Dialeto brasiliense – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dialeto brasiliense
Falado(a) em:  Distrito Federal
Total de falantes: aprox. 3 milhões de falantes
Posição: Não se encontra entre os 100 primeiros
Família: Indo-europeia
 Língua portuguesa
  Português brasileiro
   Dialeto brasiliense
Estatuto oficial
Língua oficial de: sem reconhecimento oficial
Regulado por: sem regulamentação oficial
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

O dialeto brasiliense, ou candango,[1] é um dialeto do português brasileiro, que tem como região geográfica falante a cidade de Brasília e também a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno.[2][3][4]

Este dialeto é resultante dos fluxos migratórios ocorridos a partir de 1955, quando se iniciou a construção da nova capital.[3] Esses fluxos de migrantes trouxeram para a capital brasileira várias formas de falar o português (de todo o terrítório brasileiro).[3] A miscigenação de todos os costumes de fala do Brasil criou um dialeto neutro,[5] ou como alguns consideram, o "sotaque branco",[2] por representar em si todas as formas de falar do Brasil.[6]

Gramática[editar | editar código-fonte]

Índice de segunda pessoa[editar | editar código-fonte]

No dialeto brasiliense, tem havido um ressurgimento do uso de tu como índice de segunda pessoa, ao lado do índice mais comum no Brasil, você. Aquele índice, contudo, só é usado em situações discursivas que conotam solidariedade ou pertencimento a um grupo, principalmente entre adolescentes do sexo masculino das regiões administrativas do Distrito Federal (mas não entre esses adolescentes e as adolescentes do sexo feminino, por exemplo). Em todos os casos, a conjugação segue a terceira pessoa (tu foi, tu disse, etc.).[7]

Léxico[editar | editar código-fonte]

  • Balão = Rotatória
  • Bandeirante = Núcleo Bandeirante
  • Baú = Ônibus
  • Biscoito = Bolacha
  • Bloco = Prédio residencial
  • Cabuloso = Impressionante
  • Camelo = Bicicleta
  • Candanga = Candangolândia
  • Careta = Cigarro
  • Catiar = Zombar
  • Chegado = Amigo
  • Colado = Amigo íntimo
  • Curtir um peso = Ouvir rap ou hip hop
  • De rocha = Sério, de verdade
  • Dim-Dim = Chupa-Chupa, geladinho
  • Eixão = Eixo Rodoviário de Brasília
  • Eixinho = Vias paralelas ao Eixão
  • Embaçado = Deu ruim
  • Esparro = Algo ou alguém exagerado
  • Estriquinado = Maluco
  • Flor do Cerrado = Torre de TV Digital de Brasília
  • Gel = Cerveja
  • Ímpares = Quadras 100, 300, 500, 700 e 900 do Plano Piloto
  • Lixeiro = Gari
  • Lombrado = Alucinado
  • Lupa = Olhos / Óculos
  • Mandioca = Aipim, macaxeira
  • Nos pano = Bem vestido
  • Paia = Algo chato, ruim
  • Pão de Sal = Pão francês
  • Parada = Parada de ônibus, ponto de ônibus
  • Pardal = Radar de trânsito
  • Pares = Quadras 200, 400, 600 e 800 do Plano Piloto
  • Pedera = Otário
  • Pegar o beco = Ir embora
  • Peita = Camisa
  • Pelejou = Tentou, brigou
  • Pivete = Menino de rua
  • Plano = Plano Piloto
  • Quebra-mola = Lombada
  • Rodô = Rodoviária do Plano Piloto
  • Satélite = Cidade-satélite
  • Semáforo = Sinaleira, Farol
  • Se pá = Se der certo
  • Sinal = Sinaleira, Farol
  • Taguá = Taguatinga
  • Tesourinha = Trevo
  • Tesourinha = Retorno feito pela Tesourinha
  • Torre = Torre de TV de Brasília
  • Torre Digital = Torre de TV Digital de Brasília
  • Véi = Vocativo usado entre amigos, "Meu", "Cara", "Mano"
  • Zebrinha = Micro-ônibus, originalmente com listras verticais nas laterais

Referências

  1. «Letras de Brasília». O Globo 
  2. a b «Sotaque branco». Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília. Consultado em 1 de outubro de 2012. Arquivado do original em 17 de maio de 2016 
  3. a b c «Sem traços estereotipados, o sotaque do brasiliense começa a ser desenhado». Correio Brasiliense 
  4. MELO, Djalma Cavalcante. «Brasília já tem o seu dialeto». Universia Brasil 
  5. VELLASCO, Ana Maria de Moraes Sarmento (2006). Um Estudo Sociolingüístico-Interacional da Linguagem dos Jovens Candangos. Brasília: Ed. Universidade de Brasília 
  6. «A solidão dividida em blocos». Veja Online. Consultado em 1 de outubro de 2012. Arquivado do original em 29 de novembro de 2012 
  7. Scherre, Maria M. P.; Dias, Edilene; Andrade, Carolina; Lucca, Nívia N. G.; Andrade, Adriana L. V. G. (2011). «Tu, você, cê e ocê na variedade brasiliense». Papia: Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares. 21 (3)  [ligação inativa]