Diáspora brasileira – Wikipédia, a enciclopédia livre

Diáspora brasileira
Mapa da diáspora brasileira ao redor do mundo.
População total
Regiões com população significativa
4,2 milhões ao redor do mundo[1]
(estimativa em 2020)
 Estados Unidos 1 775 000
Portugal Portugal 276 200
 Paraguai 240 000
 Reino Unido 220 000
 Japão 211 138
 Itália 161 000
 França 157 200
Espanha 156 439
 Alemanha 144 120
 Canadá 121 950
 Argentina 89 020
Suíça 75 800
Guiana Francesa 72 300
 Austrália 56 610
 Irlanda 50 000
Uruguai 43 412
 Bélgica 40 000
 Bolívia 39 258
 Países Baixos 32 252
Suriname 30 000
Líbano 21 000
 Chile 18 185
 Colômbia 18 071
 Suécia 16 814
Guiana 15 800
 Israel 15 000
 Angola 15 000
 Venezuela 11 800
 China 10 106
Línguas
português
Religiões
cristianismo (católico
protestante)
Irreligião
Grupos étnicos relacionados

A diáspora brasileira é composta por brasileiros que emigraram para outros países, um fenômeno impulsionado principalmente por problemas econômicos e sociais que afligiram o Brasil principalmente no final da ditadura militar e, mais recentemente, na crise econômica de 2014. A emigração ocorrida a partir dessa crise, conforme Pedro Brites, "representa a maior diáspora da história brasileira".[2]

Motivos para a diáspora[editar | editar código-fonte]

Historicamente, o Brasil recebia imigrantes de todas as partes do mundo. Em sua história recente, todavia, o país se tornou exportador de gente, em vez de importador.[2]

O Brasil tornou-se um país de emigração na década de 1980, o que quer dizer que mais pessoas passaram a sair do país do que a entrar. Entre 1980 e 1990, o país teve uma perda líquida de aproximadamente 1,8 milhão de pessoas, correspondendo a 1,6% da população residente no Brasil em 1990. A maioria dos brasileiros que deixaram o país na década de 1980 não voltou, dando início à diáspora brasileira. Entre 1991 e 2000, o saldo migratório também foi negativo, estimado em 550 mil pessoas, respondendo a 0,4% da população brasileira em 2000. No ano 2000, o número de emigrantes brasileiros, segundo dados estimativos do Itamaraty, era de 2 milhões, número que subiu para 3,7 milhões, em 2008.[3]

Pesquisadores ressaltam que os emigrantes não pertencem às camadas mais pobres da sociedade, uma vez que se mudar para o exterior exige dispender considerável volume de recursos que não são acessíveis à grande parte da população. Trata-se, em grande medida, de uma classe média empobrecida que, sofrendo com a redução de nível de renda, busca em países mais desenvolvidos (em particular Estados Unidos, Japão e países da Europa) maiores oportunidades de ascensão social.[3]

Para Pedro Brites, professor da Fundação Getulio Vargas, há três motivos principais para a diáspora recente (da crise de 2014 até hoje):[2]

  1. Econômicos
  2. Instabilidade política
  3. Violência urbana crônica.[4][5]

Demografia[editar | editar código-fonte]

Quantidade de declarações de saída definitiva do Brasil, de 2011 a 2018. Essa elevação no número de emigrantes deveu-se principalmente à crise econômica de 2014 e à falta de segurança. (Fonte:Receita Federal.[6])

Segundo estimativas do Ministério das Relações Exteriores, havia até 2022 cerca de 4,5 milhões de brasileiros que vivem no exterior, concentrados principal e respectivamente nos Estados Unidos (1.900.000), Portugal (360.000), Paraguai (254.000), Reino Unido (220.000), Japão (206.990), Espanha (165.000), Alemanha (160.000), Itália (157.000) e Canadá (133.170). O departamento ultramarino francês da Guiana Francesa abrigava, sozinho, até 2022, por volta de 91.500 brasileiros.[7]

América do Norte[editar | editar código-fonte]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros nos Estados Unidos

Segundo o Itamaraty, há mais de 1 milhão de brasileiros morando nos Estados Unidos, sendo que 475.000 deles estão na Flórida (notadamente em Miami e Orlando). As principais concentrações estão em Nova York, Massachusetts, Nova Jersey, Connecticut, Geórgia, Flórida e Califórnia.[7]

A rua West 46th tem sido historicamente um centro comercial de brasileiros que vivem ou visitam a cidade de Nova York. Em 1995, a cidade a reconheceu oficialmente como a "Little Brazil Street."

