Disgenia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Disgenia (também conhecido como cacogenia) é o declínio da prevalência de caracteristicas consideradas socialmente desejáveis ou bem adaptados ao meio ambiente em razão da pressão seletiva desfavorável a reprodução dessas características.[1]

O adjetivo "disgenia" é o antônimo de eugenia. Em 1915, o termo foi usado por David Starr Jordan para descrever o efeito supostamente deletério da guerra moderna na genética de grupos, considerando que existia uma tendência de eliminar os homens saudáveis enquanto preservava sujeitos deficientes.[2][3] Preocupações similares foram levantadas pelos primeiros eugenistas e darwinistas sociais durante o século XIX, e permaneceram recorrentes no debate público e científico ao longo do século XX.[4] Versões mais recentes da questão disgênica em populações humanas foram formuladas pelo controverso psicólogo Richard Lynn, notavelmente em seu livro de 1996, Dysgenics: Genetic Deterioration in Modern Populations, cuja tese era que a redução da pressão evolutiva e declínio da mortalidade infantil desde a Revolução Industrial resultaram numa crescente propagação de características deletérias e desordens genéticas.[5] Na cultura popular, a preocupação com a disgenia deu base à ficção especulativa, especialmente o filme de 2006 Idiocracia. Apesar da recorrência do tema, estudos genéticos não mostram evidências de efeitos disgênicos em populações humanas.[6][7][8][9]

O pensador do transumanismo, Nick Bostrom, menciona a disgenia entre os "riscos existenciais" em torno dos quais elabora sua teoria.[10]

Referências

  1. Rédei, George P. (2008). Encyclopedia of Genetics, Genomics, Proteomics, and Informatics, Volume 1. [S.l.]: Springer. 572 páginas. ISBN 978-1-4020-6755-6 
  2. Jordan, David Starr (2003). War and the Breed: The Relation of War to the Downfall of Nations Reprint ed. Honolulu: University Press of the Pacific. ISBN 978-1-4102-0900-9 
  3. Carlson, Elof Axel (2001). The Unfit: A History of a Bad Idea. [S.l.]: Cold Spring Harbor Laboratory Press. pp. 189–193. ISBN 9780879695873 
  4. Carlson, Elof Axel (2001). The Unfit: A History of a Bad Idea. [S.l.]: Cold Spring Harbor Laboratory Press. ISBN 9780879695873 
  5. Richard Lynn: Dysgenics: genetic deterioration in modern populations Westport, Connecticut. : Praeger, 1996., ISBN 978-0-275-94917-4.
  6. Fischbach, Karl-Friedrich; Niggeschmidt, Martin (2022). «Do the Dumb Get Dumber and the Smart Get Smarter?». Heritability of Intelligence. [S.l.]: Springer. pp. 37–39. ISBN 978-3-658-35321-6. doi:10.1007/978-3-658-35321-6_9. = 
  7. Conley, Dalton; Laidley, Thomas; Belsky, Daniel W.; Fletcher, Jason M.; Boardman, Jason D.; Domingue, Benjamin W. (14 de junho de 2016). «Assortative mating and differential fertility by phenotype and genotype across the 20th century». Proceedings of the National Academy of Sciences. 113:24 (24): 6647–6652. PMC 4914190Acessível livremente. PMID 27247411. doi:10.1073/pnas.1523592113Acessível livremente 
  8. Bratsberg, Bernt; Rogeberg, Ole (26 de junho de 2018). «Flynn effect and its reversal are both environmentally caused». Proceedings of the National Academy of Sciences. 115:26 (26): 6674–6678. PMC 6042097Acessível livremente. PMID 29891660. doi:10.1073/pnas.1718793115Acessível livremente 
  9. Neisser, Ulric (1998). The Rising Curve: Long-Term Gains in IQ and Related Measures. [S.l.]: American Psychological Association. pp. xiii–xiv. ISBN 978-1557985033. There is no convincing evidence that any dysgenic trend exists. . . . It turns out, counterintuitively, that differential birth rates (for groups scoring high and low on a trait) do not necessarily produces changes in the population mean. 
  10. «Understanding "longtermism": Why this suddenly influential philosophy is so toxic». Salon. 20 de agosto de 2022. Consultado em 13 de janeiro de 2023