5] A família viveu em uma sucessão de postos do exército no Velho Oeste. As condições eram primitivas e Malcolm acabou adoecendo e morrendo em 1883.[6] MacArthur escreveu em suas memórias que "Eu aprendi a cavalgar e atirar antes mesmo de poder ler; de fato, quase antes de eu poder andar e falar".[7]

A família deixou o Velho Oeste em julho de 1889 e mudou-se para Washington, D.C.,[8] onde MacArthur cursou a Escola de Força Pública. Seu pai foi designado em setembro de 1893 para Santo Antônio no Texas, onde estudou na Academia Militar do Oeste do Texas.[9] MacArthur participou das equipes de tênis, futebol americano e basebol da escola. Ele foi o orador de sua turma e teve uma nota média final de 97,33% de cem.[10] Tanto seu pai quanto seu avô tentaram sem sucesso lhe conseguir uma nomeação para a Academia Militar dos Estados Unidos em West Point, primeiramente do presidente Grover Cleveland e depois do presidente William McKinley.[11] Após essas duas rejeições,[12] MacArthur teve aulas particulares com a professora Gertrude Hull.[13] Ele em seguida passou na prova por uma nomeação do deputado federal Theobald Otjen,[9] ficando com uma nota 93,3. MacArthur posteriormente escreveu que "Foi uma lição que eu nunca esqueci. Preparação é a chave para o sucesso e vitória".[14]

MacArthur entrou em West Point no dia 13 de junho de 1899.[15] O trote estava estabelecido em West Point na época, com ele e seu colega Ulysses S. Grant III sendo destacados por cadetes sulistas como filhos de generais. Uma investigação do congresso foi instaurada depois do cadete Oscar Booz ter deixado a academia após um trote e ter subsequentemente morrido de tuberculose. MacArthur foi convocado em 1901 a depor diante de um comitê do congresso, em que testemunhou contra cadetes implicados em trotes, porém diminuiu seu próprio trote mesmo com outros cadetes tendo dado a história completa. O congresso posteriormente criminalizou atos "de natureza assediante, tirânica, abusiva, vergonhosa, insultante ou humilhante", apesar dos trotes terem continuado.[16] Ele foi cabo da Companhia B em seu segundo ano, primeiro sargento da Companhia A em seu segundo ano e primeiro capitão em sua último ano.[17] MacArthur jogou no time de basebol e academicamente ganhou 2424,12 méritos de 2470 possíveis, equivalendo uma aprovação de 98,14%, a terceira maior nota já registrada em West Point, formando-se em 11 de junho de 1903 como primeiro de 93 homens.[18] Era costumeiro na época que os melhores cadetes fossem comissionados no Corpo de Engenheiros do Exército, assim MacArthur foi comissionado como segundo tenente.[19]

Oficial júnior[editar | editar código-fonte]

MacArthur em 1905.

MacArthur passou sua licença de graduação com os pais em Forte Mason na Califórnia, onde seu pai, agora major-general, estava servindo como comandante do Departamento do Pacífico. Ele depois disso juntou-se ao 3º Batalhão de Engenheiros, que partiu em outubro de 1903 para as Filipinas. MacArthur foi enviado para Iloilo, onde supervisionou a construção de um cais no Campo Jossman. Em seguida realizou pesquisas nas cidades de Tacloban, Calbayog e Cebu. Ele foi emboscado em novembro de 1903 por dois guerrilheiros ou foras da lei filipinos enquanto trabalhava em Guimaras, conseguindo matar ambos com sua pistola.[20] MacArthur foi promovido a primeiro tenente em abril de 1904.[21] Ele pegou malária e tinea cruris em outubro enquanto estava em Bataan, voltando para São Francisco, onde foi designado para a Comissão de Detritos da Califórnia e tornou-se o engenheiro chefe da Divisão do Pacífico em junho do ano seguinte.[22]

Ele recebeu ordens em outubro de 1905 para ir até Tóquio no Japão a fim de ser ajudante de campo de seu pai. Os dois inspecionaram bases japonesas em Nagasaki, Kōbe e Quioto, em seguida indo para a Índia através de Xangai, Hong Kong, Java e Singapura, alcançando Calcutá em janeiro de 1906. Pai e filho visitaram Madras, Tuticorin, Quettae Carachi, a Fronteira Noroeste e o Passo Khyber. Eles então partiram para a China por meio de Bangkok e Saigon, visitando Cantão, Qingdao, Pequim, Tianjin, Hankou e Xangai até retornarem ao Japão em junho. Os dois voltaram para os Estados Unidos no mês seguinte,[23] com MacArthur Jr. reassumindo seus deveres no Forte Mason enquanto seu filho continuou como seu ajudante. MacArthur recebeu ordens em setembro para apresentar-se ao 2º Batalhão de Engenheiros no Quartel de Washington e entrar na Escola de Engenharia. Lá ele também serviu como "um ajudante para auxiliar em funções da Casa Branca" a pedido do presidente Theodore Roosevelt.[24]

MacArthur foi enviado para o escritório de engenharia de Milwaukee, Wisconsin, onde seus pais estavam vivendo. Ele foi designado em abril de 1908 para o Forte Leavenworth no Kansas, onde recebeu seu primeiro comando, a Companhia K do 3º Batalhão de Engenheiros.[24] Tornou-se adjunto do batalhão em 1909 e depois oficial engenheiro do forte no ano seguinte. MacArthur foi promovido a capitão em fevereiro de 1911 e nomeado chefe do Departamento Militar de Engenharia e da Escola de Engenharia. Ele serviu no Panamá entre janeiro e fevereiro de 1912. A morte de seu pai em 5 de setembro de 1912 fez com que MacArthur e seu irmão Arthur voltassem para Milwaukee afim de cuidarem da sua mãe, cuja saúde tinha deteriorado-se. Ele pediu uma transferência para Washington para que sua mãe pudesse ficar perto do Hospital Johns Hopkins. O major-general Leonard Wood, Chefe do Estado Maior do Exército, levou a questão para Henry L. Stimson, o Secretário da Guerra, que fez com que MacArthur fosse designado para o Escritório do Chefe do Estado Maior.[25]

História[editar | editar código-fonte]

Durante a Primeira Guerra Mundial lutou na França, tendo sido considerado um dos maiores heróis do Corpo Expedicionário do Exército Norte Americano, sob o comando do general John J. Pershing, tendo recebido várias das mais altas condecorações Norte Americanas e Francesas.

