Dia da Mulher Negra – Wikipédia, a enciclopédia livre

O quadro Uma negra

O Dia da Mulher Negra é o dia 25 de julho, instituído pelo governo do Brasil pela Lei n.º 12.987/2014 em 2014. A data do Dia da Mulher Negra foi inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha (dia 31 de julho), criado em julho de 1992. O Dia da mulher negra é comemorado desde o início do século XXI. Essa data também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso durante o século XVIII. Em comemoração, são realizadas audiências públicas, festivais, seminários, conferências e feiras, entre outras atividades, que têm por objetivo reafirmar a identidade, a história e a luta das mulheres negras brasileiras. Lembram que o Brasil foi em grande parte construído através, por cima e com sacrifício da mulher negra, que foi ama, babá, escrava, amante e prostituta para gerações de brasileiros, assim como também em vários outros países.[1] A chegada das mulheres africanas marcou a formação social brasileira. Na escravidão mulher negra sofreu uma dupla exploração, além der ser escravizada sofrendo da violência inerente a esse sistema ela foi também explorada sexualmente como amante, objeto de estupros e prostituta.[2][3][4] Além disso, essas mulheres trouxeram tradições ancestrais que influenciaram a língua, os costumes, a alimentação, a medicina e a arte, além de introduzirem métodos agrícolas, vários produtos e valores coletivos no Brasil.

Cenário[editar | editar código-fonte]

A importância da existência de um dia específico para as mulheres negras, diferente do Dia Internacional da Mulher se dá por conta das especificidades das condições da mulher negra, histórica e socialmente. Por exemplo, uma das lutas mais importantes do feminismo universal, foi o direito de trabalhar fora de casa sem a necessidade da autorização do marido, uma condição que as mulheres racializadas desconhecem historicamente, pois o trabalho faz parte da sua realidade desde a escravidão. A força de trabalho das mulheres negras era tão explorada quanto a dos homens de mesma raça, e quando eram destinadas ao trabalho nas plantações, exigia-se delas a mesma produtividade dos homens. Ser mãe em tempo integral, dona de casa e ter um marido como provedor financeiro do lar nunca foi uma questão para as mulheres negras de uma maneira geral.[5]

Atualmente, as mulheres negras ainda vivenciam uma condição muito distante da ideal. Elas sofrem mais violência obstétrica, abuso sexual e homicídio – de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil. Além disso, elas continuam compondo a base da desigualdade de renda, em 2018 elas recebiam em média menos da metade do salário de homens brancos (44,4%) que ocupam o topo da pirâmide salarial no Brasil. Em comparação com as mulheres brancas, a diferença salarial é de 70%. Mulheres negras ganham menos que os homens negros, que ganham menos que mulheres brancas, que ganham menos que homens brancos. Além disso, elas são preteridas pelos meios de comunicação, nos cargos de chefia e possuem uma baixa representatividade na política.[6][7]

No Brasil – que tem o maior índice de feminicídio na América Latina -, a presidente Dilma Rousseff transformou a data em comemoração nacional. Aqui, desde 2014, comemora-se em 25 de julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em homenagem à líder quilombola que viveu no século 18. O Dia da Mulher Negra não é apenas um dia de celebração, mas de luta marcado por diversos eventos e protestos. Por todo território nacional ocorrem marchas de que podem chegar a reunir 30 mil pessoas.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Dia da mulher negra é comemorado em todo o país
  2. Gil Freyre: Casa-Grande & Senzala, 48. tiragem, Recife, 2003, p.537 ff. No internet aqui.
  3. Renata Maria Coimbra Libório, Sônia M. Gomes Sousa: A exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, Sao Paulo, 2004, p. 242ss. No internet aqui.
  4. Clóvis Moura: Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, Sao Paulo, 2004, p. 327ss, no internet aqui.
  5. Davis, Angela (2016). Mulheres, raça e classe. [S.l.]: Boitempo 
  6. a b «As origens do Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha». Geledés. 24 de julho de 2017. Consultado em 19 de julho de 2020 
  7. Mendonça, Heloísa (13 de novembro de 2019). «Mulheres negras recebem menos da metade do salário dos homens brancos no Brasil». EL PAÍS. Consultado em 19 de julho de 2020 
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