Em Massachusetts, há uma concentração muito significativa de imigrantes brasileiros na cidade de Framingham, que nos últimos anos tem se espalhado para as cidades vizinhas de Marlborough e Hudson, entre outras. Na comunidade brasileira é dito que Framingham e Pompano Beach, na Flórida, têm as maiores concentrações de brasileiros nos Estados Unidos. As comunidades brasileiras nessas cidades são vibrantes, tendo contribuído muito para a cultura e a gastronomia local, mas os imigrantes brasileiros muitas vezes se sentem discriminados e são muitas vezes considerados imigrantes ilegais por seus vizinhos não-brasileiros.[8]

Um número desproporcional de brasileiros que emigraram para os Estados Unidos vieram da cidade de Governador Valadares, no estado de Minas Gerais.[9]

Canadá[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros no Canadá

Há uma estimativa de 121.950 brasileiros que vivem no Canadá.[1] As principais concentrações estão em Toronto, Montreal, Vancouver e Calgary.

México[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Imigração brasileira no México

Os brasileiros residentes no México são principalmente empresários, comerciantes, modelos, escoltas, atletas, estudantes, acadêmicos e cientistas. Há grandes comunidades brasileiras na Cidade do México, Guadalajara, Monterrey, Puebla e Ensenada. Existe também uma presença brasileira em Riviera Maya. Esta comunidade em 2009 era formada por 4 532 pessoas.[10][11]

América Central e Sul[editar | editar código-fonte]

Argentina[editar | editar código-fonte]

Até o final de 2020, mais de 89 000 brasileiros viviam na Argentina, sendo que o país contabilizou um aumento de 80,81% no número de imigrantes brasileiros entre os anos de 2016 e 2017. Há um número crescente de estudantes brasileiros que buscam as universidades argentinas para cursar o ensino superior, sobretudo na área de medicina. As principais colônias brasileiras estão na capital, Buenos Aires, seguida por Córdova, Mendoza e nas fronteiriças Paso de los Libres e Puerto Iguazú.[12]

Bolívia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros na Bolívia

Cerca de 18 600 brasileiros viviam na Bolívia, mais de um terço ilegalmente, de acordo com os registros do Ministério do Exterior brasileiro em 2006. Cerca de 13 000 deles vivem na região da planície que faz fronteira com o Brasil.[13]

Paraguai[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasiguaios

Brasileiros e seus descendentes que vivem no Paraguai são chamados "brasiguaios" e são estimados em mais de 240 000 pelo Itamaraty.[1] Esta numerosa comunidade está envolvida principalmente na agricultura e possui vários lotes de terras no país sul-americano.

Uruguai[editar | editar código-fonte]

Em 2022, conforme relatório do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, aproximadamente 59.090 brasileiros residiam no Uruguai.

Europa[editar | editar código-fonte]

Reino Unido[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros no Reino Unido

O Censo de 1991 registrou 9 301 brasileiros nascidos no Reino Unido[14] e o Censo de 2001 registrou 15 215.[15] Em 2004, o Consulado do Brasil em Londres tinha 13 000 brasileiros registrados como vivendo no Reino Unido.[14] O Office for National Statistics estimativas sugerem que havia 56 000 pessoas nascidos no Brasil residentes no Reino Unido em 2008.[16] Em 2020, o Itamaraty estimou em 220 000 residentes, a comunidade de brasileiros no Reino Unido.[1]

França[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros na França

Itália[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros na Itália

Alemanha[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros na Alemanha

Portugal[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros em Portugal

Espanha[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros na Espanha

Oriente Médio e Ásia[editar | editar código-fonte]

Japão[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Brasileiros no Japão

A maioria dos brasileiros que vivem no Japão são de ascendência japonesa e eles têm migrado para lá desde a década de 1980. Em 2021, o Itamaraty estimou que mais de 211.000 brasileiros vivam no arquipélago japonês. A maioria vive nas cidades de Nagóia com 122.448, de Tóquio com 57.537 e Hamamatsu com 31.153. [1] Em 2022, o número estimado de brasileiros vivendo no Japão caiu para 206.990 em relação ao ano anterior.[7]

