Discriminação contra assexuais – Wikipédia, a enciclopédia livre

A discriminação contra pessoas assexuais (também conhecida como sexonormatividade,[1] alossexismo,[2][3] zednormatividade,[4] zedsexismo,[5] acefobia,[6][7] acemisia,[8] afobia[9][10] ou amisia)[11] abrange uma série de atitudes, comportamentos e sentimentos negativos em relação à assexualidade ou pessoas que se identificam como parte do espectro assexual. Sentimentos ou caracterizações negativas em relação à assexualidade incluem desumanização, a crença de que a assexualidade é uma doença mental, que assexuais não podem sentir amor e a recusa em aceitar a assexualidade como uma orientação sexual genuína. Às vezes, assexualidade é confundida com celibato ou abstinência.[12] Às vezes, as pessoas assexuais enfrentam crimes de ódio, e a discriminação contra elas foi comparada à de outras minorias sexuais.[13][14][15]

Houve esforços para combater a discriminação anti-assexual através de legislação ou educação (como oficinas assexuais).[16][17]

Classificação[editar | editar código-fonte]

Comportamentos e atitudes considerados discriminatórios incluem a ideia de que a assexualidade é uma doença mental, que a assexualidade é uma fase ou uma escolha, a ideia de que as pessoas assexuais não podem sentir amor e aquelas que fazem as pessoas se sentirem desumanizadas.[7][18][19][20] Aspectos de discriminação experimentados podem depender de outras partes da identidade de alguém.[21] Em fevereiro de 2019, a assexualidade é pouco compreendida; em uma pesquisa da Sky News, 53% das 1.119 pessoas questionadas se sentiram confiantes na definição de assexualidade, mas 75% o fizeram incorretamente ou pensaram que as pessoas assexuais simplesmente não tinham libido.[22]

Em 2011, o ativista LGBT Dan Savage afirmou que assexualidade é uma escolha, a descreveu como "a escolha de não ter relações sexuais", e considerou indigno de atenção,[23][24] e Ruth Westheimer, uma terapeuta sexual, foi criticada por sua visão de que a capacidade de se ter orgasmos anula a assexualidade.[25] Em 2015, ela também foi criticada por implicar que assexualidade é um problema que precisa de solução.

As pessoas assexuais cuja assexualidade foi aceita apenas porque não há outra explicação para a falta de interesse em atividade sexual passaram a ser conhecidas como "assexuais inexpugnáveis".[26] Atitudes descrentes em relação à assexualidade podem deixar as pessoas com medo de sair do armário.

Uma pesquisa LGBT de 2017 realizada pelo Governo do Reino Unido descobriu que, embora apenas dois por cento de seus mais de 108.000 entrevistados sejam assexuais, eles têm a satisfação média de vida mais baixa (com pansexuais) comum de qualquer orientação sexual entre os entrevistados cisgêneros, que assexuais são o grupo LGBT menos confortável no Reino Unido (entre os respondentes cisgêneros) e 89% (a maior porcentagem de qualquer grupo pesquisado) dos respondentes assexuais cisgêneros relutam em estar abertos por medo de reações negativas.[14]

Discriminação social[editar | editar código-fonte]

Assexuais podem ser socialmente discriminados devido a crenças de que a heterossexualidade é a sexualidade padrão ou que assexuais são realmente pessoas gays ou lésbicas em negação.[19][27] Sabe-se também que os espaços assexuais discriminam com base na idade.[26] A amato-normatividade (normalizações acerca do romance como um sentimento superior) e o monossexismo (ideia de que só se pode se relacionar com um gênero) podem também afetar assexuais.[28][29]

A assexualidade tem sido vista como uma piada.[30] Dois estudos descobriram que as pessoas assexuais são mais desumanizadas do que heterossexuais, homossexuais e bissexuais, sendo frequentemente comparadas a animais ou robôs devido à sua sexualidade.[31][13][32] Um estudo diferente, no entanto, encontrou poucas evidências de discriminação séria contra assexuais por causa de sua assexualidade.[33] Outro estudo mostra que assexuais, pansexuais e demissexuais vivenciam mais ansiedade e depressão, quando comparados com alossexuais (não-assexuais) e monossexuais, além de considerarem mais o suicídio.[34][35]

