Depressão tropical 04F (2009) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Depressão tropical 04F
Depressão tropical (Escala Aus)
Tempestade tropical (SSHWS)
imagem ilustrativa de artigo Depressão tropical 04F (2009)
A depressão tropical 04F em 4 de janeiro
Formação 4 de janeiro de 2009
Dissipação 12 de janeiro de 2009

Ventos mais fortes sustentado 10 min.: 45 km/h (30 mph)
sustentado 1 min.: 35 km/h (25 mph)
Pressão mais baixa 994 hPa (mbar); 29.35 inHg

Fatalidades 11 diretas, 1 desaparecida
Danos 43 milhões de dólares (valores em 2009)
Áreas afectadas Fiji
Parte da Temporada de ciclones no Pacífico sul de 2008-09

As enchentes em Fiji em 2009 ocorreram em 10 de janeiro de 2009, dias após a depressão tropical 04F ter atingido a Divisão do Oeste, na ilha de Viti Levu, em Fiji.[1] A área atingida pelo ciclone costuma ser a região mais seca do arquipélago. As enchentes causaram 11 fatalidades, incluindo três adolescentes.[2][3] Seis pessoas morreram afogadas nas inundações, e um deslizamento de terra matou outras duas.[1] Em algumas áreas, as inundações passaram de três metros de altura.[4]

História meteorológica[editar | editar código-fonte]

O caminho de 04F

Em 4 de janeiro de 2009, o Centro Meteorológico Regional Especializado de Nadi começou a monitorar uma área de perturbações meteorológicas que tinha se formado sobre o Oceano Pacífico sul, a leste do arquipélago de Vanuatu.[5] Naquele momento, o centro ciclônico de baixos níveis da perturbação estava situado numa região com baixo cisalhamento do vento.[5] As áreas de convecção profunda associadas ao sistema estavam persistindo por mais de 12 horas, porém, o sistema ainda estava muito desorganizado.[5] Nas primeiras horas (UTC) de 5 de janeiro, a perturbação já tinha se organizado suficientemente para ser declarado como uma depressão tropical pelo CMRE de Nadi. Naquele momento, boa parte das áreas de convecção profunda associadas à depressão estava deslocada para o quadrante norte da circulação ciclônica.[5] Durante a manhã seguinte, o centro ciclônico de baixos níveis da depressão estava exposto e livre de nuvens, e suas áreas de convecção profunda associadas estavam escassas e desorganizadas.[6]

Durante as primeiras horas de 7 de janeiro, o Joint Typhoon Warning Center (JTWC) disse que o sistema apresentava uma grande, porém desorganizada circulação ciclônica de baixos níveis, mas dotada de áreas de convecção profunda.[7] Segundo o JTWC, a depressão estava situada numa região com cisalhamento do vento moderado a forte, e que por esse motivo, não se esperava o desenvolvimento do sistema.[7] Durante a madrugada de 8 de janeiro, a depressão se dissipou, segundo o JTWC.[8] Porém, o CMRE de Nadi manteve a emissão de avisos regulares sobre o sistema, e disse que a depressão estava sendo impactada por cisalhamento do vento moderado, que deslocava praticamente todas as áreas de convecção profunda associadas ao sistema no quadrante leste da circulação ciclônica.[9] Além disso, o CMRE de Nadi retirou a classificação "tropical" da depressão, e disse que o sistema estava adquirindo características extratropicais.[9][10] Naquele momento, a depressão começou a afetar Fiji. Porém, o CMRE de Nadi emitiu seu aviso final sobre o sistema.[9] A depressão voltou a se reorganizar, e o CMRE de Nadi voltou a emitir avisos regulares sobre o sistema no dia seguinte, que atingiu seu pico de intensidade, com ventos máximos sustentados de 75 km/h, e uma pressão central mínima de 994 hPa.[11] Ainda naquele dia, a depressão deixou a área de responsabilidade do CMRE de Nadi para adentrar a área de responsabilidade do Centro de Aviso de Ciclone Tropical (CACT) de Wellington, Nova Zelândia.[11] A depressão continuou a seguir para sudoeste durante os dois dias seguintes, e o CACT de Wellington emitiu seu aviso final sobre o sistema em 12 de janeiro.[12]

Preparativos e impactos[editar | editar código-fonte]

A depressão trouxe chuvas torrenciais para as divisões do Norte, Central e do Oeste de Fiji, entre 8 de 10 de janeiro.[13] Cerca de 6.000 pessoas tiveram que deixar as suas residências para irem a 114 abrigos.[14][15] Além disso, as linhas telefônicas foram cortadas,[2] e muitas rodovias ficaram intransitáveis pela enchente.[16] Plantações de cana-de-açúcar, um importante produto agrícola de Fiji, foram grandemente afetadas.[4] Frank Bainimarama, o primeiro-ministro em exercício de Fiji, declarou estado de emergência nas regiões afetadas, e disse que o governo estava trabalhando de forma diligente para contribuir nos esforços de ajuda.[15] Devido ao estado de emergência, houve toques de recolher obrigatórios em várias grandes cidades para evitar as tentativas de saques.[15] Pelo menos 600 turistas, a maior parte da Nova Zelândia, ficaram impossibilitados de sair do país devido às enchentes.[17]

Após a tempestade[editar | editar código-fonte]

