Coptas – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Copta.
Coptas
ⲟⲩⲣⲉⲙ'ⲛⲭⲏⲙⲓ 'ⲛ'Ⲭⲣⲏⲥⲧⲓ'ⲁⲛⲟⲥ
Monges coptas em Jerusalém (entre 1898 e 1914 )
População total

Estimativas entre 5 e 20 milhões[1]

Regiões com população significativa
Áreas tradicionais 5 a 20 milhões
 Egito 5 a 20 milhões [3]
 Sudão c. 500 000 [4]
 Líbia 60 000 [5]
Diáspora: 1 a 2 milhões
 Estados Unidos c. 200 000 – 1 milhão [6][7][8][9][10]
 Canadá c. 200 000 [1][11]
 Austrália c. 75 000 (2003) [12]
 França c. 45 000 (2017) [13]
 Itália c. 30 000 [14]
 Reino Unido 25 000 – 30 000 (2006) [15]
 Emirados Árabes Unidos c. 10 000 [16]
 Jordânia 8 000+ (2005) [17]
 Quénia 8 000+ lower
 Líbano 3 000–4 000 (2012) [18]
 Alemanha 3 000 [carece de fontes?]
 Áustria 2 000 (2001) [19]
 Suíça 1 000 (2004) [20]
 Israel 1 000 (2014) [21]
Línguas
Copta (língua litúrgica e ancestral), Árabe egípcio, Árabe saidi, árabe
Religiões

Igreja Ortodoxa Copta (predominantemente)
Igreja Católica Copta

Protestantismo

Os coptas[22] ou coptos[22] (em copta: ⲟⲩⲣⲉⲙ'ⲛⲭⲏⲙⲓ 'ⲛ'Ⲭⲣⲏⲥⲧⲓ'ⲁⲛⲟⲥ, ou.Remenkīmi en.Ekhristianos, literalmente: "cristão egípcio") são egípcios cujos ancestrais abraçaram o cristianismo no século I.[23] Formam um dos principais grupos etno-religiosos do país.

A origem da palavra será egípcia. No seu original no antigo egípcio, ḥut-ka-ptaḥ (Templo da Alma de Ptá)[24][25], era um endónimo para Egito. No grego antigo, toma a forma Aigýptios (Αἰγύπτιος), e também é usado Kóptos/Κόπτος a partir de "kbt" (pronunciado G[è]bt{o} no egípcio antigo),[26] nome de uma antiga cidade. E daí, o grego influencia as formas de falar nativas ao Egito, surgindo kuptaion/ⲕⲩⲡⲧⲁⲓⲟⲛ (em copta - ou egípcio - saídico) e aiguption/ⲁⲓⲅⲩⲡⲧⲓⲟⲛ (em copta boaírico). No árabe clássico surge então qubṭ / qibṭ قبط para se referir aos egípcios em geral, porém passou por uma mudança semântica ao longo dos séculos, e passou a se referir mais especificamente aos cristãos egípcios depois que a maior parte da população egípcia se converteu ao Islã (após o século VII).[27] Atualmente, o termo é principalmente aplicado aos membros da Igreja Ortodoxa Copta,[28] independente de sua origem étnica; assim, cristãos etíopes e eritreus (bem como núbios, até sua conversão ao islã) eram tradicionalmente chamados de coptas - embora este costume esteja sendo abandonado gradualmente, desde que as chamadas Igrejas Tewahedo Etíope e Eritreia passaram a ter seus próprios patriarcas e a ser independentes em relação à Igreja Ortodoxa Copta.

Inscrições em copta e árabe numa igreja antiga do Cairo

A população copta cristã do Egito é a maior comunidade cristã do Oriente Médio.[29] Os cristãos representam cerca de 10% a 20% de uma população de mais de 80 milhões de egípcios,[30][31][32][33][34][35][36][37][38][39][40][41] embora as estimativas variem (ver Religião no Egito). Cerca de 90% dos coptas pertencem à Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria, nativa do país.[38][39] Os cerca de 800 mil restantes[40] estão divididos entre as Igrejas Católica Copta e a Protestante Copta.