Tendo emergido mais recentemente como uma identidade, as pessoas assexuais geralmente têm menos proteção legal do que gays, lésbicas e bissexuais[36] embora em Nova York, a Lei de Não Discriminação da Orientação Sexual classifique assexuais como uma classe protegida.[37] Sabe-se também de pessoas assexuais sofreram estupro corretivo.[38][23] Elas podem ser pressionados a se envolver em atividade sexual e a procurar um médico para "consertar" sua assexualidade.[39] Uma pesquisa de 2015 constatou que 43,5% das quase 8000 pessoas assexuais pesquisadas haviam se deparado com violência sexual.[26] Há um equívoco de que as pessoas assexuais nunca estão em situações sexuais e, portanto, não podem ser agredidas sexualmente.

Alguns, como o sociólogo Mark Carrigan, acreditam que a discriminação assexual tem mais a ver com marginalização, e que muito disso é resultado de uma falta de entendimento e visibilidade da assexualidade.[40][41] Há também controvérsia sobre a inclusão de assexualidade nos guarda-chuvas LGBT e queer para uma variedade de razões, incluindo a crença de que assexuais não sentem opressão semelhante a homo, bi e transfobia[24][23] e a crença de que queer como uma termo calunioso/pejorativo só pode ser reivindicado por aqueles que historicamente foram oprimidos por ele.[42]

Discriminação institucionalizada[editar | editar código-fonte]

Em algumas jurisdições, os casamentos podem ser anulados se não forem ‘‘legitimados’’ pela consumação.[43] Isso foi visto como discriminatório para assexuais.[44] Sabe-se também que os programas de educação sexual nas escolas discriminam assexuais.[45][46]