China[editar | editar código-fonte]

Segundo maior destino de brasileiros na Ásia, segundo levantamento de 2021 do Itamaraty, o país possui mais de 10 000 brasileiros, concentrados principalmente na cidades de Cantão com 2.500 pessoas, seguido de Xangai com 2 083 e Hong Kong com 700 pessoas. [1] Em 2022, o número de brasileiros vivendo na China caiu para 5.940 em relação a 2021, segundo cálculos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.[7]

Oriente Médio[editar | editar código-fonte]
Israel[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Judaísmo no Brasil

Segundo maior destino de brasileiros para o oriente médio, segundo levantamento de 2021 do Itamaraty, com 15 000 brasileiros residentes, com a maioria deles vivendo na cidade de Tel Aviv.[1] Isso principalmente se deve, a uma grande comunidade judaica no Brasil que principalmente fugiu de conflitos e perseguições da Europa para o Brasil entre anos de 1920 e 1939.

Palestina[editar | editar código-fonte]

Terceiro maior destino de brasileiros para o oriente médio, segundo levantamento de 2021 do Itamaraty, a palestina possui cerca de 6 000 brasileiro com contato com o Escritório de Representação do Brasil em Ramalá.

Oceania[editar | editar código-fonte]

Austrália[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brasileiros na Austrália

Aproximadamente 46.630 brasileiros residiam na Austrália em 2022, segundo estimativas do Ministério das Relações do Brasil, com os nacionais brasileiros concentrando-se principalmente nas cidades de Sydney (32.955) e Canberra (13.675).[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g Ministério das Relações Exteriores, ed. (1 de Julho de 2021). «Comunidade Brasileira no Exterior - Estimativas referentes ao ano de 2020» (PDF). Consultado em 7 de maio de 2022 
  2. a b c «Brasil vive o maior êxodo de sua história – DW – 13/12/2021». dw.com. Consultado em 14 de dezembro de 2021 
  3. a b Brzozowski, Jan (1 de agosto de 2012). «International migration and economic development». Estudos Avançados. 26 (75): 137–156. doi:10.1590/S0103-40142012000200009 – via SciELO 
  4. «Crise e violência levam brasileiros a se mudar para o Canadá». O Globo. 11 de junho de 2017 
  5. «O êxodo dos brasileiros - ISTOÉ Independente». ISTOÉ Independente. 21 de agosto de 2015 
  6. Luiz Guilherme Gerbelli (3 de abril de 2019). «Cresce número de brasileiros que decidem viver no exterior; países oferecem oportunidades de emprego». G1. Consultado em 25 de outubro de 2019 
  7. a b c d e «Comunidade brasileira no exterior – Estatísticas 2022». Ministério das Relações Exteriores. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  8. The Massachusetts Legal Services Diversity Coalition (2004). «Brazilian Immigration». Consultado em 7 de novembro de 2012. Arquivado do original em 29 de setembro de 2007 
  9. UOL, ed. (2 setembro de 2010). «"Exportadora" de imigrantes, Governador Valadares (MG) combate ação de aliciadores». Consultado em 20 de fevereiro de 2015 
  10. «Estadísticas históricas de México 2009» (PDF) (em espanhol). Consultado em 27 de julho de 2015. Arquivado do original (PDF) em 1 de fevereiro de 2016 
  11. «Censo de Población y Vivienda 2010» (PDF) (em espanhol). Consultado em 27 de julho de 2015. Arquivado do original (PDF) em 15 de novembro de 2011 
  12. «Em crise, Argentina vê migração de brasileiros crescer 80,8% em um ano». R7.com. 5 de novembro de 2018. Consultado em 19 de março de 2019 
  13. «Bolivia's Nationalism Threatens Property of Brazilian Settlers» (em inglês). Bloomberg. Consultado em 28 de julho de 2015 
  14. a b Burton, Guy (Julho de 2004). «It's tough being Brazilian in the UK». Brazzil. Consultado em 5 de abril de 2010 
  15. «Country-of-birth database». Organisation for Economic Co-operation and Development. Consultado em 5 de abril de 2010 
  16. «Table 1.3: Estimated population resident in the UK, by foreign country of birth, 60 most common countries of birth, January 2008 to December 2008». Office for National Statistics. Consultado em 5 de abril de 2010. Arquivado do original em 5 de junho de 2011