Perseguição e Discriminação[editar | editar código-fonte]

O número de coptas dentro do Egito vem declinando devido às altas taxas de emigração entre a comunidade e também porque, "todos os anos, milhares de coptas tornam-se muçulmanos apenas para, aparentemente, escaparem ao estatuto social inferior, ou para desposar uma mulher muçulmana, já que o Alcorão proíbe que muçulmanas se casem com judeus ou cristãos".[42] A Human Rights Watch notou "crescente intolerância religiosa" e violência sectária contra os cristãos coptas nos últimos anos, e a falha do governo egípcio em investigar de forma adequada e processar os responsáveis.[43][44] Centenas de coptas egípcios foram mortos em confrontos sectários de 2011 a 2017, e muitos lares e empresas foram destruídos. Em apenas uma província (Minya), 77 casos de ataques contra os coptas entre 2011 e 2016 foram documentados pela Egyptian Initiative for Personal Rights.[45]

Mosteiro de Santo Antão, Egito.

Acontece de mulheres e meninas coptas serem raptadas, forçadas a se converter-se ao Islão e casar com homens muçulmanos. Em 2009, o grupo Christian Solidarity International, baseado em Washington, publicou um estudo sobre os raptos e casamentos forçados e a angústia sentida pelas jovens porque o retorno ao cristianismo é contra a lei. Outras alegações de sequestro organizado de coptas, tráfico e envolvimento de policiais continuam em 2017.[46][47][48]

Em abril de 2010, um grupo bipartidário de 18 membros do Congresso dos EUA expressou preocupação ao Departamento de Tráfico de Pessoas do Departamento de Estado sobre mulheres coptas que enfrentaram "violência física e sexual, cativeiro ... exploração em servidão doméstica forçada ou exploração sexual comercial, e benefício financeiro para os indivíduos que garantem a conversão forçada da vítima. "[49]

A questão copta foi a origem do corte de relações temporário entre a Universidade de Al Azhar, e o Vaticano, após declarações públicas do Papa Bento XVI para que a liberdade religiosa fosse mais respeitada e protegida no Egito, a propósito do ataque contra uma Igreja Copta em Alexandria no Ano Novo em 2011. Ahmed al-Tayeb considerou que esta foi uma interferência inadmissível nos assuntos internos do Egito. Mais tarde, Al Tayeb avisou o Núncio Apostólico para o Egipto, Jean -Paul Gobel, que apresentar o Islã a uma luz negativa é uma "linha vermelha" que não deve ser ultrapassada.[50][51][52][53]