No início de 2015, a Rússia aprovou uma lei que proíbe, entre outros, pessoas com "distúrbios de preferência sexual" de obterem carteiras de motorista. A Associação dos Advogados Russos de Direitos Humanos declarou que proibia efetivamente as pessoas assexuais de dirigir.[47]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Oliveira, Elisabete Regina Baptista de (6 de março de 2015). «Minha vida de ameba: os scripts sexo-normativos e a construção social das assexualidades na internet e na escola» 
  2. «What is allosexism?» (em inglês) 
  3. «Understanding Allosexism» 
  4. «» O que é orientação sexual?». Consultado em 21 de agosto de 2021 
  5. «» Lista de sistemas opressivos» 
  6. «The Culture of Sexuality: Identification, Conceptualization, and Acculturation Processes Within Sexual Minority and Heterosexual Cultures». Utah State University 
  7. a b «Here are the 11 biggest asexual myths busted». Gay Star News 
  8. «A look at the Asexual Aromantic Alliance and who they are». Iowa State Daily 
  9. «Asexuality Is All the Rage». Vice 
  10. «Anything but lacking». The McGill Daily 
  11. Morgan Lev Edward Holleb (2019). The A-Z of Gender and Sexuality: From Ace to Ze. Jessica Kingsley Publishers. [S.l.: s.n.] ISBN 9781784506636 
  12. «Asexuality isn't celibacy or abstinence. Here's what it is — and isn't». CNN 
  13. a b Gordon Hodson. «Intergroup bias toward "Group X": Evidence of prejudice, dehumanization, avoidance, and discrimination against asexuals» (PDF). Asexual awareness week 
  14. a b «National LGBT Survey: Summary report». Gov.uk 
  15. «Acephobia & Anti-asexual hate crime – Galop» (em inglês) 
  16. 147 http://issuu.com/brunswickan/docs/full_paper_e64b2dff0192c0. It’s important to talk about asexuality because it’s often an overlooked sexual identity, and acephobia – discrimination against asexual people – is experienced by many asexual people.  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  17. Joelle Ruby Ryan, "On Being Asexual and Transgender: Notes on Identity, Visibility, and Empowerment", in Trans Bodies, Trans Selves: A Resource for the Transgender (ed. Laura Erickson-Schroth), Oxford University Press (2014), ISBN 9780199325368, page 367 "I now give asexual workshops, screen the film (A)sexual with a postfilm discussion, and try to have conversations with my friends and colleagues about asexual identity and acephobia
  18. «Let's Talk About Pride! How To Make Intersectional Spaces At Pride». ComicsVerse 
  19. a b «Aces Show Their Hand - What Is Asexuality And Why You Should Know About It». Huffington Post 
  20. «Making Something Out of Nothing: Asexuality and Narrative». Loyola University Chicago 
  21. Harrad, ed. (2016). Purple Prose: Bisexuality in Britain. Thorntree Press LLC. [S.l.: s.n.] ISBN 9780996460170 
  22. «Three-quarters of people can't define asexuality». PinkNews 
  23. a b c «Asexuals Shouldn't Be Excluded From Queer Spaces, Especially Pride». Pride 
  24. a b «LGBT, Asexual Communities Clash Over Ace Inclusion». Huffington Post 
  25. «Dr. Ruth is wrong about asexuals: It's a legitimate sexual orientation, not a problem to be solved». Salon.com 
  26. a b c «When You're An Asexual Assault Survivor, It's Even Harder To Be Heard». Buzzfeed News 
  27. Nicole Wiesenthal. The Mirror. 3 http://issuu.com/themirrormag/docs/mirror_fall2014_final_small. Closely linked to homophobia, biphobia, transphobia and acephobia  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  28. «5 Ways Amatonormativity Sets Harmful Relationship Norms For Us All» (em inglês). 8 de abril de 2016 
  29. «Monosexism: The System That Groups And Oppresses Asexual, Pansexual, and Bisexual People» (em inglês). 27 de julho de 2015 
  30. «ACES An Asexual Interview». Huffington Post 
  31. «Prejudice Against "Group X" (Asexuals)». Psychology Today 
  32. Julie Sondra Decker (2015). The Invisible Orientation: An Introduction to Asexuality. Simon and Schuster. [S.l.: s.n.] ISBN 9781510700642 
  33. Gazzola, Stephanie B, and Melanie A. Morrison. "Asexuality: An emergent sexual orientation". Sexual Minority Research in the New Millennium.
  34. «Ace Infographic» (PDF) 
  35. Borgogna, Nicholas C.; McDermott, Ryon C.; Aita, Stephen L.; Kridel, Matthew M. (2019). «Anxiety and depression across gender and sexual minorities: implications for transgender, gender nonconforming, pansexual, demisexual, asexual, queer, and questioning individuals». Psychology of sexual orientation and gender diversity (em inglês). 6 (1): 54–63. ISSN 2329-0382. doi:10.1037/sgd0000306 
  36. «"Parliament doesn't recognise my sexuality": Britain's first openly asexual candidate, George Norman, speaks to Vision». York Vision 
  37. «The Sexual Orientation Non-Discrimination Act ("SONDA")». Office of the Attorney General 
  38. «Battling Asexual Discrimination, Sexual Violence And 'Corrective' Rape». Huffington Post 
  39. «Former asexual person reveals experiences: 'partners pushed me to go to the doctor to get 'fixed'». The Independent 
  40. «What is it like to be asexual?». BBC News 
  41. «Asexual students on identity, experiences of intolerance». The Rocky Mountain Collegian 
  42. «Can Straight People Be Queer? - An increasing number of young celebrities are labeling themselves 'queer.' But what does this mean for the queer community?». Vice Media 
  43. «Compulsory Sexuality». Columbia University 
  44. «Divorcing Marriage from Sex: Radically Rethinking the Role of Sex in Marriage Law in the United States». opo.iisj.net 
  45. «5 Things You Can Do Right Now to Support the Asexual Youth in Your Life». Everyday Feminism 
  46. «What It Feels Like To Be Asexual In A Sex-Obsessed World». Marie Claire 
  47. «Vladimir Putin bans transsexuals from driving». The Daily Telegraph