A Austrália doou cerca de 3 milhões de dólares australianos para auxiliar nos esforços de ajuda. A doação foi feita em duas parcelas: a primeira, no valor de 1 milhão de dólares australianos, teve como objetivo a assistência imediata, e a segunda, no valor de 2 milhões, teve como objetivo a assistência em médios e longos prazos.[18] A AusAID doou cerca de 200.000 dólares para auxiliar os trabalhos de recuperação da infraestrutura de escolas do país, além de contribuir para um fundo criado para auxiliar as escolas que foram atingidas pelas enchentes.[19] A Nova Zelândia também doou cerca de 4 milhões de dólares neozelandeses para o fundo criado para receber doações internacionais.[20] O governo neozelandês contribuiu com mais 3 milhões para a reconstrução de longo prazo, e separou 80.000 dólares neozelandeses para ajudar nas necessidades educacionais da população nas áreas mais afetadas pela depressão.[20] A União Europeia também doou cerca de 1 milhão de dólares para Fiji, também com o objetivo de reconstruir escolas, além de ajudar a pagar mensalidades escolares de famílias de Fiji, que estavam obrigadas a pagar.[21] Os governos do Reino Unido, China, França, Tonga, Coreia do Sul e Samoa também contribuíram com pequenas quantias, totalizando cerca de 152.000 dólares.[22] Os governos de Papua-Nova Guiné, Nova Caledônia e Índia também contribuíram com pequenas quantias para auxiliar nos esforços de reconstrução, totalizando 700.000 dólares em doações.[22] A Embaixada dos Estados Unidos em Fiji e a Cruz Vermelha da China também doaram cerca de 60.000 dólares em mantimentos para ajudar nos esforços de reconstrução.[22]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Floods in Fiji kill 8; thousands seek shelter». AP (em inglês). 12 de janeiro de 2009. Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  2. a b «New Zealand to give 100,000 NZ dollars for Fiji flood relief». Xinhua (em inglês). 12 de janeiro de 2009. Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  3. «Fiji flooding death toll climbs». BBC (em inglês). 14 de janeiro de 2009. Consultado em 16 de janeiro de 2009 
  4. a b «Flooded Fiji declares emergency». Al Jazeera (em inglês). 12 de janeiro de 2009. Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  5. a b c d «Tropical Disturbance Summuary 04-01-2009 21z». Serviço Meteorológico de Fiji (em inglês). 4 de janeiro de 2009. Consultado em 13 de janeiro de 2009 
  6. «Tropical Disturbance Summuary 06-01-2009 09z». Serviço Meteorológico de Fiji (em inglês). 6 de janeiro de 2009. Consultado em 31 de janeiro de 2009 
  7. a b «Significant Tropical Weather Advisory for the western and south Pacific oceans». Joint Typhoon Warning Center (em inglês). 7 de janeiro de 2009. Consultado em 7 de janeiro de 2009 
  8. «Significant Tropical Weather Advisory for the western and south Pacific oceans». Joint Typhoon Warning Center (em inglês). 8 de janeiro de 2009. Consultado em 6 de fevereiro de 2009 
  9. a b c «Tropical Disturbance Summary 08-01-2009 21z». Serviço Meteorológico de Fiji (em inglês). 8 de janeiro de 2009. Consultado em 31 de janeiro de 2009 
  10. «Tropical Cyclone Operational Plan for the south Pacific and southeast Indian ocean» (PDF). Organização Meteorológica Mundial (em inglês). 2008. Consultado em 7 de fevereiro de 2009 
  11. a b «Marine Weather Bulletin 09-01-2009 18z». Serviço Meteorológico de Fiji (em inglês). 9 de janeiro de 2009. Consultado em 7 de fevereiro de 2009 
  12. «Marine Weather Bulletin 12-01-2009 18z». Serviço Meteorológico de Nova Zelândia (em inglês). 12 de janeiro de 2009. Consultado em 7 de fevereiro de 2009 
  13. United Nations Office for Cordination and Humantarian Affairs (13 de janeiro de 2009). «Fiji: Floods Situation Report No. 1» (PDF). Reliefweb (em inglês). Consultado em 7 de fevereiro de 2009 
  14. «Six feared dead in Fiji flooding». BBC (em inglês). 12 de janeiro de 2009. Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  15. a b c Veisamasama, Malakai (12 de janeiro de 2009). «Storm-hit Fiji declares state of emergency». Washington Post (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  16. Dart, Jonathan (13 de janeiro de 2009). «Fiji floods kill eight, strand thousands». Sydney Morning Herald (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  17. Burgess, Dave (12 de janeiro de 2009). «Fiji floods strand Kiwis». The Dominion Post (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2009 
  18. Stephen Smith (16 de janeiro de 2009). «Further Australian assistance for Fiji floods». Reliefweb (em inglês). Consultado em 6 de fevereiro de 2009 
  19. Filipe Bole (5 de fevereiro de 2009). «AusAID assistance for flood-affected schools». Reliefweb (em inglês). Consultado em 6 de fevereiro de 2009 
  20. a b Murray McCully (2 de fevereiro de 2009). «Further $3 million for Fiji flood relief». Reliefweb (em inglês). Consultado em 6 de fevereiro de 2009 
  21. Filipe Bole (27 de janeiro de 2009). «$2m assistance from EU for flood affected schools». Reliefweb (em inglês). Consultado em 6 de fevereiro de 2009 
  22. a b c United Nations Office for Cordination and Humantarian Affairs (30 de janeiro de 2009). «Fiji: Floods Situation Report No. 5» (PDF). Reliefweb (em inglês). Consultado em 6 de fevereiro de 2009