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Coptas

Referências

  1. a b «Coptic Orthodox Christmas to be low-key – Tight security: On alert after bombing in Egypt». Montreal Gazette. 4 de janeiro de 2011. Consultado em 5 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 23 de fevereiro de 2011 
  2. «Egyptian Coptic protesters freed». BBC. 22 de dezembro de 2004 
  3. Contagens oficiais estimam o número de coptas entre 10-15% da população of the population, enquanto alguns coptas alegam valeres superiores a 23 porcento.[2]«Egypt». The World Factbook. CIA. Consultado em 27 de agosto de 2010 , Khairi Abaza; Mark Nakhla (25 de outubro de 2005). «The Copts and Their Political Implications in Egypt». The Washington Institute. Consultado em 27 de agosto de 2010  «?». United Copts of Great Britain. 29 de outubro de 2008. Consultado em 27 de agosto de 2010  «?». العربية.نت. Consultado em 27 de agosto de 2010. Arquivado do original em 3 de junho de 2010  Khairi Abaza; Mark Nakhla (25 de outubro de 2005). «The Copts and Their Political Implications in Egypt». Consultado em 27 de agosto de 2010 
  4. Minority Rights Group International, World Directory of Minorities and Indigenous Peoples – Sudan : Copts, 2008, available at: http://www.unhcr.org/refworld/docid/49749ca6c.html [accessed 21 December 2010]
  5. Kjeilen, Tore. «Coptic Church». LookLex Encyclopedia. Consultado em 30 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
  6. 2009 American Community Survey, U.S. Census Bureau "All Egyptians including Copts 197,160"
  7. According to published accounts and several Coptic/US sources (including the US-Coptic Association), the Coptic Orthodox Church has between 700,000 and one million members in the United States (c. 2005–2007). «Why CCU?». Coptic Credit Union. Consultado em 21 de junho de 2009 
  8. «Coptics flock to welcome 'Baba' at Pittsburgh airport». Pittsburgh Tribune (2007). Consultado em 21 de junho de 2009. Arquivado do original em 19 de março de 2009 
  9. «State's first Coptic Orthodox church is a vessel of faith». JS Online (2005). Consultado em 21 de junho de 2009. Arquivado do original em 21 de agosto de 2011 
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  11. Limited, Elaph Publishing. «إجراءات أمنية إستثنائية تسبق إحتفالات "اقباط العالم" بعيد الميلاد». @Elaph. Arquivado do original em 7 de janeiro de 2011 
  12. In the year 2003, there was an estimated 70,000 Copts in New South Wales alone: «Coptic Orthodox Church (NSW) Property Trust Act 1990». New South Wales Consolidated Acts 
  13. In the year 2017, there was an estimated 45,000 Copts in France: «Qui sont les coptes en France ?». La Croix. 16 de março de 2017 
  14. «La Chiesa copta». 10 de março de 2014 
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  23. M. Ibrahim, Youssef (18 de abril de 1998). «"U.S. Bill Has Egypt's Copts Squirming"». New York Times. Consultado em 8 de outubro de 2008 
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  27. "O povo do Egito, antes da conquista árabe do século VII, identificavam a si próprios e ao seu idioma, em grego, como Aigyptios (em árabe qibt, ocidentalizado como "copta"); quando os egitos muçulmanos cessaram, posteriormente, de se chamarem de Aigyptioi, o termo tornou-se o nome específico da minoria cristã." Coptic Orthodox Church. Encyclopædia Britannica. 2007
  28. A Igreja Ortodoxa Copta é uma igreja ortodoxa oriental, isto é, uma igreja cristã que, por não aceitar o Concílio de Calcedónia, não está em comunhão com a Igreja Ortodoxa nem com a Igreja Católica
  29. Cole, Ethan (8 de julho de 2008). «Egypt's Christian-Muslim Gap Growing Bigger». The Christian Post. Consultado em 2 de outubro de 2008 
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  32. «"The Copts and Their Political Implications in Egypt"». Washington Institute for Near East Policy. 25 de outubro de 2005 
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  37. NLG Solutions Arquivado em 24 de março de 2016, no Wayback Machine. <Online>. Egypt. visitado em 28-9-2008.
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  48. «Egypt: ex-kidnapper admits 'they get paid for every Coptic Christian girl they bring in'». World Watch Monitor (Arquivado em WebCite). 14 de Setembro de 2017 
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  52. «Pope Francis' Letter To Grand Imam Of Al-Azhar Calls For Mutual Understanding Between Christians And Muslims». Huffington Post. 18 de Setembro de 2013 
  53. Franklin, Lawrence A. (27 de Abril de 2017). «The Pope's Pilgrimage to Al-Azhar». Gatestone Institute 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Courbage, Youssef and Phillipe Fargues. Judy Mabro (Translator) Christians and Jews Under Islam, 1997.
  • Denis, E. (2000). Cent ans de localisation de la population chrétienne égyptienne. Astrolabe(2).
  • Kamil, Jill. Coptic Egypt: History and a Guide. Revised Ed. American University in Cairo Press, 1990.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]