Culto cristão – Wikipédia, a enciclopédia livre

O culto tem sido considerado, pela maioria dos cristãos, como o ato central de identidade cristã através da história. Muitos teólogos cristãos têm definido a humanidade como homo adorans, ou seja, "o homem que cultua", significando assim que o culto a Deus é central para se compreender, pois eles não acreditam em Deus.

No Cristianismo, na Igreja Ortodoxa e em alguns ramos (Igrejas Altas) do Anglicanismo e do Luteranismo, o culto de adoração a Deus é prestado na liturgia: ato do homem que adora (ação ascendente) e do Deus que salva (ação descendente).

O termo liturgia deriva do grego "ergosleitor" (ação do povo), onde os dotados de posses praticavam filantropia para com os necessitados e estes, agradecidos, louvavam tais atos. Coisa semelhante acontece na liturgia: Deus santifica e concede graças ao homem e este, em gratidão, o adora e serve, alcançando assim a sua salvação eterna, principalmente através da sua participação, por graça divina, dos méritos do sacrifício de Cristo na cruz. Este sofrimento e sacrifício redentor e supremo é renovado pela Eucaristia e celebrado na Missa.

Daí que o culto é celebrado de forma solene, seguindo uma ordem estrita de serviço e centrada precisamente na Missa, mais precisamente na Eucaristia. Segue-se um Lecionário contendo as orações e leituras para cada dia do ano litúrgico.

Igreja Católica[editar | editar código-fonte]

Procissão em Salta, Argentina.

Na Igreja Católica, para além do culto de adoração a Deus (latria), existe também o culto de veneração aos Santos (dulia) e à Virgem Maria (hiperdulia)[1]. Estes dois cultos, sendo o último mais importante, são muito diferentes, mas ambos são expressos através da liturgia, que é o culto oficial e público da Igreja Católica, e também através da piedade popular, que é o culto católico privado.

Dentro da piedade popular, que é de certo modo facultativa, destacam-se indubitavelmente as devoções; enquanto que na liturgia, destaca-se a Missa (de frequência obrigatória aos Domingos e festas de guarda) e a Liturgia das Horas.[2] A Igreja permite também a veneração de imagens e de relíquias sagradas de Cristo, dos Santos e da Virgem Maria. Mas, no caso das relíquias, elas têm de ser primeiro autenticadas pela Igreja, para que a sua veneração seja autorizada.

Tradição Luterana[editar | editar código-fonte]

O culto luterano, tem suas raízes na Missa pré-tridentina revista por Martinho Lutero em seu Formula Missae de 1523 e sua Deutsche Messe (" Missa Alemã "), de 1526.[3] Além disso, seu desenvolvimento foi através da Kirchenordnungen ("ordens da igreja") dos séculos XVI e XVII que seguiram a tradição de Lutero. O termo Missa foi utilizado pelos primeiros luteranos onde ( a Confissão de Augsburgo afirma que " nós não abolimos a missa , mas religiosamente a mantemos e a defendemos. " [4].

O culto Luterano é litúrgico e segue Liturgia pré-estabelecida, com ordens e leituras previamente definidas.

Tradição Reformada[editar | editar código-fonte]

Desde a publicação do livro de Martinho Lutero O Cativeiro Babilônico da Igreja, as Igrejas Reformadas redirecionaram o culto cristão, baseando-se na leitura e exposição da Palavra, seja por meio de hinos ou sermões.[5] A música é solene, geralmente acompanhada por órgão, ou em alguns casos de corais e orquestras. A participação coletiva da congregação é encorajada: a igreja canta em uníssono, recitam confissões de fé, fazem leituras responsivas. Os rituais são mais simples, desprovidos de paramentos, são sóbrios e buscam a adoração divina.

O Culto Tradicional tem um conteúdo programático mas não tão ritualístico quanto o estilo Litúrgico, antes seria um estilo de semilitúrgico.

O que chamamos de culto tradicional surgiu logo após o fim da Idade Média. Foi uma correção do estilo de culto medieval, visando corrigir os seus abusos.

Durante os séculos XVI e XVII desenvolveu-se um estilo litúrgico modificado, tanto na Suíça quanto na Inglaterra. Esses cultos, menos estruturados que aqueles planejados por Lutero e Cranmer, foram os precursores dos cultos tradicionais em nossos dias.

João Calvino(1500-1564) foi o líder da Reforma em Genebra e suas considerações quanto ao culto eram que a Santa Ceia servia como ferramenta para exortação da igreja e não como ritual elaborado e que o Culto precisava ser recebido com fé para se obter a graça de Deus advinda dele. A liturgia deveria seguir três normas: Cantar somente salmos e não hinos, acompanhado só de melodia e não harmonia; a pregação exegética era obrigatória em todos os cultos semanais.

Igrejas evangélicas[editar | editar código-fonte]

Mostra sobre a vida de Jesus em Igreja da Cidade, afiliada com a Convenção Batista Brasileira, São José dos Campos, Brasil, 2017

Nas igrejas evangélicas, o serviço é visto como um ato da adoração de Deus.[6] Nas igrejas do ramo pentecostal e neopentecostal, não há liturgia e a concepção do serviço de adoração é mais informal.[7] Normalmente é dirigido por um pastor cristão. Geralmente contém duas partes principais, o louvor (música cristã) e o sermão, e periodicamente a Santa Ceia.[8][9][10][11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Wainwright,Geoffrey; Westerfield Tucker, Karen Beth (ed.)The Oxford history of Christian worship
  • Webber,Robert E. Worship Old and New
  • White, James F. Introduction to Christian Worship
  • White, James F.A Brief History of Christian Worship
  • Wainwright,Geoffrey; Westerfield Tucker, Karen Beth (ed.)The Oxford history of Christian worship

Referências

  1. BITTENCOURT, Estevão Tavrares. Católicos perguntam. São Paulo: o Mensageiro de Santo Antônio, 1997
  2. William J. Collinge, Historical Dictionary of Catholicism, Scarecrow Press, USA, 2012, p. 280
  3. J. Gordon Melton, Encyclopedia of Protestantism, Infobase Publishing, USA, 2005, p. 345
  4. article 24 Augsburg Confession
  5. J. Gordon Melton, Encyclopedia of Protestantism, Infobase Publishing, USA, 2005, p. 345
  6. Gerald R. McDermott, The Oxford Handbook of Evangelical Theology, Oxford University Press, UK, 2013, p. 311
  7. Roger E. Olson, The Westminster Handbook to Evangelical Theology, Westminster John Knox Press , UK, 2004, p. 284
  8. Bruce E. Shields, David Alan Butzu, Generations of Praise: The History of Worship, College Press, USA, 2006, p. 307-308
  9. Robert Dusek, Facing the Music, Xulon Press, USA, 2008, p. 65
  10. Gaspard Dhellemmes, Spectaculaire poussée des évangéliques en Île-de-France, lejdd.fr, França, 7 de junho de 2015
  11. Michael Lee, The Diffusion and Influence of Contemporary Worship, christianitytoday.com, USA, 18 de março de 2017