Em 1930 foi o chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos em 1932, tendo sido duramente criticado pela repressão a veteranos de guerra, saindo do exército em 1937.

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, retornou para a frente de batalha, sendo nomeado chefe de operações no Sudeste Asiático, combatendo a expansão japonesa pelo Oceano Pacífico, onde comandou a reação americana.

O momento mais baixo deste período foi a retirada das Filipinas, na altura um protetorado do Estados Unidos, tendo fugido com a sua família, nos últimos dias de batalha. Os seus detractores nunca perdoaram esta fuga, enquanto os seus defensores argumentam que apenas por ordem direta do Presidente aceitou deixar as suas tropas. Em defesa destes, temos o fato de MacArthur ter sido posteriormente condecorado por Franklin Roosevelt com a mais alta condecoração militar de seu país, a Medalha de Honra do Congresso.

O seu nome ficará para sempre associado à reconquista das Filipinas por parte das tropas norte-americanas, cumprindo a sua famosa promessa de regresso "I Shall Return" efectuada dois anos antes.

A sua actuação ao longo destes anos, concedeu-lhe um lugar ímpar na história da Segunda Guerra Mundial, sendo considerado um dos maiores comandantes militares do século XX e um dos maiores militares norte-americanos de todos os tempos, tendo sido juntamente com o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, o General George Marshall, com o General Omar Bradley, e com o General Dwight D. Eisenhower os únicos generais de 5 estrelas do Exército dos Estados Unidos.

Em 1945, quando nomeado Chefe Supremo das Potências Aliadas, aceitou a rendição dos japoneses após a explosão das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Esta rendição teve um grande valor simbólico para os americanos, pois foi efectuada na baía de Tóquio a bordo do navio USS Missouri.

Foi nomeado Comandante Aliado no Japão após a guerra, ocupando o cargo até 1950. Quando a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul em 1950, os Estados Unidos entraram na guerra comandando a força militar das Nações Unidas. Foi nomeado comandante do Exército das Nações Unidas, tendo expulsado os invasores e atacada a Coreia do Norte, invadindo-a.

No entanto, a China passou a apoiar de forma veemente o Exército norte-coreano, permitindo ao mesmo suster a incursão das tropas aliadas conduzindo a guerra a uma situação de impasse, que conduziu a uma paz instável que dura até aos dias de hoje.

Em 1951, como comandante das forças da ONU, foi demitido por Truman, devido a desobediência de ordens do Presidente dos Estados Unidos.

Regressando ao seu País, o Partido Republicano tentou fazê-lo aceitar a candidatura à presidência dos Estados Unidos, que foi recusada.

Faleceu em 5 de abril de 1964, aos 84 anos, vítima de uma cirrose biliar primária.

Representação no cinema[editar | editar código-fonte]

No cinema, foi vivido pelo ator Gregory Peck no filme MacArthur de 1977. Foi vivido também pelo ator Tommy Lee Jones, no filme Imperador, de 2012. E em 2016 foi interpretado pelo ator Liam Neeson no filme Operação Chromite.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b MacArthur 1964, pp. 13–14
  2. MacArthur 1964, pp. 4–5
  3. James 1970, pp. 41–42
  4. Manchester 1978, p. 24
  5. James 1970, p. 23
  6. James 1970, p. 25
  7. MacArthur 1964, p. 15
  8. James 1970, p. 56
  9. a b MacArthur 1964, pp. 16–18
  10. James 1970, pp. 60–61
  11. James 1970, pp. 62–66
  12. Thompson, Paul (24 de julho de 2005). «Douglas MacArthur: Born to Be a Soldier». Voice of America. Consultado em 9 de junho de 2017. Cópia arquivada em 14 de agosto de 2009 
  13. «Gertrude Hull, Teacher, Dies; MacArthur Was Pupil». The Milwaukee Journal: M. 24 de março de 1947 
  14. James 1970, p. 66
  15. MacArthur 1964, p. 25
  16. James 1970, pp. 69–71
  17. James 1970, p. 79
  18. James 1970, p. 77
  19. Manchester 1978, pp. 60–61
  20. James 1970, pp. 87–89
  21. Manchester 1978, p. 65
  22. James 1970, pp. 90–91
  23. Manchester 1978, pp. 66–67
  24. a b James 1970, pp. 95–97
  25. James 1970, pp. 105–109

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • James, D. Clayton (1970). The Years of MacArthur: 1880–1941. 1. Boston: Houghton Mifflin. ISBN 0-395-10948-5 
  • MacArthur, Douglas (1964). Reminiscences of General of the Army Douglas MacArthur. Annapolis: Bluejacket Books. ISBN 1-55750-483-0 
  • Manchester, William (1978). American Caesar: Douglas MacArthur 1880–1964. Boston: Little, Brown. ISBN 0-440-30424-5 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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